Balizado pela máxima segundo a qual a
liberdade é, sobretudo e fundamentalmente, a liberdade de quem discorda de nós,
o Blog do Barata
tem por tradição cultivar o contraditório e, por extensão, respeitar o direito
de resposta. Até mesmo de quem não merece respeito, o que obviamente não é o
caso dos dirigentes do Sintepp, naturalmente contemplados com a presunção da
inocência, conforme estabelecido pelo ordenamento jurídico democrático. E tanto
é assim, que embora tendo recebido em 27 de dezembro cópia da representação
anônima protocolada no MPE, contendo graves denúncias de malversão dos recursos e do patrimônio do Sintepp, juntamente com as contra-alegações que sucederam as
alegações formuladas, aguardei viabilizar um contato com o
coordenador-geral da entidade, Alberto Andrade, o Beto Andrade, que se
encontrava em viagem para o interior, além de tentar, sem obter retorno, contato
com Walmir Brelaz, advogado que presta serviços ao sindicato. Só depois de falar
por telefone com Alberto Andrade e dele ouvir a declaração que a diretoria do
Sintepp ainda iria discutir a conveniência, ou não, de retorquir as denúncias,
é que optei por tornar do domínio público a representação anônima. Não sem
antes ter a precaução de solicitar, no que fui prontamente atendido, as alegações
apresentadas ao MPE. O que justificou um gratificante cumprimento, por e-mail,
do advogado Walmir Brelaz, de reconhecida competência e idoneidade. No e-mail,
que tem como anexo as alegações do Sintepp ao MPE e que abaixo transcrevo, redigiu
Walmir Brelaz:
”Caro Barata, em anexo, a resposta do Sintepp em
relação às denúncias ANÔNIMAS formuladas no MPE.
”Obrigado (e parabéns) pelo respeito
ao contraditório.
”Um bom ano de 2016!!!
”Abs!!”
De posse da representação, das alegações do
Sintepp e das contra-alegações dos denunciantes, redigi as postagens publicadas,
com a precaução de consultar, antes, advogados de idoneidade e competência igualmente
reconhecidas. E na leitura deles, diga-se, a representação não só está bem
fundamentada, como as denúncias que carecem de comprovação podem ter sua
pertinência esclarecida por apurações do Ministério Público Estadual. Com o
distanciamento crítico possível, não consigo vislumbrar o deslize a mim atribuído
na nota oficial do Sintepp, ainda que em tom respeitoso. O que afirmo até na
esteira da relação de respeito mantida – ainda que à distância - com Alberto
Andrade e Walmir Brelaz, embora aos dois sequer conheça pessoalmente. Com
ambos, minha interlocução sempre se fez por telefone, às vezes complementadas
por e-mails, durante os momentos mais tensos de recentes greves dos professores
da rede pública de ensino.
Nada tenho a retificar na observação de que
o elenco de denúncias é devastador para a credibilidade não só do Sintepp,
como, em particular, dos dirigentes nelas nominados. E é devastador, entendo,
exatamente porque os dirigentes do sindicato optaram por uma espécie de silêncio
obsequioso, que só agora decidiram romper, no rastro do noticiário do Blog do Barata.
E o mutismo, em situações que envolvem denúncias graves, pode acabar por ser
confundido com o ardil dos políticos e autoridades flagrados em falcatruas, que
optam pelo silêncio desrespeitoso, na presunção de que assim supostamente
minimizam os danos políticos em potencial.
Não confundo teclado de microcomputador
com toga, mas permito-me as ilações que as evidências sugerem, respeitado o
benefício da dúvida e sempre na perspectiva de que as interpretações são
livres, mas os fatos são sagrados. Nada mais lícito do que discordar das
ilações, desde que sem sucumbir à tentação totalitária de imputar nebulosas
intenções, voluntárias ou involuntárias.
O que vai livrar os dirigentes do Sintepp
da nódoa da suspeita sobre eles suscitada é a transparência, é o livre debate,
é o contraditório, que nos permitem buscar a verdade da forma tão profunda
quanto seja possível atingi-la. E para isso o Blog do Barata pretendeu contribuir,
ao tornar do domínio público os fatos, em respeito, inclusive e principalmente,
ao conjunto da categoria que historicamente o Sintepp tão aguerridamente
representa, com um comovente destemor. Por isso, o sindicato pertence não só à
categoria que representa e o sustenta, mas é um bem caro a todos nós, porque
floresceu na luta pelas liberdades democráticas, cuja seiva é o contraditório.
Zelar pela sua transparência e credibilidade só não interessa aos simulacros de
tiranete de província.
Nenhum comentário :
Postar um comentário