quarta-feira, 3 de junho de 2009

BASTIDORES – Perguntas que não querem calar

Segue, abaixo, o pingue-pongue com Charles Alcântara, que deixou o governo, segundo já declarou, após entrar em rota de colisão com o “núcleo duro” da atual administração. Este núcleo é formado pelos secretários de Projeto Estratégicos, Marcílio de Abreu Monteiro, ex-marido da governadora, e de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia, Maurílio de Abreu Monteiro, irmão de Marcílio, aos quais se somam Cláudio Alberto Castelo Branco Puty, chefe da Casa Civil; e Carlos Botelho da Costa, consultor geral do Estado. Alcântara volta à cena política na condição de presidente do Sinditaf, o Sindicato do Grupo Ocupacional, Tributação, Arrecadação e Fiscalização da Secretaria de Estado da Fazenda.
Em seguida, a entrevista com Charles Alcântara.

O seu discurso, de críticas tímidas ao governo Ana Júlia Carepa, é etiquetado de oportunista. O senhor é acusado, por exemplo, de omitir a participação dos irmãos de Ana Júlia nos bastidores do governo. O que o senhor tem a dizer a respeito?

As opiniões presentemente divulgadas eram defendidas por mim quando estava no governo. Lutei por elas com afinco, porém no âmbito estritamente interno ao governo, pois julgo impróprio, por razões éticas, dissentir publicamente sobre os rumos do governo quando se está no exercício de uma função pública que requer confiança política.
Internamente sempre defendi as minhas posições, pois havia espaço para tal. Mas, externamente, sempre me conduzi com acatamento e disciplina.
Oportunismo ou arrivismo seria abrir mão das minhas convicções e opiniões para manter-me no cargo, como fazem muitos. Aliás, foi justamente por que me mantive firme em minhas divergências que a governadora decidiu exonerar-me.
Fui exonerado, portanto, porque entrei em choque com o chamado “núcleo duro” do governo, do qual jamais fiz parte, por não possuir os mesmos laços de amizade e afinidade com a governadora que o distingue – o “núcleo duro” – de todos os demais integrantes do governo.
Por enquanto, nenhum integrante credenciado do governo contraditou as minhas declarações.
Por fim, eu não conheço o bastante os irmãos da governadora para emitir opiniões acerca de suas condutas na esfera pública, a única que interessaria ao distinto público. Por outro lado, julgo sempre recomendável preservar a instituição familiar das odiosas garras da política rasteira e revanchista.
Posso afirmar, contudo, que a governadora sempre foi ciosa de que não se deve misturar a esfera privada com a esfera pública. Não me consta, portanto, que haja qualquer interferência familiar nos assuntos de governo.

Para os que recusam-se a imaginá-lo ingênuo, o senhor seria covarde ou dissimulado. Como o senhor se definiria?

É claro que não sou ingênuo.
Sou um militante político que vê a política não como uma profissão ou como um meio de locupletar-se ou levar vantagens. Faço política por que só a partir dela podemos interferir no mundo em que vivemos.
A verdadeira política é transformadora, criadora de novas possibilidades, forjadora de novos horizontes para a humanidade.
Como se vê, não sou ingênuo, nem tolo, nem anjo, nem demônio.
Sou um cidadão que atua no mundo, que joga o jogo da vida e que assume a responsabilidade de bater o pênalti, correndo o risco de não fazer o gol e de ser hostilizado pela torcida, pois só perde pênalti quem se arrisca. Do mesmo modo, quem não se arrisca a bater o pênalti jamais experimentará a incomparável alegria de fazer o gol que é, ao mesmo tempo, o mais fácil e o mais difícil do mundo do futebol.
Fiz muito pouco quando estive no governo; muito menos do que desejava e planejava. Mas me orgulho, sobretudo, do que não fiz.
Não fui – e não sou - covarde, pois covardia é omitir-se, calar-se, subjugar-se, esconder-se, refugiar-se na escuridão do anonimato, fugir do sol, agir nas sombras e nas trevas, como fazem alguns títeres pagos com o dinheiro público para me atacarem anonimamente.

Afinal, na sua leitura a governadora foi, ou não, desleal em relação ao senhor?

É claro que a governadora não foi desleal comigo. Ela me exonerou por que a minha visão sobre o governo não convergia com a sua. Ora, se ela é a pessoa eleita pelo povo para governar, ela tem a autoridade e a prerrogativa inquestionáveis de formar a sua equipe e de exigir que essa equipe siga as suas orientações e encaminhe as suas determinações.
Se há um auxiliar que não se enquadra em seu modo de governar, este auxiliar deve ser substituído. Foi o meu caso.

