O atestado de idoneidade foi conferido ao Parte – e por
extensão a Gileno Chaves, Mário Guzzo e Maria Helena Tavares, sucessora de
Guzzo – exatamente por quem imaginou confirmar uma suspeita de favorecimento –
o ex-prefeito Sahid Xerfan (foto),
então sem a humildade que incorporou após a bancarrota que amargou como empresário, em consequência das dívidas de campanha da eleição de 1990, quando foi derrotado por Jader Barbalho na disputa pelo governo, e que saldou com rara dignidade.
O programa, diga-se, perdurou prestigiado pela sucessora de Mário Guzzo na
Semec, a professora Maria Helena Tavares, e só feneceu com a ascensão de Sahid
Xerfan como prefeito de Belém, em 1983, por indicação do então governador Jader
Barbalho, do PMDB, para saldar um compromisso de campanha. Na época, os
prefeitos das capitais e eram indicados pelo governador, um ritual estabelecido
pela ditadura militar, que também suprimiu a eleição direta dos prefeitos dos
municípios considerados de segurança nacional. Atiçado pelo grupo Liberal, do
jornalista e empresário Romulo Maiorana, no rastro das inevitáveis fissuras na
coligação que elegera Jader Barbalho ao governo e Hélio Gueiros ao Senado, em
1982, derrotando Oziel Carneiro e Jarbas Passarinho, respectivamente, candidatos
do PDS ao governo e ao Senado, Xerfan logo revelou-se hostil ao novo governador.
Por isso acabou defenestrado do cargo e, após um longo hiato, substituído por
Almir Gabriel, até então secretário estadual de Saúde, cargo que ocupava desde a
administração do ex-governador Alacid Nunes. Este, recorde-se, rompera com seu
arquiinimigo, o senador Jarbas Passarinho, e com o próprio regime militar, desembocando
no apoio ao candidato do PMDB ao governo, o então deputado federal Jader
Barbalho.
Ao
assumir a Prefeitura de Belém, Sahid Xerfan destinou a Semec a um
contraparente, Dídio Cruz, um professor de geografia, de parcos predicados
intelectuais e muita empáfia, que se notabilizou por vociferar, nas reuniões do
secretariado, suspeitas de suposta corrupção na administração anterior, sem,
porém, formalizá-las. Na ocasião Gileno Muller Chaves já deixara a Semec e Dídio
Cruz mandou revirar os armários da sala que abrigara o idealizador do Parte, em
busca do processo que habilitara a repórter fotográfica Leila Jinkings a ter um
livro de fotojornalismo, com flagrantes inéditos dos bastidores da campanha
eleitoral de Jader Barbalho ao governo, subvencionado pela Semec. Tratava-se de
um belo e inédito registro histórico, feito por uma profissional de competência
comprovada, cujo processo seguira os tramites usuais, a exemplo dos demais. Na
versão do próprio Dídio Cruz, ele apenas cumprira determinações expressas do
prefeito Sahid Xerfan. A ilação inevitável é que a entourage do prefeito suspeitara
que Leila Jinkings tivesse sido beneficiário de tráfico de influência, por ter
sido a fotógrafa oficial da campanha do candidato do PMDB, hipótese que o conteúdo
do processo – devidamente instruído e que seguira a tramitação habitual – não confirmava.
Se a suspeita de um eventual ilícito existiu, como sugerem as circunstâncias,
não prosperou.
O
episódio envolvendo Sahid Xerfan e Dídio Cruz, na esteira da subvenção ao livro
de Leila Jinkings, é emblemático dos efeitos deletérios que o exercício da
autoridade pública pode exercer sobre os eventuais inquilinos do poder. E do
quanto é importante balizar a administração da coisa pública pelos estreitos
limites da lei. Seja para neutralizar eventuais desvios de conduta, seja para
inibir a tentação totalitária, que costumam incorporar os circunstanciais donos
do poder e, em efeito piramidal, seus prepostos.
Um comentário :
Não precisava colocar a foto desse tal de XERFAN, podre este homem.
Ele nas campanhas politicas abraçava e beijava os pobres, depois tomava banho de alcool
Postar um comentário