SOB CENSURA, POR DETERMINAÇÃO DOS JUIZES TÂNIA BATISTELO, JOSÉ CORIOLANO DA SILVEIRA, LUIZ GUSTAVO VIOLA CARDOSO, ANA PATRICIA NUNES ALVES FERNANDES, LUANA SANTALICES, ANA LÚCIA BENTES LYNCH, CARMEN CARVALHO, ANA SELMA DA SILVA TIMÓTEO E BETANIA DE FIGUEIREDO PESSOA BATISTA - E-mail: augustoebarata@gmail.com
sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014
IMPROBIDADE – Nádia, Ronaldo e Sefer são réus
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Nádia Porto, com Quinzinho: escandalosa pilhagem. |
“Esta
situação evidenciou um claro conluio
doloso entre os réus, com vistas a burlar a lei e beneficiar a ré, em uma
deliberada afronta ao principio do concurso público, da legalidade e moralidade
administrativa, sendo que a contratação temporária somente pode ocorrer em
caráter excepcional, de forma temporária e após a devida fundamentação formal
da necessidade de contratação, o que no caso inexistiu.”
É
assim definida, na petição inicial, a tramóia da qual resultou a ação civil de
improbidade administrativa e ressarcimento ao erário – no valor estimado de R$ 764.020,00, a ser atualizado com correção monetária e eventuais juros moratórios -, com
medida liminar de indisponibilidade de bens, ajuizada pelo MPE, o Ministério
Público Estadual, na última terça-feira, 25 de fevereiro. Na ação figuram como
réus a odontóloga Nádia Douahy Khaled
Porto, ex-servidora temporária da Alepa, a Assembleia Legislativa do Pará; o
ex-deputado Ronaldo Passarinho Pinto de Souza, conselheiro aposentado do TCM, o
Tribunal de Contas dos Municípios do Pará; e Luis Afonso de Proença Sefer, ex-deputado,
pelo DEM, hoje no PP, personagem central de um escândalo de pedofilia, na esteira do qual renunciou ao mandato parlamentar, para escapar da cassação. No epicentro do
contencioso desponta a ré Nádia
Douahy Khaled Porto, irregularmente contratada em 1992 como servidora
temporária pela Alepa, na qual permaneceu até outubro de 1999, quando foi
cedida, também à margem da lei, para o TCM, onde
ficou abrigada até maio de 2011. A cedência de Nádia Douahy Khaled Porto para o TCM, terminantemente proibida pela lei, que não permite a cessão de temporários, se deu quando era presidente do tribunal Ronaldo Passarinho Pinto de Souza.
Este vem a ser tio do marido de Nádia Douahy Khaled Porto, Joaquim Passarinho
Pinto de Souza Porto, o Quinzinho, ex-deputado pelo PTB e ex-secretário estadual de Obras,
já no segundo mandato do governador tucano Simão Jatene.
A ação judicial ajuizada
pelo MPE é subscrita por Bruno
Beckembauer Sanches Damasceno, 2º promotor de Justiça de Defesa do Patrimônio
Público e da Moralidade Administrativa, e pelo procurador de Justiça Nelson
Pereira Medrado, coordenador do Núcleo de Combate à Corrupção e Improbidade
Administrativa. A Medrado coube rastrear, quando ainda promotor de Justiça, a
falcatrua da qual foi beneficiária a odontóloga Nádia Douahy Khaled Porto, no rastro da avalancha de escândalos
registrados nas últimas décadas no Palácio Cabanagem, sede da Alepa.
IMPROBIDADE – A caixa-preta das falcatruas
As
investigações conduzidas pelo então promotor de Justiça Nelson Medrado, sobre
as falcatruas registradas na Alepa, terminaram por levá-lo, dentre outras
aberrações, à tramóia da qual era beneficiária Nádia Douahy Khaled Porto. Com Medrado promovido a procurador de Justiça,
coube ao promotor de Justiça Bruno Beckembauer Sanches Damasceno finalizar as ações
judiciais que, pela mais absoluta impossibilidade de tempo, ficaram pendentes.
O
que emerge, de todo esse imbróglio, é a constatação de que Nádia Douahy Khaled Porto foi irregularmente
contratada pela Alepa e teve seu contrato prorrogado várias vezes, à revelia da
lei. Na contramão da lei, ela foi ainda cedida ao TCM e cumulou ilegalmente vencimentos desses dois órgãos. Recebeu
ilegalmente gratificação de dedicação exclusiva, pois tinha outras atividades e
só trabalhava no máximo duas horas por dia e apenas duas a três vezes por semana.
E o que é mais grave: foi cedida para o TCM, recebeu parte de seus vencimentos
pelo tribunal, mas trabalhava de fato para a Astecom, a Associação do Tribunal
de Contas dos Municípios, onde não tinha freqüência, mas sua suposta presença era atestada,
integralmente, pelo TCM.
IMPROBIDADE – Lambança em dose dupla
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Ronaldo Passarinho, cúmplice na tramóia para beneficiar Nádia Porto. |
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Luiz Afonso Sefer, que também coonestou a pilhagem ao erário. |
Independente
do destino de Nádia Douahy Khaled Porto, não há como
minimizar a lambança, em dose dupla, de Ronaldo Passarinho Pinto de Souza e Luis Afonso de Proença Sefer,
no imbróglio. Mais que isso, não há como escamotear a responsabilidade de cada
um, ao coonestarem a escandalosa pilhagem ao erário, do qual se locupletou Nádia Douahy Khaled Porto.
Passarinho,
tio de seu então namorado e atual
marido, Joaquim Passarinho Pinto de Souza Porto, o Quinzinho, foi quem
solicitou a cessão da ré para o TCM, do qual era, naquela ocasião, presidente.
Quanto a Sefer, o réu foi quem determinou
a cessão da ré Nádia
Douahy Khaled Porto à época e quem desvirtuou completamente a
contratação temporária que ele próprio realizara. Portanto, contrariou sua
própria iniciativa de motivação do ato de contratação.
IMPROBIDADE – A litigância de má-fé
Quando a lambança de Nádia Douahy Khaled Porto foi revelada com
exclusividade pelo Blog do
Barata e tornou-se do domínio público, a mulher de Quinzinho tratou de pedir exoneração, na
aparente expectativa de, assim, sepultar a previsível indignação pública diante
da execrável pilhagem ao erário. De resto, valendo-se da máfia togada e sem
desmentir uma só frase do que escrevi sobre ambos, Quinzinho e Nádia ajuizaram uma graciosa ação judicial contra mim, a pretexto de supostos danos morais, postulando uma indenização no valor
de R$ 20 mil. Trata-se de uma clara litigância de má-fé, destinada a blindar o
casal 20 da pilantragem e seus comparsas, como evidencia a tutela antecipada
solicitada, e devidamente contemplada, proibindo-me de tratar sobre a lambança no Blog do Barata, na renovação da ignominiosa censura prévia
judicial, graciosamente acatada pela juíza Ana Lúcia Bentes Lynch, da 2ª Vara
do Juizado Especial, uma lídima mucama dos inquilinos do poder.
