O general Ernesto Geisel fez seu sucessor, ungindo o general João Baptista Figueiredo presidente. Com um temperamento algo abrasivo, Figueiredo foi transformado em João Sem Medo, na esteira do marketing político, com intenção de popularizá-lo. O último presidente do regime militar, porém, revelou-se um personagem aquém, mas muito aquém, das suas responsabilidades históricas. A pá de cal, na ditadura militar, foi a cizânia que se disseminou no interior do PDS, potencializada pelas defecções de ACM, o então temível Antônio Carlos Magalhães, babalorixá da política baiana, e de José Sarney, que desistiu da legenda ao saber que era apenas a quinta opção contemplada para eventualmente substituir a candidatura a presidente do ex-governador paulista Paulo Maluf. Então governador de Minas Gerais, Tancredo Neves (na foto, à dir., com José Sarney) tratou de cooptar, com a discrição que lhe era peculiar, os dissidentes do PDS, inclusive fazendo de José Sarney seu vice. Com o fracasso das Diretas Já, a emenda constitucional que pretendia restabelecer a eleição direta para presidente, Tancredo Neves passou a peregrinar pelo Brasil, com um discurso que arrastava multidões de eleitores. Como um mantra, a cada comício, bradava: “Nós não vamos ao colégio eleitoral para coonestá-lo, nós vamos para destrui-lo”. Assim, comprometia-se com o compromisso de restabelecer eleições diretas para escolha do presidente.
Às vésperas da disputa no colégio eleitoral, Paulo Maluf mais parecia um cadáver ambulante. Para tanto muito contribuiu ACM, ao reagir a uma provocação do brigadeiro Danilo Venturini, chefe da Casa Militar do presidente Figueiredo. Na inauguração da reforma do aeroporto internacional de Salvador, Venturini, ao discursar, vociferou que a história não perdoa os traidores, em uma clara alusão a Antônio Carlos Magalhães. De imediato, ACM retrucou, corrosivo: “Quem a história não perdoa são todos aqueles que apóiam um corrupto.” Arrematando, desafiou Paulo Maluf a andar um quilômetro sem a proteção de seguranças.
O epílogo do regime militar não poderia ser mais desastroso. Com Tancredo Neves hospitalizado, coube a José Sarney ser empossado presidente. Figueiredo, casca-grossa, recusou-se a passar a faixa presidencial ao ex-aliado, a quem não perdoava o que entendia ter sido traição. Figueiredo saiu literalmente pela porta dos fundos do Palácio do Planalto, depois de fazer um apelo prontamente atendido pelo eleitorado: “Esqueçam-me!” Sarney, feito presidente com a morte de Tancredo Neves, agilizou a abertura política, inclusive legalizando os partidos comunistas, o lendário PCB, Partido Comunista Brasileiro, que daria origem ao PPS, o Partido Popular Socialista, e seu rival histórico, o PC do B, o Partido Comunista do Brasil, que em tese cultiva o ideário comunista mais conservador. O curioso é que Tancredo Neves pedia paciência aos comunistas, porque temia soar afrontoso, aos militares, a imediata legalização do PCB e do PC do B. José Sarney, com livre trânsito na caserna, ficou mais à vontade e tornou legais os dois PCs.
Um comentário :
égua da aula, meu!!!!!!!!!
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