O
manifesto do movimento Chega! é
contundente em suas denúncias. O documento é incisivo ao assinalar o tráfico de
influência identificado na distribuição das subvenções, privilegiando os
apaniguados dos atuais inquilinos do poder, a pretexto de uma suposta
“meritocracia”. Como exemplo desse desvio são citados o Festival de Óperas e o
Terruá Pará. Mais grave ainda, o documente alude a suspeitas de “corrupção nos trâmites de patrocínio, via Lei Semea”,
cobrando a apuração das denúncias nesse sentido. “A continuidade dessa prática
perniciosa é insustentável. Assim como é insuportável a conduta, ou a falta
dela, diante das denúncias de corrupção nos trâmites de patrocínio, via Lei
Semear”, enfatiza o manifesto. E questiona: “Por que não há investigação?”
No manifesto, os integrantes do
movimento Chega! repelem a acusação
de intransigência. “Isto não é verdade. Há décadas o Governo do Estado,
representado pelo secretário de Cultura Paulo Chaves Fernandes, recusa-se
continuamente ao diálogo com artistas, produtores culturais e técnicos de todo
o Estado”, proclamam. “O movimento Chega!
nasceu da insatisfação perante a imoralidade e a ilegalidade de desmandos na
área cultural, defendidos publicamente, como agora”, acrescentam. A palavra de
ordem “Fora Paulo Chaves”, esclarecem, é conseqüência da própria postura
autocrática do secretário de Cultura. “Tornou-se pré-requisito pela falta de
diálogo que o próprio Paulo Chaves impõe com posturas apartadas dos movimentos
coletivos e que não cabem a um representante oficial de Estado, muito menos de
Cultura, onde a diversidade reina. Técnicos, artista e produtores culturais
sempre estiveram abertos ao diálogo e o secretário Paulo Chaves manteve
ouvidos, boca e as portas fechadas. Há denúncias e reivindicações não
consideradas, há mais de 20 anos. Agora, quem acreditaria em ‘diálogo com Paulo
Chaves’?”, indagam, irônicos.
Segue
abaixo, na íntegra, o manifesto do movimento Chega!
“MOVIMENTO CHEGA!
“ESCLARECIMENTO
PÚBLICO
“As declarações oficiais do Governo do
Estado do Pará sobre o Movimento CHEGA! não contribuem para o debate político
cultural, permanecendo débeis, com tentativas de confundir e manipular a
opinião pública. A exemplo: afirmar que o Movimento “não quer dialogar”. Isto
não é verdade. Há décadas o Governo do Estado, representado pelo secretário de
cultura Paulo Chaves Fernandes, recusa-se continuamente ao diálogo com
artistas, produtores culturais e técnicos de todo o Estado.
“O Movimento CHEGA! posiciona-se contra
esta atitude do Governo, que acusa o Movimento de querer “financiar as vontades
de pequenos grupos”. O Governo é pontual e preferencialmente à favor de EVENTOS
de pequenos grupos, com verbas exorbitantes, sem o conhecimento e o controle
social. Por isso, o Movimento utiliza o Festival de Ópera e o Terruá Pará como
exemplos emblemáticos dessas ações que são pontuais.
“Ainda segundo as declarações oficiais,
“toda política cultural é seletiva” e a seleção deve seguir critérios
“meritocráticos”. Essa preocupante defesa da meritocracia demonstra claramente
a prática governamental e vai contra a Ordem Social e as bases da Política
Cultural, previstas na Constituição do Estado.
“O Movimento CHEGA! nasceu da
insatisfação perante a imoralidade e a ilegalidade de desmandos na área
cultural, defendidos publicamente, como agora. Não é aceitável ouvir de
ninguém, menos ainda do cientista político, Alex Fiúza de Mello, Secretário de
Promoção Social, a defesa da “meritocracia” na área Cultural como prática legítima
de uma suposta “política cultural subjetiva”. (Vale apena citar o nome do Alex?
Será uma resposta direta a ele?)
“No dia 7 de julho de 2013, cerca de 50
artistas, técnicos e produtores culturais de vários segmentos decidiram dizer
CHEGA! a tudo isso. Hoje, duas semanas depois, centenas participam ativamente
de um Movimento pela DEMOCRATIZAÇÃO DA POLÍTICA CULTURAL. A luta se fortalece,
justamente, por ser contra critérios de “mérito” e “seleção”, praticados como
se fossem legais.
“O Conselho de Cultura do Estado sequer
funciona, como previsto na Constituição. Também não há convocação para debates
sobre a implementação do Fundo Estadual de Cultura e muito menos, incentivo à
criação do Plano de Cultura. Desta maneira, o Governo não é obrigado a abandonar
a “meritocracia” em prol de determinações estabelecidas em debates públicos e
construções coletivas. A continuidade dessa prática perniciosa é insustentável.