O estopim da ação judicial movida pelo
casal Porto foram os comentários, feitos pelo blog, sobre a constatação do
Ministério Público Estadual, de acordo com a qual Nádia Douahy Khaled Porto não só figurava irregularmente dentre os servidores temporários da
Alepa, como ainda, atropelando a lei, foi cedida ao TCM, o templo das sinecuras
e das imoralidades institucionalizadas. O inusitado, na petição inicial, que
vagueia entre a estultícia e a má-fé, é que a revelação feita pelo blog,
assim como as considerações sobre os personagens da tramóia, não são
desmentidas. Diante da falta de consistência dos argumentos que esgrime, a
advogada do Casal 20 da pilhagem ao erário, uma tal de Rosana Tocantins,
enveredou pela tentativa de desqualificar-me e ao blog, no sinuoso atalho de
quem mede os demais pela sua própria régua.
IMPROBIDADE – MPE escancara a tramóia
O
mais irônico, no imbróglio protagonizado por Nádia Douahy Khaled Porto, Ronaldo Passarinho
Pinto de Souza e Luis Afonso
de Proença Sefer,
é que a petição inicial da ação ajuizada pelo MPE soa infinitamente mais
contundente que as críticas do Blog do Barata, que deram
causa ao contencioso que travo com o casal Porto. Na ação civil de improbidade
administrativa e ressarcimento ao erário, com medida liminar de
indisponibilidade de bens, ajuizada pelo MPE, este constata que Nádia Douahy Khaled Porto, com a cumplicidade de Ronaldo Passarinho
Pinto de Souza e Luis Afonso
de Proença Sefer, foi beneficiária, em verdade, de uma escandalosa sinecura.
“A verdade é que, muito
provavelmente, a sra. Nádia Porto recebia para não trabalhar. E, se
trabalhasse, não era nenhum tipo de serviço excepcional, conforme se pretendeu
forjar quando de sua contratação; senão se poderia até mesmo duvidar da
competência desta ré e de todos os demais dentistas que trabalhavam junto ao
setor odontológico da Alepa – em número de 9 – que não
eram capazes de sanar uma eventualidade e emergência em prazos alongados de
anos, configurando-se uma verdadeira epidemia odontológica”, assinala uma
passagem da ação. “Em relação à natureza não excepcional
do serviço que prestava, a própria ré esclareceu, no seu pedido de retorno ao
órgão de origem, quando agradece
a ‘oportunidade
de, por anos, desenvolver um trabalho responsável junto ao Setor Odontológico
desta Corte’”,
acrescenta a inicial.
IMPROBIDADE – Cinismo capaz de corar anêmico
Na
ação ajuizada pelo MPE, o promotor de Justiça Bruno Beckembauer Sanches
Damasceno e o procurador de Justiça Nelson Pereira Medrado não conseguem
represar a ironia, diante do cinismo, capaz de corar anêmico, exibido por Nádia
Douahy Khaled Porto, com
a cumplicidade de Ronaldo
Passarinho Pinto de Souza e Luis Afonso de Proença Sefer. “Ora, não se consegue reputar tamanha necessidade excepcional
do serviço odontológico que se perdurasse por tantos anos, a justificar sempre
prorrogações e recontratações de agente de saúde. Na realidade, o fato de haver
tantas recontratações e prorrogações apenas evidenciaria a incompetência da
profissional contratada, que em anos não conseguiria sanar a suposta
necessidade excepcional e mais incompetência administrativa ainda demonstraria
os administradores do TCM e da Alepa, que em mais de uma década não conseguiriam realizar
concurso para contratar odontólogas e consequentemente dispensar a ré”, assinalam. “O tempo do verbo foi usado
propositadamente, pois na realidade sabe-se que não se tratou de incompetência,
mas em voluntariedade em adotar atos ímprobos que viessem beneficiar a ré”, sublinham.
“Ademais, em trabalho exaustivo
para imaginar que tipo de necessidade urgente poderia justificar a contratação
da ré, imaginou-se
que nem mesmo uma crise ‘dentária’ em todos os funcionários e conselheiros do TCM e
funcionários e deputados estaduais justificaria a contratação da ré, pois mesmo neste
caso ninguém com tanta dor de dente esperaria a contratação de uma odontóloga
para iniciar qualquer tratamento”, ironizam ainda o promotor de Justiça Bruno
Beckembauer Sanches Damasceno e o procurador de Justiça Nelson Pereira Medrado. “De qualquer sorte, conforme se
depreende do conteúdo da nomeação da ré para a Alepa, às fls. 838, é possível observar que
a contratação fora feita para o cargo de assistente
de gabinete parlamentar, para o qual, definitivamente, não são desenvolvidas atividades odontológicas, mas
estritamente administrativas”, acentuam também o promotor e o procurador de Justiça.
“A inexistência de prestação de
serviços odontológicos é representada ainda pelo próprio contrato de prestação
de serviço com a Alepa às fls. 843/844, pois não consta qualquer referência
quanto ao fato da ré ter sido contratada para prestar serviços de
natureza médica; pelo
contrário, consta que a natureza da
contratação objetivava a prestação de serviços na finalidade ‘fim’ da Casa Legislativa, conforme
transcrição da cláusula primeira do contrato”, reforçam Beckembauer
e Medrado, na ação ajuizada.
IMPROBIDADE – Deliberada afronta
Na
ação ajuizada pelo MPE, o promotor de Justiça Bruno Beckembauer Sanches
Damasceno e o procurador de Justiça Nelson Pereira Medrado esfarinham os
eventuais malabarismos semânticos que tentem justificar a lambança
protagonizada por Nádia Douahy Khaled Porto, com
a cumplicidade de Ronaldo
Passarinho Pinto de Souza e Luis Afonso de Proença Sefer. “É imperioso notar que Nádia Porto fora
admitida no serviço público por meio de vínculo temporário, que somente pode
ser contratado para situações muito específicas, que atendam necessidade
temporária de excepcional interesse público (art. 37, XI, CF/88), nos termos da
lei”, acentuam, para então fulminar: “Esta situação evidenciou um claro conluio doloso entre os réus, com
vistas a burlar a lei e beneficiar a ré, em uma deliberada afronta ao principio
do concurso público, da legalidade e moralidade administrativa, sendo que a
contratação temporária somente pode ocorrer em caráter excepcional, de forma
temporária e após a devida fundamentação formal da necessidade de contratação,
o que no caso inexistiu.”