O senhor é acusado, por seus desafetos, de utilizar o Sinditaf para pavimentar o caminho para supostas aspirações políticas. A acusação procede? O senhor pretende, mesmo, sair candidato a deputado, nas próximas eleições?

Pelo menos eu não estou sendo acusado de nenhum ato de improbidade, não é mesmo?
Exerço, hoje, a função pública mais honrosa de minha vida, que me foi delegada pela categoria a que pertenço, com muito orgulho.
Eu tenho toda legitimidade – e estou no pleno gozo dos meus direitos políticos – para concorrer a quaisquer cargos eletivos, mas isto não faz parte dos meus planos, pois acabo de tomar posse na presidência do Sinditaf/PA para um mandato que se encerra somente em junho de 2011.
Tenho por hábito honrar os meus compromissos, pois a política, para mim, não é arte da dissimulação e da enganação.
A política pode – e deve - ser exercida com honra. E não há honra se não se cumpre a palavra.

Seus desafetos políticos acusam-no também de incensar o ex-governador Jader Barbalho, manda-chuva do PMDB no Pará, mirando exatamente em suas supostas pretensões eleitorais. Qual a sua leitura sobre o ex-governador, seja como homem público, seja como aliado do PT?

A imaginação humana não tem limites mesmo. Melhor assim!
Quando me fizeram essa provocação, no curto período de existência do meu blog, disse – e sustento (com um acréscimo no final) – que o político Jader Barbalho não consta de minha lista de políticos que me servem de referência ou que me inspiraram a fazer política (como o são, por exemplo: Humberto e Iza Cunha).
Não almejo, contudo, mudar (por que não é possível) a maneira de ser e de agir de Jader Barbalho, quando mal consigo mudar a mim mesmo.
Mas, gostemos ou não, Jader é uma liderança política das mais influentes da história do Pará. E, por alguma razão, ele sobreviveu ao tempo e às mudanças e manteve-se estimado por uma parcela significativa do povo. Este mesmo povo que alguns arrogantes costumam chamar de ignorante, sobretudo quando não elege os candidatos que se lhe apresentamos como os seus redentores.

Para muitos suas críticas são demasiadamente seletivas e estranhamente poupam personagens vitais no governo Ana Júlia Carepa, como o secretário da Fazenda, José Raimundo Barreto Trindade, e Maria Joana da Rocha Pessoa, a eterna caixa de campanha da governadora. Por que o senhor minimiza a participação de personagens tão vitais nas relações de poder estabelecidas no atual governo?

Eu não fui seletivo e nem minimizei a influência de quem quer que seja, mesmo porque essas pessoas não são as responsáveis pelo que considero o problema nuclear do governo, apontado em minha crítica de cunho essencialmente político.
Não me cabe arvorar-me a fazer acusações sobre a conduta ética deste ou daquele integrante do governo, porque isto me obrigaria – por imperativo moral e legal – a apresentar provas.
A gravidade do momento não comporta leviandades e mesquinharias.
Não se combate a corrupção, a meu ver, com bravata, demagogia, hipocrisia ou “murro na mesa”, mas com obstinação, devoção, renúncia e, principalmente, com compromisso político verdadeiro.

Para alguns, o senhor poupa Joana Pessoa porque sua mulher trabalhou com ela, no Hangar. Para outros, parte de sua ira, em relação ao atual governo, deriva de sua mulher ter sido defenestrada do Hangar. O que há de procedente nessas ilações?

A própria indagação já expõe uma profunda contradição. Ora poupo a Joana por que a minha mulher trabalhou com ela; ora estou irado com o governo em razão da saída de minha mulher do Hangar.
Primeiramente, eu não estou com raiva ou magoado com o governo, portanto, não há qualquer razão para vingança ou coisa parecida.
“Segundamente” (como diria o imortal Odorico Paraguassu), a minha mulher saiu do Hangar no final de setembro do ano passado, sem qualquer trauma e de forma dialogada com a Joana Pessoa, é claro que também por divergências.
Ademais, somos, eu e minha mulher, pessoas resolvidas e felizes em nosso relacionamento e não nos deixamos contaminar por sentimentos mesquinhos, pois não há espaço em nossos corações para que eles floresçam.
Sendo também uma militante política de longa data, a minha mulher sabe muito bem o quanto é responsável pelo que cativa e o quanto é necessário assumir as consequências das escolhas que faz.

Sobre seus depoimentos a respeito da Sespa, criticam-no por omitir supostas pressões de irmãos da governadora para beneficiar determinados lobbys, assim como acusam-no de ter tramado para fazer de seu sogro, o médico Walter Amoras, secretário adjunto. O que o senhor tem a dizer sobre isso?

