Mas Neuton Miranda foi, sobretudo, um homem de partido, dedicado ao PC do B e capaz de sobrepor os interesses partidários às suas conveniências pessoais, com uma comovente generosidade. Na contramão dos caudilhos de esquerda, ele exibia um temperamento afável e uma postura sempre elegante, marcada pela discrição e louvável tolerância, nas negociações com seus eventuais interlocutores, fossem quais fossem. O que certamente explica ter pairado sempre acima da fogueira de vaidades e oportunismo que é marca registrada na militância de esquerda. E em particular no PC do B do Pará, no qual a colossal ambição da ex-deputada federal Socorro Gomes, turbinada por seus vínculos pessoais com o presidente nacional da legenda, faz dos militantes do partido eternos reféns da mediocridade intelectual e do arrivismo, pessoal e político, da ex-parlamentar.
Acompanhei à distância a trajetória política de Neuton Miranda, que nela corroborou o que já era possível entrever nos breves e circunstanciais contatos que tivemos nos anos 80 do século passado, ele no PC do B e eu no PCB, o Partido Comunista Brasileiro, do qual me desfiliei em 1986, após nele militar na ilegalidade e na legalidade. As diferenças abissais que nos separavam, em função das opções partidárias distintas de cada um de nós, jamais impediram um tratamento mutuamente respeitoso. Além da sua própria postura, admirava em Neuton Miranda assumir sua opção partidária, o que não era a regra, naquela altura, entre os militantes dos PCs, após os negros anos de clandestinidade. Anos depois, muitos anos depois, quando eu já abandonara a militância partidária, na qual ele prosseguiu, voltaria a vê-lo em uma fila de supermercado, já aí glacial, talvez, suponho, contaminado pelo azedume provocado por críticas que, naquela altura, fizera a Socorro Gomes, neste blog.
Como entendo que o homem é ele e suas circunstâncias, relevei a frieza, na ocasião, e dela recordo-me agora apenas para ratificar a convicção pétrea de que a fidelidade aos fatos deve se sobrepor, sempre, a eventuais diferenças. E os fatos, que falam por si, sinalizam para a constatação de que Neuton Miranda foi, a despeito de qualquer divergência, um homem digno.
À viúva, Leila, e à filha , Janaina, expresso meu sincero pesar pela perda que representa a morte física de Neuton Miranda. Perda diante da qual o alento é constatar que viver, para os que ficam, não é morrer.
De resto, é reverenciar o legado de dignidade de Neuton Miranda, que o faz indelével na lembrança de quem o conheceu. E neste momento de adeus, dizer-lhe: descanse em paz, companheiro.
Acompanhei à distância a trajetória política de Neuton Miranda, que nela corroborou o que já era possível entrever nos breves e circunstanciais contatos que tivemos nos anos 80 do século passado, ele no PC do B e eu no PCB, o Partido Comunista Brasileiro, do qual me desfiliei em 1986, após nele militar na ilegalidade e na legalidade. As diferenças abissais que nos separavam, em função das opções partidárias distintas de cada um de nós, jamais impediram um tratamento mutuamente respeitoso. Além da sua própria postura, admirava em Neuton Miranda assumir sua opção partidária, o que não era a regra, naquela altura, entre os militantes dos PCs, após os negros anos de clandestinidade. Anos depois, muitos anos depois, quando eu já abandonara a militância partidária, na qual ele prosseguiu, voltaria a vê-lo em uma fila de supermercado, já aí glacial, talvez, suponho, contaminado pelo azedume provocado por críticas que, naquela altura, fizera a Socorro Gomes, neste blog.
Como entendo que o homem é ele e suas circunstâncias, relevei a frieza, na ocasião, e dela recordo-me agora apenas para ratificar a convicção pétrea de que a fidelidade aos fatos deve se sobrepor, sempre, a eventuais diferenças. E os fatos, que falam por si, sinalizam para a constatação de que Neuton Miranda foi, a despeito de qualquer divergência, um homem digno.
À viúva, Leila, e à filha , Janaina, expresso meu sincero pesar pela perda que representa a morte física de Neuton Miranda. Perda diante da qual o alento é constatar que viver, para os que ficam, não é morrer.
De resto, é reverenciar o legado de dignidade de Neuton Miranda, que o faz indelével na lembrança de quem o conheceu. E neste momento de adeus, dizer-lhe: descanse em paz, companheiro.
2 comentários :
Texto lindo, digno do Neuton que está em paz.
Que Deus o conserve em um bom lugar.
Descansa em paz!
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