“Tem-se
que observar que a contratação temporária tem por objetivo maior o atendimento
de uma necessidade iminente urgente da administração pública. A cessão do
servidor, quando contratado para estes fins específicos, configura um total
desvirtuamento da sistemática legal (!!!)”, destacam Beckembauer e Medrado. “Permitir
esta situação seria permitir a desconsideração da exigência de prévio concurso
para ingresso no serviço público, pois seria possível contratar qualquer pessoa
a título temporário e posteriormente realocar os indivíduos, conforme fosse
mais interessante para os beneficiários”, observam também o promotor e o
procurador de Justiça, na ação de improbidade administrativa ajuizada.
Ao
fim e ao cabo, o promotor de Justiça Bruno Beckembauer Sanches Damasceno e o
procurador de Justiça Nelson Pereira Medrado são definitivos em desmascarar a
farsa destinada a escamotear a escandalosa pilhagem ao erário. “Tomando por
base as determinações da lei 8.745/93 e da lei complementar estadual 07/91,
sobre prazos máximos para a contratação temporária e prorrogação de contratos,
tendo em vista a natureza do exercício que a ré prestava junto aos órgãos em
que trabalhou, outra não pode ser a conclusão senão a de que Nádia Porto esteve
no serviço público de forma completamente ilegal e sequer prestava serviço de
relevância e urgência para os órgãos, podendo-se até mesmo duvidar sobre a sua
efetiva prestação de serviços (!)”, salientam.
IMPROBIDADE – Contradições evidenciam farsa
Na
ação ajuizada pelo MPE, o promotor de Justiça Bruno Beckembauer Sanches
Damasceno e o procurador de Justiça Nelson Pereira Medrado enfatizam que as
contradições da própria Nádia Douahy
Khaled Porto, em depoimento ao parquet, em 21 fevereiro de 2014, evidenciam a
farsa destinada a escamotear a pilhagem ao erário. No seu depoimento, ela
declara que foi contratada para prestar serviços de odontologia à Alepa, mas
depois de determinado período, que não recorda, a carga horária era de apenas
duas horas, pois a Assembleia Legislativa do Pará dispunha de outros nove
odontólogos, razão pela qual não mais precisava exercer suas funções no Palácio
Cabanagem.
Diante
das contradições de Nádia Douahy
Khaled Porto, Beckembauer
e Medrado são definitivos. “A irregularidade, nobre julgador, não existiu
apenas porque foram desobedecidos os prazos de permanência, mas também porque a
justificativa de seu ingresso não obedeceu aos ditames de ‘necessidade
temporária e excepcional’ taxativamente previstos no art. 2º, da lei 8475/93, o
que é ainda mais grave”, assinalam também. “A verdade é que muito
provavelmente, a sra. Nádia Porto recebia para não trabalhar. E, se
trabalhasse, não era nenhum tipo de serviço excepcional, conforme se pretendeu
forjar quando de sua contratação; senão se poderia até mesmo duvidar da
competência desta ré e de todos os demais dentistas que trabalhavam junto ao
setor odontológico da Alepa – em número de 9 – que não eram capazes de sanar
uma eventualidade e emergência em prazos alongados de anos, configurando-se uma
verdadeira epidemia odontológica”, concluem.
IMPROBIDADE – A turma do arromba
Nádia
Douahy Khaled Porto,
personagem central dessa escandalosa pilhagem ao erário, é mulher de Joaquim
Passarinho Pinto de Souza Porto, o Quinzinho,
ex-deputado estadual pelo PTB, reprovado no teste das urnas nas
eleições de 2010 e cujo feito mais notável, como parlamentar, foi ser autor da
Lei do Fio Dental. Pela lei, restaurantes, bares e similares são obrigados a
fornecer fio dental aos consumidores, uma iniciativa de relevância discutível
em um Estado, como o Pará, que ostenta índices sociais africanos. Quinzinho, na verdade, se chama Joaquim
Pinto de Souza Porto, nome ao qual agregou o sobrenome ilustre do tio-avô por
oportunismo eleitoral. Ele é também irmão de Jarbas Pinto de Souza Porto, que desde
o início dos anos 90 do século XX é subsecretário legislativo da Alepa, cargo
comissionado do qual se apossou, como se vitalício fosse, pela via do
nepotismo, quando pontificava no Palácio Cabanagem o ex-deputado Ronaldo Passarinho
Pinto de Souza, seu tio e sobrinho predileto do coronel Jarbas Passarinho.
Ex-ministro, ex-senador e ex-governador do Pará, Jarbas Passarinho foi uma das
lideranças reveladas pelo golpe militar de 1º de abril de 1964, sob cuja sombra
fez carreira política Ronaldo Passarinho Pinto de Souza, por ele tratado como se filho fosse.
Ronaldo aposentou-se como conselheiro-presidente do TCM. Onde, não por acaso,
aboletou-se, à margem da lei, Nádia Douahy Khaled Porto, a mulher de
Joaquim Passarinho Pinto de Souza Porto, o Quinzinho.
Outro ilustre irmão de Quinzinho
é Raul Pinto de Souza Porto. Este vem a ser
aquele que, quando secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente,
foi preso e algemado pela Polícia Federal, em 2007, acusado de participar do
esquema de recebimento de propina para favorecer madeireiras locais, com a
liberação de documentação autorizando a extração ilegal de madeira.
IMPROBIDADE – Ronaldo e as recorrentes suspeitas
Esta
é, certamente, a primeira vez que Ronaldo Passarinho Pinto de Souza é posto,
formalmente, sob a suspeita de improbidade administrativa. Formalmente,
diga-se, porque nos bastidores trata-se de uma suspeita recorrente. Ao prestígio do ilustre tio, o coronel Jarbas Passarinho – ex-governador
do Pará, ex-senador e ministro de Estado de governos da ditadura militar e do
presidente Fernando Collor –, atribui-se Ronaldo Passarinho Pinto de Souza ter seguido
incólume, em sua carreira política, a despeito das restrições a ele feitas, por
tê-lo como suspeito de corrupção, pelo temível e implacável SNI, o Serviço
Nacional de Informações, do qual é sucedânea legal, já dentro dos marcos do
regime democrático, a Abin, a Agência Brasileira de Inteligência.
Ao SNI cabia, prioritariamente, espionar
os adversários, assumidos ou em potencial, da ditadura militar, mas também
rastrear os quadros do próprio regime dos generais. Seus vetos, determinados
por suspeitas de subversão e/ou corrupção, costumavam ter a força de um
interdito proibitório, como pôde constatar o próprio Ronaldo Passarinho Pinto de Souza, no
início da década de 70 do século passado, quando foi anunciado como secretário
de Governo de Fernando Guilhon, um homem inquestionavelmente honesto, ungido governador do Pará com o aval de Jarbas
Passarinho. Nem o prestígio de Jarbas Passarinho conseguiu colocar abaixo o
veto imposto pelo SNI, obrigando Ronaldo Passarinho Pinto de Souza a um mise-em-scène, para
não tisnar a imagem do tio ilustre e a sua própria imagem. Assim, para consumo externo, supostos problemas
neurológicos obrigaram Ronaldo a abdicar da indicação de secretário de Estado.
