sexta-feira, 26 de julho de 2013

SECULT – O mandonismo de PC em xeque

Diante da Secult fechada, o protesto contra o mandonismo.

Na faixa o clamor que Paulo Chaves insiste em ignorar.
Nazareno: a comovente solidariedade, apesar do câncer.
No Parque da Residência fechado, apenas os seguranças.
        Uma política cultural efetivamente democrática, implementada sob a preocupação social que deve balizar as ações do poder público e uma criteriosa utilização dos recursos públicos, descartada, a priori, a permanência de Paulo Chaves, o PC, à frente da Secult, a Secretaria de Estado de Cultura, cujo mapa de crenças é descrito como a antítese do elenco de reivindicações postuladas. Em resumo, esta é a inspiração do conjunto de artistas, técnicos e produtores culturais que na manhã desta quinta-feira, 25, promoveram um novo e ruidoso protesto diante do Parque da Residência, a antiga residência governamental, que hoje abriga a sede da Secult, fazendo ressoar mais intensamente o movimento Chega!, de repúdio ao imobilismo da administração Paulo Chaves, emblemática da letárgica gestão do governador tucano Simão Jatene. A manifestação incluiu graves denúncias de corrupção na concessão de subvenções pela Secretaria de Estado de Cultura, o que associa a suspeita de improbidade administrativa, de forma inequívoca, a PC. A pretensão dos manifestantes, que planejavam ocupar a sede da secretaria, foi abortada por Chaves, que dispensou os servidores, cancelou o expediente e simplesmente manteve fechado o Parque da Residência. Ele sequer permitiu o acesso do público ao concorrido Restô do Parque, que integra a rede de restaurantes Pomme D’Or e assim, por imposição do secretário, permaneceu fechado para o almoço, sempre mais concorrido, devido ao sistema de bufê, de preços bem mais em conta que os do jantar, servido à la carte.
        A truculência de Chaves, a pretexto da segurança que o caráter pacífico do protesto nem de longe sugeriu ameaçar, incluiu a breve observação por viaturas da Rotam, a Ronda Tática Metropolitana da Polícia Militar, a força policial destinada a ocorrências de maior potencial de risco. Constatada improcedência da preocupação, restou a presença de três PMs nas proximidades da manifestação, enquanto dentro do Parque da Residência permaneciam a postos, inicialmente visivelmente tensos, os seguranças particulares da empresa que presta serviços à Secult. Diante dos portão principal do Parque da Residência concentraram-se os manifestantes, que estenderam suas faixas, exibiram bonecos cênicos e revezaram-se em manifestações de repúdio à postura autoritária de Chaves, tudo sob o animado repertório de um conjunto de músicas regionais. O protesto foi arrematado pela leitura do manifesto do movimento Chega!, feita por Ronaldo Rosa, cineasta, diretor de fotografia, fotógrafo still e produtor cultural. Ronaldo Rosa foi precedido por Nazareno Tourinho, que teve uma comovente participação no protesto, do qual participou ativamente, fazendo um tocante depoimento, a despeito do câncer, diante do qual tem uma sobrevida estimada em dois anos. Premiado autor teatral, Nazareno Tourinho, que é também jornalista e membro da Academia Paraense de Letras, aproveitou para fazer a distribuição da edição de “Quintino Bom de Briga Defensor dos Sem Terra”, peça teatral, para ser representada ou lida, na definição do próprio autor.

        Foi difícil, para quem presenciou a manifestação, conter a emoção diante da participação de Nazareno Tourinho. Enquanto Paulo Chaves exilava-se em sua insana soberba, Tourinho, apesar da saúde debilitada, marcava presença e expressava sua indignação, diante da iniqüidade oficial. A doença devastadora rouba-lhe a saúde, hoje exigindo o amparo de uma bengala, mas, apesar da adversidade, ele preserva incólume a dignidade, que não lhe permite temer a posteridade, impiedosa com os canalhas.

2 comentários :

Anônimo disse...

O movimento “Chega” tem de continuar sistematizando, qualificando e fortalecendo o debate público e democrático sobre a ampliação de acesso e controle social à Cultura genuinamente Popular, já que essa não pressupõe “meritocracia”. A Luta é legitima e vem no sentido de romper a muralha tucana e elitista erguida em volta dos setores públicos que promovem a cultura, isolando-a, principalmente, do Povo excluído e privilegiando um pequeno grupo de “sortudos e iluminados”. Para isso é necessário continuar indo pras ruas com uma quantidade maior de artista e simpatizantes, unificando-se a outras manifestações populares. Outra, é acionar as instâncias de controle e fiscalização, como o MPF, MPE, OAB, AGE, sociedade civil organizada, parlamentares comprometidos com a causa e a imprensa (menos a ORM do rominho) e, evidentemente, os Blog e redes sociais, para direcionarem suas lupas e mecanismo de controle nas contas da SECULT, SECOM,FUNTELPA, Fundação Tancredo Neves e lei SEMEAR, pra trazer à luz solar as manipulações e direcionamentos desses recursos públicos, implementadas pelos Tucanos, já que ainda não tivemos informação de prestação de contas públicas. Isso tem de ser realizado pra sabermos se houve direcionamento e privilégios. Que chamem pra prestarem contas o Paulo Chaves, Jatene, Nilson Chaves, Paulo Chaves, Adelaide, Lucinha Bastos, Alex Fiúza, Ney Messias, dentre outros burocratas. Se tais ações foram consequentes, constatar-se-á que muralha tucana é frágil, pois está erguida em solo movediço.
Aliás, o PSDB insiste numa política falida, que não represanta os interesses do povo e sim de seu grupo e de seus puxa-sacos.

Alberto Silva Neto disse...

Paulo Chaves já se aproxima dos 16 anos à frente do cargo de secretário de Cultura do Pará, numa gestão com extensão certamente sem precedentes no resto país. E, ainda, sob forte rejeição da classe de artistas e produtores, como atestam não apenas este movimento Chega! como outros tantos ocorridos ao longo desses anos. Como dizia Luís Otávio Barata: até quando???