EMPREGUISMO – Jatene e a farra de sinecuras

Mesmo para aqueles que receberam com ceticismo suas promessas de campanha, por sabê-lo indolente e dissimulado, em muito pouco tempo o governador Simão Jatene (PSDB) (foto), neste seu segundo mandato, se constituiu em uma desagradável surpresa. Para tanto contribuiu, certamente, a denúncia da revista IstoÉ, segundo a qual em pouco mais de dois meses o governador eleito do Pará, a despeito do discurso de austeridade, patrocinou uma acintosa pilhagem ao erário, ao nomear 450 assessores especiais, em sinecuras distribuídas entre parentes de políticos, desembargadores e empresários amigos. A estimativa é de que os gastos com esses assessores especiais – 12 dos quais parentes diretos de desembargadores e cujos salários podem chegar a R$ 7.801,00 – bata em R$ 30 milhões ao ano.

Valer-se da figura do assessor especial, como forma de saldar compromissos de campanha e cooptar aliados, não se constitui em uma prática exclusiva da tucanalha. Essa deplorável tradição foi inaugurada por Jader Barbalho, o morubixaba do PMDB no Pará, em seus dois mandatos como governador, de 1983 a 1987 e de 1991 a 1994. Sucessor de Jader Barbalho, eleito com o escancarado apoio deste, o ex-governador Hélio Gueiros também valeu-se desse ardil, para contemplar seus apaniguados. Essa prática foi devidamente incorporada pelos sucessivos governos do PSDB no Pará, nas administrações do ex-governador Almir Gabriel, eleito em 1994 e reeleito em 1998, e no primeiro mandato do próprio Simão Jatene como governador, que se estendeu de 2003 a 2006. Embora eleita sob a bandeira das mudanças, a ex-governadora petista Ana Júlia Carepa não só aderiu, como levou ao paroxismo, sem nenhum laivo de pudor, a prática de utilizar como moeda de troca, em busca de apoio político, os cargos de assessores especiais, que chegaram a 1.500 durante seu governo.