IMPROBIDADE – Médici e a frustração de Jarbas
A
frustrada interferência de Jarbas Passarinho, junto ao presidente Emílio
Médici, na tentativa de colocar abaixo o veto do SNI a Ronaldo Passarinho Pinto de Souza, foi
relatada pelo general Octávio Costa, em depoimento a Maria Celina D’Araujo e
Gláucio Ary Dilon Soares, em agosto e setembro de 1992. O depoimento de Costa figura
em um dos volumes da trilogia sobre a memória militar, editada pela Relume-Dumará, em 1994, a respeito da ditadura militar, que se estendeu de 1964 a
1985. O volume, com o depoimento de Costa, intitula-se “Os Anos de Chumbo – A memória
militar sobre a repressão”.
A
respeito desse episódio, envolvendo Jarbas Passarinho, assim relatou o general Octávio Costa:
“Vou dar um testemunho sobre o Passarinho.
Meu amigo Jarbas era um homem queridíssimo pelo Médici, que tinha por ele
enorme admiração, embora o cargo de ministro da Educação possa tê-lo desgastado
um pouco, como também o desgastou a política paraense. Era o homem da revolução
no Pará: nada se fazia ali sem ouvi-lo. Foi ele quem indicou o primeiro
governador paraense escolhido pelo Médici, o Guilhon. Ao organizar seu
governo, o Guilhon escolheu para secretário de Governo o Ronaldo Passarinho,
filho da irmã e madrinha do Passarinho, que tinha por ela verdadeira adoração.
Como havia controvérsias regionais sobre o Roinaldo, o SNI botou um sinal
vermelho em sua escolha. Sabe-se que esses sinais vermelhos eram comuns, e que
as motivações que o inspiravam, hoje, poderiam não ter a menor importância.
“Esse veto representou um sério
problemas para o ministro. Atingido em seu prestígio pessoal, realmente
inegável, resolveu dirigir-se diretamente ao presidente. Foi uma imprudência. O
procedimento mais realista seria entrar na sala do Fontoura, expor suas razões.
Se não chegasse a uma conclusão favorável teria duas soluções: ‘botar a viola
no saco’ ou ‘pedir o seu boné’. No entanto, o ministro preferiu ir diretamente
ao Médici, apresentou o caso, argumentou. Enquanto ele falava, Médici cravava
aquele olho azul em cima dele. Quando o ministro se convenceu, por aquele
olhar, que não tinha sido bem-sucedido em sua iniciativa, tentou recuar.
Sabe-se que teria dito algo como: ‘Presidente, sinto que estou importunando o
senhor com este assunto, que não deveria ter trazido à sua consideração: vou
conversar com o general Fontoura’. E que o Médici, com autoridade e segurança,
teria retrucado: ‘Passarinho, você trouxe o problema ao presidente
da República. Não posso mais ignorá-lo, o assunto agora é meu. Deixe esse
dossiê comigo que vou estudá-lo e chegar a uma conclusão pessoal. Se eu
concluir que o SNI não tem razão, o rapaz vai ser liberado para a nomeação:
direi ao Fontoura que levante o veto e autorize. Mas se eu chegar à conclusão
que há alguma coisa procedente contra o rapaz, dentro dos padrões do SNI, você
vai ‘adoecer’ seu sobrinho e ele
declinará do convite feito pelo Guilhon’. O rapaz ‘adoeceu’.
“Esse caso exemplifica duas coisas: a
visão de chefia de Médici e a importância dada ao SNI, bem como a relatividade
do poder de um ministro da Educação àquela época. O presidente prestigiou
totalmente o SNI e mostrou que possuía um grande senso de respeito hierárquico,
bem como o sentimento de sua autoridade. Ora, ele era um ex-chefe do SNI, e o
tinha como uma coisa quase infalível. As estruturas do SNI eram como os ossos
do presidente. Essa foi uma pequena questão, imagine-se outras mais sérias.”
Em tempo: Fontoura,
mencionado no depoimento de Costa, vem a ser o general Carlos Alberto da
Fontoura, chefe do SNI na época do veto a Ronaldo Passarinho Pinto de Souza. Sobre o general apresentar como "revolução" o golpe militar de 1º de abril de 1964, trata-se de um viés da idiossincrasia castrense, sem amparo histórico ou sociológico.
segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014
IMPROBIDADE – Tucanalha tenta poupar Alice
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Alice Viana: remuneração faraônica, viabilizada à margem da lei. |
Segundo
versão que varre os bastidores do poder no Pará, o governador Simão Jatene
(PSDB) teria articulado uma espécie de força-tarefa para tentar poupar a
secretária estadual de Administração, Alice Viana, de ser ré em uma ação
judicial por improbidade administrativa, com ressarcimento do erário, a ser
ajuizada no TJ do Pará, o Tribunal de Justiça do Estado, pelo MPE, o Ministério
Público Estadual. Originária do TJ Pará, o Tribunal de Justiça do Estado, Alice
figura no elenco de cabeças coroadas que ignoravam solenemente o teto salarial,
acumulando as remunerações dos órgãos cedentes e cecionários, sem aplicar o
redutor constitucional.
A ideia inicial era ajuizar uma ação judicial por
improbidade, com ressarcimento ao erário, na qual figurariam como rés, além de
Alice Viana, Ana Maria Barata, originária da Defensoria Pública e cedida por
longos anos ao MPE, e Marta Maria Vinagre Bembom, procuradora da Alepa, a
Assembleia Legislativa do Pará, cedida ao TCE, o Tribunal de Contas do Estado.
Todas três acumulavam as remunerações dos órgãos
cedente e cessionário, sem que, somados os pagamentos brutos, fosse descartado
o que excede o teto constitucional, como determina a lei.
IMPROBIDADE – Sai Medrado, entra Beckembauer
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Beckembauer (segundo, da esq. para a dir.), o substituto de Medrado. |
O imbróglio envolvendo Ana Maria Barata, Marta Maria Vinagre
Bembom e Alice Viana foi resultado das investigações conduzidas pelo então
promotor de Justiça Nelson Medrado, sobre as falcatruas das remunerações
faraônicas, registradas na esteira do desrespeito ao teto constitucional. Um
profissional de competência, probidade e experiência consensualmente reconhecidas,
ao ser promovido, por antiguidade, a procurador de Justiça, Medrado foi substituído
pelo promotor de Justiça Bruno Beckembauer Sanches Damasceno, ao qual ficou
afeto o imbróglio das remunerações faraônicas, obtidas à margem da lei.
