O
quadro do pequeno Nicholas Lopes era obviamente grave. Mas degradou-se, até
levá-lo à morte, diante da recorrente indiferença em relação a quem é refém da
saúde pública, sucateada até a exaustão durante os 12 anos de sucessivos
governos do PSDB no Pará, entre 1995 e 2006, um cenário que perdura desde então. Nos dois mandatos consecutivos, de 1995 a 1998 e de 1999 a 2002, como
governador de Almir Gabriel, ironicamente um médico competentíssimo e até então
um administrador austero, as interferências indébitas da primeira-dama, dona Socorro Gabriel,
uma enfermeira, resultaram em gestões extremamente conturbadas. No primeiro
mandato de Simão Jatene, de 2003 a 2006, na partilha política da máquina administrativa a
Sespa, a Secretaria de Estado de Saúde Pública, coube à vice-governadora
Valéria Pires Franco, a Dondoca da Doca, que era também a secretária especial de Promoção Social,
e seu marido e tutor político, o então deputado federal Vic Pires Franco, ambos
do PFL, do qual é sucedâneo o DEM. O médico Fernando Dourado, ex-sócio e
preposto do ilustre casal, tornou-se secretário estadual de Saúde,
protagonizando uma administração pontuada por denúncias de corrupção, sob o silêncio cúmplice de Simão Jatene.
O
descaso com a saúde pública perdurou, com diferença de grau, mas não de nível,
na caótica administração da ex-governadora petista Ana Júlia Carepa, entre 2007
e 2010. A Sespa inicialmente coube a José Priante, em um acerto direto com este,
cuja candidatura ao governo, nas eleições de 2006, foi fundamental para levar a
disputa para o segundo turno, no qual Ana Júlia Carepa derrotou Almir Gabriel,
o candidato do PSDB, que postulava um terceiro mandato, com o decisivo apoio de Jader Barbalho, o estrategista eleitoral da candidata petista, avalizado pelo então presidente Lula. Priante - que abdicara de uma reeleição certa para a Câmara Federal, para sair candidato ao governo e forçar a realização de um segundo turno na sucessão estadual de 2006 - perdeu a
secretaria a pretexto de suspeitas de corrupção, dos seus prepostos, seguindo-se, a partir daí, uma sucessão de gestões comprometidas pelas disputas intestinas e pontuadas por supostas tramóias de Santos Carepa, irmão da governadora. Pela sua
profícua passagem pela Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, a indicação
de Hélio Franco para a Sespa, com o aval do deputado federal Arnaldo Jordy
(PPS/PA), ao Jatene obter seu segundo mandato, em 2010, suscitou expectativas
otimistas, frustradas pela postura servil do secretário diante das conveniências
eleitorais do governador tucano e seus aliados.
Um comentário :
Jatene faz mal para a saúde e o subserviente secretário Hélio Franco é o maqueiro que transporta os pacientes para o necrotério na calada da noite. Mas na ORM estão dando show, pior é que o preço disso é pago pelo mesmo povão que elege esses caras.
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