Assim como é insuportável a conduta, ou a falta dela, diante das denúncias de
corrupção nos trâmites de patrocínio, via Lei Semear. Por que não há
investigação?
“O Movimento CHEGA! propõe a
implementação do Sistema Estadual de Cultura, interligado aos sistemas
Municipal e Nacional. Isto também é Política Cultural e não tem nada de
subjetivo. Objetivamente, também participará da Conferência Estadual de
Cultura, nos próximos dias 11 e 12 de setembro, para debater com TODOS os
segmentos da arte e cultura paraense, os novo rumos a serem conduzidos pela
Secult – não pela FCPTN, pois não cabe à Fundação a gerencia deste Sistema,
isto só denota o desconhecimento e a falta de isenção do senhor Secretário
diante dos assuntos culturais que irão definir sua atuação e, isso não está em
sua agenda.
“O Estado Democrático de Direito não
pode continuar cedendo ao Governo Meritocrático. E aqui, apropriadamente, esta
o segundo ponto da pauta do Movimento CHEGA! - que por inviabilizar a execução
da democratização de uma verdadeira política cultural e por há décadas manter
uma política do “eu gosto de” ou “eu não gosto”, é prioridade do movimento
CHEGA!: FORA PAULO CHAVES!
“A demissão do secretário Paulo Chaves
não é “tentativa de massacrá-lo”; nem “simples condição para o diálogo”. FORA
PAULO CHAVES é consequência. Tornou-se pré-requisito pela falta de diálogo que
o próprio Paulo Chaves impõe com posturas apartadas dos movimentos coletivos e
que não cabem a um representante oficial de Estado, muito menos de Cultura,
onde a diversidade reina. Técnicos, artista e produtores culturais sempre
estiveram abertos ao diálogo e o secretário Paulo Chaves manteve ouvidos, boca
e as portas fechadas. Há denúncias e reivindicações não consideradas, há mais
de 20 anos. Agora, quem acreditaria em “diálogo com Paulo Chaves”?
“O Movimento CHEGA! dialogará com um
verdadeiro Secretário de Estado de Cultura. Paulo Chaves não foi e não é este
Secretário, por opção própria. Só o Governo ainda insiste em depositar
“confiança” nele, que privilegia pequenos grupos; investe em poucos e em
grandes e superfaturados eventos.
“O Movimento CHEGA! poderia continuar a
enumerar outras denúncias, mas o tempo urge. O desrespeito aos cidadãos, por
parte do Governo que insiste em calar sobre os desmandos de Paulo Chaves,
mantido acima de qualquer suspeita e alcance, sem nenhuma investigação, obriga
a sociedade a questionar legitimidades e ampliar os protestos. Assim, no
próximo ato artístico, ocuparemos a Secult com seus verdadeiros representantes
– artistas, técnicos, produtores culturais e público.
“CHEGA!
“Belém, 23 de julho de 2013”
Um comentário :
O movimento “Chega” tem de continuar sistematizando, qualificando e fortalecendo o debate público e democrático sobre a ampliação de acesso e controle social da Cultura genuinamente Popular, já que essa não pressupõe “meritocracia”. A Luta é legitima e vem no sentido de romper a muralha tucana e elitista erguida em volta dos setores públicos que promovem a cultura, isolando-a, principalmente, do Povo excluído e privilegiando um pequeno grupo de “sortudos e iluminados”. Para isso é necessário continuar indo pras ruas com uma quantidade maior de artista e simpatizantes, unificando-se a outras manifestações populares. Outra, é acionar as instâncias de controle e fiscalização, como o MPF, MPE, OAB, AGE, sociedade civil organizada, parlamentares comprometidos com a causa e a imprensa (menos a ORM do rominho) e, evidentemente, os Blog e redes sociais, para direcionarem suas lupas e mecanismo de controle nas contas da SECULT, SECOM,FUNTELPA, Fundação Tancredo Neves e lei SEMEAR, pra trazer à luz solar as manipulações e direcionamentos desses recursos públicos, implementadas pelos Tucanos, já que ainda não tivemos informação de prestação de contas públicas. Isso tem de ser realizado pra sabermos se houve direcionamento e privilégios. Que chamem pra prestarem contas o Paulo Chaves, Jatene, Nilson Chaves, Paulo Chaves, Adelaide, Lucinha Bastos, Alex Fiúza, Ney Messias, dentre outros burocratas. Se tais ações foram consequentes, constatar-se-á que muralha tucana é frágil, pois está erguida em solo movediço.
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