Segundo relato feito ao Blog do Barata por
fonte do MPE, o promotor de Justiça Bruno Beckembauer Sanches Damasceno optou
por fatiar em três ações judiciais a ação judicial originalmente minutada, por
entender que assim contribuiria para agilizar a tramitação dos contenciosos
envolvendo Ana Maria Barata, Marta Maria Vinagre Bembom e Alice Viana.
IMPROBIDADE – Pretensão que não se sustenta
Por
uma questão de equidade, soa fatalmente surreal a pretensão da tucanalha, a
banda podre do PSDB, de poupar Alice Viana, secretária estadual de
Administração, de ser ré em uma ação por improbidade, com ressarcimento do
erário, na esteira do desrespeito ao teto constitucional. Afinal, o Ministério
Público Estadual já ajuizou as ações judiciais, pelos mesmos motivos, contra
Ana Maria Barata e Marta Maria Vinagre Bembom.
Ana
Maria Barata inclusive já retornou à Defensoria Pública, da qual é originária,
após passar anos abrigada no MPE, o Ministério Público Estadual. Marta Maria Vinagre Bembom, procuradora da Alepa, a Assembleia
Legislativa do Pará, cedida ao TCE, o Tribunal de Contas do Estado, foi deste
defenestrada tão logo o MPE ajuizou a ação na qual figura como ré, por
improbidade, no rastro do desrespeito ao teto constitucional.
IMPROBIDADE – Lobby alcança procurador-geral
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Marcos Antônio Neves (à esq., com Jatene): alvo do lobby da impunidade. |
Fontes
distintas, mas todas do próprio MPE, o Ministério Público Estadual, identificam
como expoentes da lambança articulada pelo Palácio dos Despachos, sede do
governo do Pará, o procurador geral do Estado, Caio Trindade, e Paulo Klautau Filho, procurador do Estado. Relatos
feitos ao Blog do Barata revelam que Trindade e Klautau estiveram
recentemente no edifício-sede do MPE, para uma audiência com o procurador-geral
de Justiça, Marcos Antônio Ferreira das Neves,
notabilizado pela postura servil diante do governador Simão Jatene (PSDB).
Ambos,
Caio Trindade e Paulo Klautau Filho, teriam fortes motivos pessoais para anabolizar o
lobby da impunidade, como foi
etiquetada a mobilização para poupar Alice Viana de uma ação judicial por
improbidade, com ressarcimento do erário. O lobby
da impunidade, destinado a poupar Alice Viana, soa tanto mais execrável diante
da postura do MPE em relação a Ana Maria Barata, originária da Defensoria
Púiblica, e Marta Maria Vinagre Bembom,
procuradora da Alepa, a Assembleia Legislativa do Pará, cedida ao TCE, o
Tribunal de Contas do Estado.
IMPROBIDADE – Motivações de Trindade e Klautau
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Caio Trindade (acima) e Paulo Klautau Filho (abaixo), que comandam o lobby da impunidade inspirado por Jatene, para poupar Alice Viana. |
Segundo a versão corrente, Caio Trindade, o procurador geral
do Estado, tem motivos de sobra para se empenhar em poupar Alice Viana, a secretária estadual de Administração. De acordo com relatos de bastidores, ele ambiciona chegar ao desembargo, na vaga destinada à OAB, a Ordem dos Advogados do Brasil, no
quinto constitucional, avalizado pelo governador Simão Jatene. E contando, naturalmente,
com o apoio de Alice Viana, originária do TJ do Pará.
Para Paulo Klautau Filho, seria uma excelente oportunidade de dar
um lustro na imagem, depois do vexame que protagonizou, ao ser flagrado
dirigindo bêbado, durante uma blitz de trânsito. Detido pela Polícia Militar,
ele disparou uma avalanche de impropérios, desacatando os PMs e o delegado de plantão, em
um barraco registrado em vídeo. Já
sóbrio, ele teve a humildade de desculpar-se publicamente pelo papelão.
IMPROBIDADE – A desfaçatez da secretária
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Nelson Medrado: destinatário da barganha de Alice Viana. |
Vagueando
entre a prepotência e a desfaçatez, Alice
Viana, a secretária estadual de Administração, originária do TJ do Pará, o
Tribunal de Justiça do Estado, não exibiu nenhum resquício de escrúpulos ao protagonizar
um episódio de constrangimento explícito a promotores e procuradores de Justiça
do MPE. Ela simplesmente propôs ao MPE devolver aos cofres públicos, sem mais
delongas, o que embolsou indevidamente, solicitando, porém, que o Ministério
Público Estadual desista da ação judicial na qual deverá figurar como ré.
A graciosa proposta da secretária
estadual de Administração, notabilizada pelo arrogância própria dos
deslumbrados com a ascensão social, ocorreu em telefonema ao procurador de
Justiça Nelson Medrado, que quando promotor de Justiça flagrou a tramóia das
remunerações faraônicas. “Nunca tinha visto algo semelhante, em se tratando de
improbidade”, assinala uma outra fonte do Blog do
Barata, ao relatar as circunstâncias nas
quais Alice Viana protagonizou a inusitada barganha.
IMPROBIDADE – Lentidão alimenta especulações
A lentidão do MPE, o Ministério Público, em ajuizar a ação
judicial por improbidade, com ressarcimento do erário, contra Alice Viana, a
secretária estadual de Administração, acaba por alimentar uma avalanche de
especulações - algumas nada lisonjeiras - em relação ao promotor de Justiça Bruno
Beckembauer Sanches Damasceno. Entre outras ilações, ele é suspeito de supostamente
se acovardar, diante do lobby da
impunidade deflagrado pelo Palácio dos Despachos.
Embora em princípio injusta em relação
ao promotor de Justiça Bruno Beckembauer Sanches Damasceno, que certamente merece o benefício da dúvida, esse tipo de
suspeita, diga-se, é previsível, diante da postura servil do procurador-geral
de Justiça, Marcos
Antônio Ferreira das Neves, em relação ao governador Simão Jatene. E Neves, convém sublinhar, dispõe de poder para despachar novamente para o interior Beckembauer, que ainda não alcançou a terceira entrância, mas para o qual permanecer em Belém é, por problemas de saúde, a melhor alternativa, no momento.
