Esta
é, certamente, a primeira vez que Ronaldo Passarinho Pinto de Souza é posto,
formalmente, sob a suspeita de improbidade administrativa. Formalmente,
diga-se, porque nos bastidores trata-se de uma suspeita recorrente. Ao prestígio do ilustre tio, o coronel Jarbas Passarinho – ex-governador
do Pará, ex-senador e ministro de Estado de governos da ditadura militar e do
presidente Fernando Collor –, atribui-se Ronaldo Passarinho Pinto de Souza ter seguido
incólume, em sua carreira política, a despeito das restrições a ele feitas, por
tê-lo como suspeito de corrupção, pelo temível e implacável SNI, o Serviço
Nacional de Informações, do qual é sucedânea legal, já dentro dos marcos do
regime democrático, a Abin, a Agência Brasileira de Inteligência.
Ao SNI cabia, prioritariamente, espionar
os adversários, assumidos ou em potencial, da ditadura militar, mas também
rastrear os quadros do próprio regime dos generais. Seus vetos, determinados
por suspeitas de subversão e/ou corrupção, costumavam ter a força de um
interdito proibitório, como pôde constatar o próprio Ronaldo Passarinho Pinto de Souza, no
início da década de 70 do século passado, quando foi anunciado como secretário
de Governo de Fernando Guilhon, um homem inquestionavelmente honesto, ungido governador do Pará com o aval de Jarbas
Passarinho. Nem o prestígio de Jarbas Passarinho conseguiu colocar abaixo o
veto imposto pelo SNI, obrigando Ronaldo Passarinho Pinto de Souza a um mise-em-scène, para
não tisnar a imagem do tio ilustre e a sua própria imagem. Assim, para consumo externo, supostos problemas
neurológicos obrigaram Ronaldo a abdicar da indicação de secretário de Estado.
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