Essa é a descrição de um homem frio e calculista. E eu conheci alguns em minha vida.
Foi importante conhecê-los, pois aprendi a defender-me deles.
Não posso falar sobre o que chamam de “pressões de irmãos da governadora...”, pois as ignoro e as considero fantasiosas.
O meu sogro não precisaria de trama para assumir a secretaria-adjunta da Sespa, pois é um homem honrado, competentíssimo e comprometido com a saúde pública.
Não há mácula em sua biografia e em sua vida pública.
A sua saída foi uma perda para a Sespa e não se deu por ele ter sido omisso, incompetente, desonesto ou desleal.
Tenho muito orgulho de ser seu genro.

Criticam-no ainda por se omitir diante da suposta ascendência, na Sespa, de um certo Felipe Alves, de quem dizer ser condenado de Justiça e a quem é atribuída a condição de prepostos de irmãos da governadora.

Mal conheço esse rapaz.
Tive, com ele, raros contatos, sempre breves e superficiais.
Nas raras vezes que o vi, estava na companhia do Halmélio (Sobral, ex-secretário de Saúde), a quem auxiliava.
Nada sei a seu respeito.
Seria o caso de dirigir essas indagações a quem o conhece, não acha?

O psicólogo Paulo de Tarso, que teve uma breve passagem pela Sespa, como secretário adjunto, é de fato, como dizem, o responsável pela suposta orquestração destinada a implodir o PMDB na área de saúde e aplainar o caminho para deixar o setor, e seus volumosos recursos, em mãos da DS?

Não considero crível essa assertiva.

Ao senhor é atribuído a costura que tornou a médica Laura Rossetti presidente do Ophir Loyola, em detrimento do médico Vitor Moutinho, que seria o nome indicado pelo PMDB. Essa versão é verdadeira ou é meramente fantasiosa?

Nada tenho a ver com a indicação de Laura Rosseti para aquela unidade de saúde e, muito menos, com qualquer veto ao médico citado.
Posso afirmar, todavia, que a indicação de Laura Rossetti para a Sespa deu-se por iniciativa política da governadora, homologada posteriormente pelo PMDB.

17 comentários :

Anônimo disse...

parabens ao charles alcantaras pelo seu talento politico. sou admirador da governadora ana julia desde ela parlamentar. hoje tenho minhas duvida se pediria voto de novo pra ela pois com essa turma ai de sem voto mandano no governo e fasendo trapalhada e ela não acorda. edmilsom seria uma boa pedida. charles voce tem todo o meu respeito. moro no sul do para sou militante do psb desde 1986 mas com este desmando do partido tambem me afastei pois de social não tem nada (so de familia) meu email e(domingospones@yahoo.com.br)

Anônimo disse...

Barata, Charles tem razão quando diz que o Dr. AMoas é um profissional competente e integro. Minha esposa trabalhou na sespa por quase um ano, entrou cocursada portanto sem nenhuma indicação politica partidária, por diversas vezes chegou a comentar que o Dr. Amoras era qualificado e que o mesmo era boicotado pelos técnicos, achavam ele teórico demais, confundiam teória com planejamento estratégico, eu não o conheço, não tenho laços, apenas estou replicando o que ouvi da minha esposa.
ABs

Anônimo disse...

Mais ou menos Barata. O fato de tornar públicas, só agora, todas essas críticas, demonstra que o nosso Querido Charles, não é tão santinho assim. Esqueceram da aurela.

Anônimo disse...

Parabéns ao Charles Alcantara por sua lealdade aos princípios e por não se deixar prostituir pelos xiitas da DS. Adoro o Dr Walter Amoras, que conheci na Sespa. Grande articulador, excelente profissional, maravilhoso secretário adjunto e grande pessoa humana. A Sespa foi quem perdeu, com a exoneração do mesmo.

Anônimo disse...

Ei, anônimo das 11:06, primeiro não é verdade que só agora o Charles se pronuncia sobre sua saída do governo, fez isso publicamente até em seu blog, de maneira coerente e séria, agora manifesta-se enquanto um quadro politico da esquerda acerca do governo do PT, novamente de forma coerente e séria, sem baixarias e ataques fortuitos como querem alguns que querem ver o governo e o PT chafurdar na lama.
Por último, alguém ou o próprio se propôs a ser canonizado?

Anônimo disse...

OK! uma vela para são Charles.

Anônimo disse...

Núcleo DURO ?
Sei não...
Nunca ví tanto miolo MOLE junto.
Tá mais pra Núcleobrando !

Anônimo disse...

