RODOLFO
NOBRE*
A direção do
Sintepp, mais uma vez, por meio de sua assessoria de comunicação, tenta distorcer
a decisão da assembleia geral de 29 de novembro de 2015, ao tentar justificar
os termos do acordo celebrado com o governo. Primeiro, o que deve ficar claro, cristalino,
é que a assembleia, nesse dia, foi esvaziada e o resultado da votação foi
apertadíssimo, com os professores presentes divididos entre aqueles que se
opunham ao acordo e os que o desejavam. Prevaleceu a proposta em defesa do
acordo, mas por uma irrisória diferença de menos de 15 votos. Mas como, na
democracia, maioria é maioria, cabe ao conjunto da categoria acatar a decisão.
Mas jamais, nunca, em momento algum, compactuar com a tentativa de distorcê-la,
interpretá-la ao sabor de conveniências suspeitas e, por isso, inconfessáveis.
Segundo, a hostilidade
da direção do Sintepp contra parcela dos filiados que a ela circunstancialmente
se opõe, independente de quem foi contra ou a favor do acordo, é no mínimo
infantil e irresponsável. Afinal, o Sintepp deveria representar qualquer um dos
filiados, sem discriminação, pois todos contribuem para a entidade. Essa
postura, de estigmatizar a crítica é própria da cultura patrimonialista, que
confunde o público com o privado, ou, pior, peculiar aqueles que utilizam as
entidades para sedimentar ambições à margem dos reais interesses das categorias
que representam.
Superado
essa postura débil e infeliz da direção do Sintepp, concretada pela
subserviência da assessoria de comunicação, iremos analisar as alegações da
nota que, no frigir dos ovos, investe contra a categoria, ao invés de melhor
armá-la para a compreensão salutar do documento. Vamos à análise dos fatos:
1. Suspensão dos
descontos a partir de janeiro/2016 (proposta aprovada). Tal deliberação não delegou, em momento algum, amplos e
irrestritos poderes à direção sindical para transigir. Isto é, os termos
deveriam ser amplamente debatidos em nova assembleia, para depois, sim, ser ou
não assinado um acordo. Diga-se de passagem, até o salário de janeiro de 2016.
Ainda temos professores(as) amargando descontos e não foi pago o piso de 2016. Vale lembrar que o acordo já estava assinado desde
início do ano, muito antes do fechamento da folha de pagamento, e mesmo assim
tivemos cerca de 1600 professores descontados, ferindo de morte a credibilidade
do que acabou por se configurar como um tratado de rendição. Um arremedo de
acordo negligenciando os direitos da categoria, para variar;
2.
Retirada da ação de abusividade da greve (proposta
aprovada). Com uma assessoria jurídica que veio, ao longo
de pelo menos três greves, claudicando nas batalhas jurídicas, é no mínimo
compreensivo o temor da categoria em perder mais um embate. Não pela falta de
legitimidade de suas reivindicações, mas pela claudicante defesa delas. Daí a
justa validade dessa proposta;
3.
Retirada das faltas da ficha funcional, no período de 25
de março a 03 de junho de 2015 (proposta aprovada). De fato, no acordo assinado há essa possibilidade, mas a muito
custo e condicionamentos. Para serem abonadas as "faltas", os
professores(as) devem se submeter a um sistema de dúvidas, incertezas e a
postura caudatária (mesmo com todos os direitos constitucionais). Ou seja,
receberão se um dia houver disponibilidade orçamentária e não ferir a Lei de Responsabilidade Fiscal. E ainda assim, com a falta de tato que é própria da administração
pública, provavelmente teremos professores(as) que, mesmo fazendo a reposição,
ainda permanecerão como faltosos.
A nota ainda
é irresponsável quando tenta eximir da total responsabilidade a direção do Sintepp
pelo fracasso da greve e, depois, por sua incapacidade política em garantir
direitos constitucionais. A nota é evasiva e genérica quando, por exemplo, diz
que os dirigentes sindicais "não responsabilizam setores da categoria que
defenderam a continuação da greve equivocadamente". Ora, que setores são
esses? A decisão de prolongar a greve foi tomada pela maioria da categoria e não
cabe à direção do sindicato questioná-la retroativamente, mas defender sua
legitimidade.
Que se
lembre, foram os diretores do Sintepp que defenderam o fim da greve em momento
inoportuno, o que nos deu como "prêmio" o troféu da derrota, que
agora é percebida por vasta parcela da categoria. Uma percepção que exclui os
senhores diretores, que são liberados da labuta diária e não podem sofrer
nenhum desconto na remuneração. Ou seja, o ônus da lambança cabe, no frigir dos
ovos, à base da categoria.
Enfim, cabe
advertir a direção do Sintepp que o inimigo é outro e tem papo amarelo. Só a
caciquia sindical parece não ter percebido isso. Age com niilismo de caudilho.
* Rodolfo Nobre é professor da rede estadual
de ensino, formado em matemática pela UEPA, a Universidade do Estado do Pará,
com mestrado em educação matemática pela UFPA, a Universidade Federal do Pará,
além de ser diplomando em direito pela Faculdade Estácio do Pará.
Um comentário :
Resumindo: os companheiros visaram apenas os interesses de grupo. No caso a candidatura do Beto Mwnsalimho Andrade a prefeitura de Ananindeua.
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