PSDB – O pretenso vestal e o ex-bicheiro

O que torna patética a tentativa de Almir Gabriel em retornar ao proscênio político é vê-lo insistir na ética da conveniência e, por motivações claramente menores, fazer prosperar uma inusitada parceria, que desmente acintosamente o seu discurso de suposto apreço à moralidade pública. Depois de contribuir para transformar em senador um ex-bicheiro, de notórias limitações intelectuais e desprovido de preocupações éticas, o pretenso vestal do tucanato paraense agora quer fazer do contraventor do passado, que como parlamentar exibe um desempenho pífio, o futuro governador do Pará. Uma idéia que não parece descartada pelo ex-governador Jader Barbalho, aparentemente inclinado a mais uma vez sobrepor aos interesses do Pará suas conveniências políticas.
Na entrevista ao Diário do Pará, deixando convenientemente de lado as denúncias de corrupção que pesam contra o senador tucano, Almir, acompanhado de Mário Couto, descreve a este, de forma inocultavelmente generosa, como dono de “uma inserção popular extraordinária”, que no plano nacional supostamente “engrandece o nome do Pará, conforme pode ser visto na TV Senado”. Para Almir, Mário Couto ainda ostenta “uma capacidade realizadora muito grande”, esquecendo-se, obviamente, de acrescentar que esse empreendedorismo do senador tucano só se fez, até hoje, em benefício próprio. Mesmo para quem já se permitiu exibir o apoio eleitoral de alguém do jaez de Vladimir Costa, o deputado federal peemedebista de muitas bravatas e parco pudor ético, a desfaçatez das declarações do ex-governador soa a escárnio.