Sabe o que é Barata , toda verdade na realidade é uma grande mentira, uma vez que cada um vê as coisas como elas se lhes apresenta, por exemplo : muitos não creem que o homem chegou a lua, pois não foram juntos, outros creem que Dinossáuros ainda veivem na Selva Amazônica. Enfim, Nada é Verdade

Anônimo disse...

gostei, ta mais claro algumas coisas

Anônimo disse...

Tenho acompanhado o desenrolar de todas as discussoes politicas em relação ao tema, acho que é fora de coerencia falar da esposa e sogro do ex-chafe da casa civil, já que o proprio secretario da fazenda mantem a esposa e os cunhados em cargos estrategicos do atual governo, talvez isso seja preocupante aonde vamos parar se forem pontuados os exageros.
chega de brincadeira......

Anônimo disse...

Barata, não te conheço, mais tenho respeito com o jornalista, sabe que Belém é um ovo, ja sei um pouco de vc...

Gostei Santo Charles, vou pedir para o Santo Papa para ser o próximo Santo a ser canonizado do nosso Estado Grão Pará.

A Impressão que me passou é que só ele tem um vaga lá com São Pedro.

Ele tem ética, é honesto, diz a verdade, é leal, é insento. Rapaz, o homem é bom!

Estou, humilhado, pois acho que não vou para o Céu.

Anônimo disse...

Do Puty, ontem numa roda:
- Eu não chuto cachorro morto

Anônimo disse...

Poderia dar nome aos bois e deixar mais clara sua divergência com o oportunista Claudio Puty, figura que influiu na sua exoneração e responsável pela esculhambação que se transformou este governo.

Anônimo disse...

BARATA,PARABENS PELA ENTREVISTA....QUERO AQUI AFIRMA AOS BABACAS DE PLANTÃO QUE QUE TIVE O PRAZER DE CONVIVER COM UMA UMA PESSOA INTEGRA E CORRETA EM SEUS ATOS POLITICOS COMO FOI CHARLES ALCANTARA QUANDO ESTE EMPRESTOU O SEU TALENTO A ESTE GOVERNO CHUCRO...E CLARO CONTRA FATOS NÃO A ARGUMENTO.....SÓ COMPARAR O QUE A CASA CIVIL VEEM FAZENDO ATUALMENTE E O QUE ELA FAZIA NA ÉPOCA DE CHARLES,PORTANTO AOS BABACAS COMO CLAUDIO PUTY E SEUS AULICOS RESTA APENAS AGORA ESPERAR A GUILHOTINA CORTA AS CABEÇAS O RESTO É POTOCA.

Anônimo disse...

Jornalista BARATA, encerro meus comentários com relação ao Santo CHARLES, mas antes gaurde esta.

O Que precisamos BARATA é de política e não politicagem para o nosso Estado. Observo, que os nossos Senadores estão se lixando para o Estado do Grão Pará e a População sofrida;

Observamos que que a GRANDE maioria de nossos Deputados, está com processos judiciais, o que nos envergonham;
Sabendo que a imunidade parlamentar é um recursos dos larápios dos recursos públicos para se se locupretar e peramanencer no Poder;

Observamos, nossa Justiça desacreditada, sem confiança da População;

Enfirm Barata, precisamos de choque de valores e uma reforma política para que nossa nação tenha algum futuro de honestidade e desenvolvimento pela frente.


E guarde esta, acredito que Simão Robsion Jatene, passará para o PMDB, do sombraçelha, e montará sua equipe de campanha política a Governo,tendo como um dos tesoureiros seu sobrinho investigado pela POLÍCIA FEDERAL Eduardo Sales.

E finalisando, em relação ao Santo Charles, volto afirmar é um ingênuo, que não entedeu que os verdadeiros homens se imortalizam pela sua coragem e lealdade.

Anônimo disse...

tome muito cuidado e certifique-se que este cachorro esta realmente morto!!Vai que ele só esta desmaiado e morde vossa excelencia grave e mortalmente.

Anônimo disse...

Anôn. 19:57, acertas quando citas idéias de algúem que deve ter escrito alguma coisas sobre coragem e lealdade, que são os valores mais cultuados e demonstrados pelo Sr. Charles Alcântara, que não tem se omitido e nem se escondido no anonimato para expor suas idéias e posturas de um verdadeiro democrata.Alias, foi expurgado do governo por ser leal, honesto e não se macumunar com os ilícitos dos(as) fofoqueiros(as) de plantão. Por outro lado 19:57, ser ingênuo é emitir opiniões focadas nos interesses dos membros do chamado "núcleo duro do governo" (duro de aprender e mole em aceitar maracutaias com os recursos públicos) que está levando o governo da Ana Júlia aos caos, pq sem rumo já está demonstrado.