SINTEPP – Danos colaterais atingem PSol

Edmilson Rodrigues: sob o risco de ter eventual candidatura prejudicada.

O imbróglio provocado pelas graves denúncias de malversação de recursos e do patrimônio do Sintepp, contidas na representação protocolada no Ministério Público Estadual, embutem obviamente danos colaterais para o PSol, no rastro das acusações de aparelhamento da entidade pela APS, a tendência do partido cuja principal liderança é o vereador de Belém Fernando Carneiro. As acusações sobre uma promiscua relação entre a direção do sindicato e essa tendência psolista é reforçado pela declarada militância de dirigentes da coordenação estadual, a começar do coordenador-geral, Beto Andrade, pré-candidato do PSol a prefeito de Ananindeua. Esse imbróglio emergir justamente em um ano eleitoral explicaria o mutismo inicial do sindicato e de Fernando Carneiro, sobre a representação junto ao Ministério Público Estadual, sucedido por notas repletas de adjetivações e parcas em esclarecimentos, algo próprio de quem está determinado a tergiversar.

Não só à direção do Sintepp, mas sobretudo ao PSol, não convém deixar prosperar a possibilidade de um escândalo de corrupção, que fatalmente respingaria na legenda, se confirmadas pelo menos algumas das denúncias feitas. Convém lembrar que o deputado federal Edmilson Rodrigues – cacifado pelo status de quem foi prefeito eleito de Belém por dois mandatos consecutivos e notabilizado por um discurso intransigentemente ético – é o candidato em potencial do PSol à Prefeitura de Belém. Pessoalmente, ele está absolutamente à margem do imbróglio no qual submergiu, juntamente com a coordenação estadual do Sintepp, o seu partido, a reboque da APS, e o vereador Fernando Carneiro. Mas para o PSol, uma legenda surgida justamente como contraponto a corrupção que esfarinhou a bandeira ética do PT, será devastador, principalmente em ano eleitoral, ser associado a suspeitas de falcatruas no maior sindicato do Pará, com cerca de 22 mil associados e uma renda anual estimada em R$ 12 milhões.

Seja como for, vida que segue. Os fatos são hoje do domínio público e não será possível ignorá-los, a não ser com a leniência do Ministério Público Estadual. Nesse contexto, calar é mentir. E a idolatria, que deixa obnubilado, não aplaca as suspeitas suscitadas. De resto, como sentenciou Oscar Wilde, idolatrias escondem perigos – “o perigo de perdê-las, não menos que o perigo de conservá-las”.