IMPROBIDADE – Bembom dribla constrangimento
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Marta Bembom, agora ré em ação de improbidade movida pelo MPE. |
No
rastro do ajuizamento de ação por improbidade, com ressarcimento do erário, na
qual é ré, Marta Maria Vinagre Bembom foi exonerada - formalmente
a pedido - do TCE, o Tribunal de Contas do Estado. Ela retorna, assim, à Alepa,
a Assembleia Legislativa do Pará, da qual é procuradora. A decisão de Marta Maria
Vinagre Bembom em retornar à Alepa acabou por poupá-la de um colossal
constrangimento. É que servidores de carreira do tribunal articulavam uma
manifestação, para exigir do presidente do TCE, Cipriano Sabino, o imediato
afastamento de Marta Maria Vinagre Bembom. Os servidores entendem que sua eventual
permanência no tribunal, diante das suspeitas de improbidade, iria fatalmente
depor contra a imagem do TCE.
Segue
a transcrição da portaria de exoneração de Marta Maria Vinagre Bembom
do cargo
comissionado que ocupava no TCE:
Término de vínculo de servidor
número de publicação:
648351
Ato: PORTARIA nº 28.291
Término Vínculo:
12/02/2014
Tipo: Termino de Vínculo
de Servidor
Motivo: A pedido.
Orgão: TRIBUNAL DE
CONTAS DO ESTADO
Servidor(es): Comissionado
/ MARTA MARIA VINAGRE BEMBOM (PROCURADOR NS-03)
Ordenador: Cipriano
Sabino de Oliveira Júnior
domingo, 23 de fevereiro de 2014
BLOG – Problemas impedem atualização
Problemas
diversos, inclusive de saúde, obrigaram-me a suspender a atualização do Blog do Barata nos últimos 10 dias.
De
volta, agradeço a compreensão dos internautas em geral, e mais particularmente
de todos aqueles que prestigiam-me acessando o blog e/ou dele participando
ativamente com seus comentários e/ou críticas.
SEMOB – A indústria de multas de Zenaldo
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Zenaldo Coutinho: suspeito de investir na indústria de multas. |
Abrigada
no off, para se proteger de eventuais retaliações, internauta faz uma grave
denúncia, sobre “um grande esquema de fábrica de
multas” supostamente instalada na Semob, a Superintendência Executiva de
Mobilidade Urbana de Belém, sucedânea da CTBel,
a Companhia de Transportes do Município de Belém. A denúncia acrescenta que é
colossal o volume de “multas fabricadas” pela antiga Ctbel, atual Semob, produzidas
tanto pelos agentes de trânsito, que multam e nada fazem para orientar o tráfego,
como pelas “araras”, aparentemente desreguladas, acrescenta a fonte do Blog do Barata. “Essa diretora-superintendente da Semob,
Maíza Sales Gama Tobias, é uma incompetente, pois, o trânsito está pior”, assinala
a mesma fonte, antes de fulminar: “Ela conseguiu piorar o que já era ruim, por
isso certamente as reclamações aumentaram.”
A
denúncia da internauta, que também dirige seu carro, suscita uma grave
suspeita, segundo a qual as “araras” poderiam ter sido deliberadamente
desreguladas, para alimentar a “fábrica de multas”. A fonte do blog cita como
exemplo a “arara” instalada na avenida
Júlio César, próximo da Semob. Com base em recorrentes queixas semelhantes às
suas, a internauta suspeita de que a calibragem do equipamento apresente uma
grave falha. “O veículo passa na velocidade de 50 ou 55 KM e já é multado, como
se estivesse a mais de 60 KM”, assinala.
SEMOB – Relato devastador
O relato da fonte do Blog do Barata é devastador, tornando palatável a suspeita
suscitada. “Recebi não apenas uma multa, mas 17, multas na mesma ‘arara’ em
dias consecutivos, pois ali passo todos os dias, posto que trabalho na Augusto
Montenegro”, relata a internauta. “Quanto estive na Semob, para reclamar, me
deparei com dezenas de pessoas que estavam reclamando do mesmo radar e que
receberam também diversas multas”, sublinha.
A internauta relata ainda seu drama
cotidiano, na alternativa possível para não ser multada. “Atualmente, para não
ser multada, passo por ali a 30 KM, recebendo xingamento dos outros motoristas,
achando que estou devagar demais”, conta. “Mas, se não for assim, é multa na
certa!”, exclama.
SEMOB – Uma tramóia altamente rentável
A internauta ouvida pelo Blog do Barata fundamenta a denúncia de que o radar instalada
na avenida Júlio Cesar, próximo da Semob, possa ter sido desregulado
deliberadamente. “O referido equipamento foi instalado há apenas dois meses e
está dando um lucro absurdo, pois o radar é de uma empresa particular, que
ganha um percentual sobre as multas aplicadas”, sublinha a internauta.
A mesma fonte sublinha, sobre o radar
desregulado, instalado há dois meses na avenida Júlio César, próximo da Semob,
contabilizou, em apenas 60 dias, 80 mil multas, cujos valores vão de um mínimo
de R$ 85,13 a um máximo de R$ 574,62. “Utilizando-se o menor valor das multas,
isto é, R$ 85,13, multiplicado por 80 mil multas, chega-se ao faturamento de R$
6.810.400,00, apenas com o radar instalado na avenida Júlio César”, acentua a
fonte do Blog do Barata. Para os gatunos do erário, a
tentação soa quase irresistível.
MANGUEIRÃO – Desrespeito ao torcedor
Pior
do que o gramado do Mangueirão, como se verificou domingo passado, 16, no
clássico entre Clube do Remo e Paysandu, pelo campeonato estadual, só mesmo o
recorrente desrespeito ao torcedor, depois que este adentra no estádio estadual
e pretenda fazer um lanche. A falta de higiene expõe o torcedor, aí já no papel
de consumidor, a graves problemas de saúde, como desgraçadamente pôde constatar
Diogo Abner Viegas
Guimarães, sua mulher e o filho menor do casal. Duas horas depois de um lanche –
cachorro quente, acompanhado de refrigerante - os três começaram a sentir
cólicas intensas, acompanhadas de vômitos, acrescido de diarréia, no caso do
filho menor do casal.
Quando levou seu
filho ao banheiro, em busca de um sanitário, o cenário não poderia ser mais
impactante, narra Diogo Abner Viegas Guimarães. “Deparei-me com um banheiro inundado, sem papel higiênico e
sem condições de uso”, conta.
MANGUEIRÃO – Indiferença criminosa
Mas o pior
estava por vir, acrescenta o relato feito ao Blog
do Barata. Preocupado com o filho menor e a mulher, Diogo
Abner Viegas Guimarães procurou um posto médico, instalado em uma ambulância,
no qual a enfermeira de plantão, que se identificou como Ione, antecipou o
diagnóstico, dizendo tratar-se de uma intoxicação alimentar. E só.
“Não temos, aqui, medicação para esse tipo de problema. Convém
recorrer a uma unidade de saúde”, resumiu a enfermeira, segundo a versão
oferecida por Diogo Abner Viegas Guimarães.
