Diante
do trem da alegria, que embute a criação de 185 cargos comissionados, o procurador
de Justiça Nelson Medrado viu-se diante de um doloroso dilema, ao ser compelido
a optar entre uma questão de princípios e a amizade pessoal com o Marcos
Antônio Ferreira das Neves, o procurador-geral de Justiça. A serviço do qual Medrado
colocou sua reconhecida competência e probidade, e pelo qual vem sendo
prestigiado. Para além disso, com a discrição que lhe é própria, Medrado foi um
ilustre eleitor de Neves, capitalizando votos para o atual procurador-geral, na
disputa deste com a procuradora de Justiça Ubiragilda Silva
Pimentel. Gilda, como também é conhecida Ubiragilda, mantém notórios
vínculos com o ex-procurador-geral de Justiça Manoel Santino do Nascimento
Júnior, ícone da vanguarda do atraso que engessa o MPE, ao atrelá-lo ao
Executivo estadual, na esteira de conveniências escusas. Uma postura
interiorizada por Neves, na contramão do seu discurso de campanha.
Seja como for, Medrado, sem abdicar da
lealdade pessoal e profissional em relação a Neves, não abriu mão de princípios
e votou contra a proposta do procurador-geral que cria 185 cargos
comissionados, tradicionalmente sinônimos de sinecuras, inclusive no Ministério
Público Estadual. No plano estritamente técnico, ele ainda contribuiu para a
definição de atribuições dos novos cargos comissionados. De resto, Medrado
defendeu a criação
de cargos efetivos, preenchidos mediante concurso público. O que exige coragem
moral, considerando o corporativismo que medra com vigor na instituição e toma
como vilania o legítimo direito de se tirar a limpo os atos das autoridades
públicas.
Nenhum comentário :
Postar um comentário