Pior do que a mentira é a meia verdade,
porque escamoteia os fatos, a pretexto de pretender esclarecê-los. E a meia
verdade é o vício de origem da versão oferecida pelos prepostos da família
Barbalho, na tentativa de desqualificar a greve dos jornalistas do jornal Diário do Pará e do DOL, o Diário Online,
ocorrida em setembro do ano passado. A paralisação foi deflagrada
independentemente de qualquer interferência do Sinjor, o Sindicato dos
Jornalistas do Pará, provocada pelos salários aviltantes e condições de
trabalho degradantes. A direção do Sinjor entrou efetivamente em cena na
Justiça do Trabalho, como representante legal da categoria.
A paralisação dos jornalistas do Diário do Pará e do DOL foi, principalmente, uma greve determinada por remuneração
aviltante e teve como combustível condições de trabalho
degradantes, como horas extras nunca pagas, computadores e cadeiras sucateados
e em quantidade insuficiente, e falta até mesmo de água potável na copa e de
papel higiênico nos banheiros. Um cenário obviamente incômodo aos
Barbalho, diante dos projetos político-eleitorais da família, o principal dos
quais seria eleger governador do Pará, na sucessão estadual deste ano, Helder Barbalho, um dos filhos do casamento de Jader
Barbalho com dona Elcione Barbalho, deputada federal pelo PMDB. Daí a balela de que a greve dos jornalistas da RBA, a Rede Brasil
Amazônia de Comunicação, teria motivações político-partidárias, supostamente estimulada pela
tucanalha, a banda podre do PSDB, da qual são lídimos representantes o
governador Simão Jatene, o Simão Preguiça,
e sua entourage.
Falta à direção do Sinjor, é fato, credibilidade, depois da
patética postura assumida pelo sindicato no episódio da covarde agressão física
de Ronaldo Maiorana, um dos diretores das ORM, as Organizações Romulo Maiorana,
a Lúcio Flávio Pinto, um jornalista premiado nacional e internacionalmente, que
edita o Jornal Pessoal, de circulação
quinzenal e a mais longeva publicação da imprensa alternativa brasileira, marco na democratização da notícia no Pará. O
pretexto para a covarde agressão foi Lúcio Flávio, muito mais velho que seu agressor e de porte mignon, ter feito menção - em um contexto plenamente justificável - ao passado,
não exatamente lisonjeiro, do patriarca dos Maiorana, Romulo Maiorana, já
falecido, e da sua viúva, Lucidéa Batista Maiorana, a dona Déa, presidente do
grupo empresarial da família, hoje comandado, de fato, por Romulo Maiorana Júnior, o
Rominho, presidente executivo das ORM. Na ocasião, o Sinjor emitiu uma nota investindo contra os Barbalho, cujo grupo de comunicação repercutiu a covarde agressão de Ronaldo Maiorana. De tão dúbia, a nota só faltou culpar Lúcio Flávio Pinto por ter sido agredido.
Ex-presidente do Sinjor, o jornalista, de tão indignado, declinou da pretensa solidariedade e optou por se desfiliar
do sindicato.
Desde então ficaram claras, bem claras, a boa relação da
direção do Sinjor com os Maiorana e o hostil relacionamento com o grupo de
comunicação da família Barbalho, diante da recalcitrância desta em negociar com o Sindicato dos Jornalistas, categoria cujos patamares salariais, embora habitualmente modestos, ainda assim estão acima daqueles historicamente pagos pelo grupo RBA, flagrantemente aviltantes. Daí o álibi dos Barbalho de acusar as
lideranças dos grevistas de deflagrarem uma paralisação com supostas motivações
político-partidárias. Mesmo sabendo, como até as pedras desta terra sabem, das
reservas dessas lideranças em relação a alguns dos dirigentes do sindicato. Um
álibi repetido como mantra, pelos Barbalho e seus prepostos, talvez porque
acreditem na máxima segundo a qual na política o que conta, no frigir dos ovos,
são as versões.
De resto, soa repulsiva a postura
ignominiosa dos Barbalho e seus áulicos em relação aos grevistas demitidos, tratados
como se fossem delinquentes de alta periculosidade. Uma postura, diga-se, própria daqueles que medem os outros pela sua própria régua.
Nenhum comentário :
Postar um comentário