MANGUEIRÃO – Unimed, a alternativa possível
O jeito foi Diogo
Abner Viegas Guimarães recorrer à unidade da Unimed localizada na travessa
Castelo Branco, onde os médicos confirmaram que se tratava de um caso de
intoxicação alimentar, tratando então de medicar os três – o filho menor do
casal, a mãe e o pai do garoto.
No caso do garoto, filho do casal, os médicos da Unimed trataram
de interná-lo. As despesas médico-hospitalares custaram quase R$ 500,00. “Agora, imaginem se fosse um pai de família assalariado,
como iria efetuar esse tratamento?”, questiona Diogo Abner Viegas
Guimarães.
MANGUEIRÃO – Falta de higiene e menosprezo
Diogo
Abner Viegas Guimarães é incisivo ao comentar a falta de higiene no boxe destinado
à venda de refeições e lanches no Mangueirão. A falta de higiene traduz, do seu
ponto de vista, o menosprezo dos inquilinos do poder em relação ao torcedor
anônimo. O suco que pediu, por exemplo, foi servido em um recipiente sem
nenhuma identificação. Diogo Abner Viegas Guimarães optou, então, por pedir
suco industrializado, em cuja embalagem, porém, estava apagada a data de
validade do produto. Questionado a respeito, o vendedor alegou que o sumiço do
prazo de validade, na embalagem do suco industrializado, explicava-se porque o
produto ficava submerso no gelo.
Ao começar a passar mal, juntamente com sua mulher e o filho
menor, e na convicção de que a intoxicação alimentar derivava da refeição feita
no Mangueirão, Diogo Abner Viegas Guimarães reclamou, em tom indignado. Como
resposta, de um dos vendedores, ele foi orientado, em tom de menosprezo, a
buscar seus direitos. O vendedor insolente sublinhou ainda que o
estabelecimento comercial passara por uma recente inspeção da Vigilância
Sanitária de Ananindeua.
MANGUEIRÃO – Vigilância Sanitária sob suspeita
Diogo Abner Viegas Guimarães, em seu relato, ecoa a versão de
acordo com a qual, na esteira de arranjos políticos, a Vigilância Sanitária
estaria engessada. A versão nesse sentido teria sido verbalizada, para Diogo
Abner Viegas Guimarães, por um fiscal, segundo o qual a direção da Vigilância
Sanitária orientara seus fiscais a não apreender produtos sem a identificação
da procedência.
“A orientação é no sentido de não mexermos com a associação dos vendedores ambulantes do Mangueirão”,
sublinha Diogo Abner Viegas Guimarães, ao reproduzir as
declarações atribuídas a um fiscal.
terça-feira, 11 de fevereiro de 2014
JATENE – MPE conivente com farra de temporários
Se
confirmada a denúncia, segundo a qual o governador tucano Simão Jatene, o Simão Preguiça, patrocina a contratação
de três mil servidores temporários, trata-se de um repulsivo escárnio em relação
ao contingente de concursados à espera de nomeação. Mas não só isso.
O
desdém à meritocracia por parte da tucanalha, a banda podre do PSDB, afronta
não só as instituições democráticas, como tisna particularmente a credibilidade
do MPE, o Ministério Público Estadual, que mantém um silêncio comprometedor, no
limite da conivência, diante da farra de temporários patrocinado por Jatene.
A situação é tanto mais insustentável, porque evidencia a
motivação eleitoreira da lambança promovida por Simão Preguiça – seja para reeleger-se governador, ou eleger-se
senador, ou simplesmente para fazer seu sucessor.
SAÚDE – O dramático apelo da mãe coragem
Mãe
de um filho de 33 anos, cuja vida depende de um medicamento “em falta há um bom tempo” no Hemopa, o Centro de
Hemoterapia e Hematologia do Pará, Marinalva Alves de Sousa vem a público, em um comovente gesto
de coragem moral, cobrar providências e denunciar a indiferença dos inquilinos
do poder diante do sucateamento da saúde pública no Pará.
“Para minha surpresa, fui com ele (o filho) à consulta
no dia 28 de fevereiro e seu medicamento, Azatropina de 50 mg, está em falta há
um bom tempo na fundação e sem previsão de chegada”, revela. E acrescenta, em
tom indignado: “É assim que caminha
a saúde pública no Pará, com o desavergonhado desgovernador Simão Preguiça!”
SAÚDE – A denúncia de dona Marinalva, na íntegra
Segue
abaixo, na íntegra, a denúncia de dona Marinalva
Alves de Sousa:
“Meu
caro Barata,
“Tenho um filho de 33 anos que há mais de 25 anos faz
tratamento no Hemopa, pois tem queda acentuada de plaquetas, que é uma grave doença
do sangue, controlada com o uso contínuo desse medicamento. Nesse tempo nunca
faltou remédio para ele. Para minha surpresa, fui com ele à consulta no dia 28
de fevereiro e seu medicamento, Azatropina de 50 mg, está em falta há um bom
tempo na fundação e sem previsão de chegada. Saiba, Barata, que este
medicamento é difícil de encontrar na rede comercial. É preciso encomendar e é
essencial para manter a vida do paciente, se não a taxa de plaqueta cai e ele
pode morrer a qualquer momento, sangrando com um simples arranhão, pois a
coagulação de quem padece desta doença torna-se com a diminuição das plaquetas.
“É assim que caminha a saúde pública no
Pará, com o desavergonhado desgovernador Simão
Preguiça. Aliás, ele é tão preguiçoso que vai renunciar, para não ter que
acumular o trabalho de governador com a campanha. Te esperta, preguiçoso.
Atende o povo que precisa das ações governamentais e que está morrendo à míngua.
“Marinalva Alves de Sousa”
SANTIAGO ANDRADE – A despedida da filha
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Santiago Andrade, em ação: legado exaltado pela filha, Vanessa. |
A filha do cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade, 49,
publicou uma carta de despedida em sua página no Facebook nesta última
segunda-feira, 10. No texto, Vanessa Andrade diz que o pai tinha uma tatuagem
com o nome da filha no antebraço e que passou a noite no hospital se
despedindo.
"Deitada em seu ombro, tivemos
tempo de conversar sobre muitos assuntos, pedi perdão pelas minhas falhas e
prometi seguir de cabeça erguida e cuidar da minha mãe e meus avós”, relata
Vanessa. “Ele estava quentinho e sereno", escreveu. "Éramos só nós
dois, pai e filha, na despedida mais linda que eu poderia ter."
SANTIAGO ANDRADE – Um comovente adeus
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Santiago Andrade com a filha, Vanessa: comovente despedida. |
Segue
abaixo, na íntegra, o comovente texto de Vanessa:
“Meu nome é Vanessa Andrade, tenho 29 anos e acabo de perder meu
pai.
“Quando decidi ser jornalista, aos 16,
ele quase caiu duro. Disse que era profissão ingrata, salário baixo e muita
ralação. Mas eu expliquei: 'vou usar seu sobrenome'. Ele riu e disse: 'então pode!'
“Quando fiz minha primeira tatuagem, aos
15, achei que ele ia surtar. Mas ele olhou e disse: ‘caramba, filha. Quero
fazer também’. E me deu de presente meu nome no antebraço.
“Quando
casei, ele ficou tão bêbado, que na hora de eu me despedir pra seguir em lua de
mel, ele vomitava e me abraçava ao mesmo tempo.
“Me ensinou muitos valores. A gente que
vem de família humilde precisa provar duas vezes a que veio. Me deixou a vida
toda em escola pública porque preferiu trabalhar mais para me pagar a
faculdade. Ali o sonho dele se realizava. E o meu começava.
“Esta noite eu passei no hospital me
despedindo. Só eu e ele. Deitada em seu ombro, tivemos tempo de conversar sobre
muitos assuntos, pedi perdão pelas minhas falhas e prometi seguir de cabeça
erguida e cuidar da minha mãe e meus avós. Ele estava quentinho e sereno.
Éramos só nós dois, pai e filha, na despedida mais linda que eu poderia ter. E
ele também se despediu.
“Sei que ele está bem. Claro que está. E
eu sou a continuação da vida dele. Um dia meus futuros filhos saberão quem foi
Santiago Andrade, o avô deles. Mas eu, somente eu, saberei o orgulho de ter o
nome dele na minha identidade.
“Obrigada, meu Deus. Porque tive a
chance de amar e ser amada. Tive todas as alegrias e tristezas de pai e filha.
Eu tive um pai. E ele teve uma filha.
“Obrigada a todos. Ele também agradece.
“Eu sou Vanessa Andrade, tenho 29 anos e
os anjinhos do céu acabam de ganhar um pai.”
BLOG – Pausa compulsória
Problemas
técnicos, aparentemente superados, obrigaram-me a fazer uma pausa na
atualização do Blog do Barata, que retomo parcialmente nesta
terça-feira, 11.
Como
de praxe, desculpo-me pela inesperada ausência, diante de todos aqueles que
prestigiam o blog com sua leitura e comentários.
SANTIAGO ANDRADE – Uma justa homenagem
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Santiago Andrade: filmando o protesto e já mortalmente ferido. |
“A violência é condenável sempre, venha de
onde vier. Ela pode atingir um manifestante, um policial, um cidadão que está
na rua e que não tem nada tem a ver com a manifestação. E pode atingir os
jornalistas, que são os olhos e os ouvidos da sociedade. Toda vez que isso
acontece, a sociedade perde, porque a violência resulta num cerceamento à
liberdade de imprensa.”
A
advertência é feita em uma das passagens do editorial da Rede Globo de Televisão, divulgado no Jornal Nacional desta última segunda-feira, 10, lido por William
Bonner, editor-chefe do telejornal, no qual a emissora se posicionou sobre a
morte do cinegrafista Santiago Andrade, da TV Bandeirantes, atingido por um
rojão quando cobria a manifestação contra o aumento da passagem de ônibus na
cidade do Rio de Janeiro. Ao término do Jornal
Nacional, enquanto os créditos finais do
telejornal eram exibidos, o som foi cortado. Em seguida, cinegrafistas da Globo
e jornalistas da redação aplaudiram Santiago, cuja imagem aparecia em um telão,
abraçado a seu instrumento de trabalho, uma câmera.
SANTIAGO ANDRADE – O editorial da Rede Globo
![]() |
William Bonner: editorial da Rede Globo lido no Jornal Nacional. |
Segue, abaixo, a íntegra do editorial da
Rede Globo de Televisão, lido por William Bonner, editor-chefe do Jornal Nacional, na edição de
segunda-feira, 10, do telejornal:
“Não é só a imprensa que está de luto
com a morte do nosso colega da TV Bandeirantes Santiago Andrade. É a sociedade.
“Jornalistas não são pessoas especiais,
não são melhores nem piores do que os outros profissionais. Mas é essencial,
numa democracia, um jornalismo profissional, que busque sempre a isenção e a
correção para informar o cidadão sobre o que está acontecendo. E o cidadão,
informado de maneira ampla e plural, escolha o caminho que quer seguir. Sem
cidadãos informados não existe democracia.
“Desde as primeiras grandes
manifestações de junho, que reuniram milhões de cidadãos pacificamente no
Brasil todo, grupos minoritários acrescentaram a elas o ingrediente desastroso
da violência. E a cada nova manifestação, passaram a hostilizar jornalistas
profissionais.
“Foi uma atitude autoritária, porque
atacou a liberdade de expressão; e foi uma atitude suicida, porque sem os
jornalistas profissionais, a nação não tem como tomar conhecimento amplo das
manifestações que promove.
“Também a polícia errou - e muitas
vezes. Em algumas, se excedeu de uma forma inaceitável contra os manifestantes;
em outras, simplesmente decidiu se omitir. E, em todos esses casos, a imprensa
denunciou. Ou o excesso ou a omissão.
“A violência é condenável sempre, venha
de onde vier. Ela pode atingir um manifestante, um policial, um cidadão que está
na rua e que não tem nada tem a ver com a manifestação. E pode atingir os
jornalistas, que são os olhos e os ouvidos da sociedade. Toda vez que isso
acontece, a sociedade perde, porque a violência resulta num cerceamento à
liberdade de imprensa.
“Como um jornalista pode colher e
divulgar as informações quando se vê entre paus e pedras e rojões de um lado, e
bombas de efeito moral e bala de borracha de outro?
“Os brasileiros têm o direito de se
manifestar, sem violência, quando quiserem, contra isso ou a favor daquilo. E o
jornalismo profissional vai estar lá - sem tomar posição a favor de lado
nenhum.
“Exatamente como o nosso colega Santiago
Andrade estava fazendo na quinta-feira passada. Ele não estava ali protestando,
nem combatendo o protesto. Ele estava trabalhando, para que os brasileiros
fossem informados da manifestação contra o aumento das passagens de ônibus e
pudessem formar, com suas próprias cabeças, uma opinião sobre o assunto.
“Mas a violência o feriu de morte aos 49
anos, no auge da experiência, cumprindo o dever profissional.
“O que se espera, agora, é que essa
morte absurda leve racionalidade aos que contaminam as manifestações com a
violência. A violência tira a vida de pessoas, machuca pessoas inocentes e
impede o trabalho jornalístico, que é essencial - nós repetimos - essencial
numa democracia.
“A Rede Globo se solidariza com a
família de Santiago, lamenta a sua morte, e se junta a todos que exigem que os
culpados sejam identificados, exemplarmente punidos. E que a polícia investigue
se, por trás da violência, existe algo mais do que a pura irracionalidade.”
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