Festejar o quê? Em mais um aniversário de
Belém, que neste 12 de janeiro de 2017 completa 401 de fundação, perdura a
pergunta que não quer calar e ecoa nas últimas décadas. Abandonada, suja,
fétida, tomada pelo lixo e submersa a cada nova chuva do inverno amazônico, sem
um mínimo de saneamento, saúde e segurança, a cidade amargas as mazelas da
inépcia continuada. Inépcia da qual é ilustrativa a administração do
ex-prefeito Duciomar Costa (PTB), o nefasto Dudu,
um falsário travestido de político, catapultado para o proscênio pela tucanalha, a banda podre do PSDB. Ele
teve um sucessor de igual jaez, o prefeito sub
judice Zenaldo Coutinho (PSDB), um vagabundo profissional, que jamais teve
um emprego na vida, fazendo da política um álibi para dissimular uma suspeita
prosperidade, construída sob o signo da vadiagem dos meliantes engravatados. Zenaldo
Coutinho, recorde-se, teve sua candidatura cassada por duas vezes por um probo
e destemido juiz, mas mantida mediante recursos, em um contencioso que aguarda
julgamento pelo pleno do Tribunal Regional Eleitoral, de suspeita morosidade,
que parece apostar no fato consumado para tornar mais palatável a leniência
diante da corrupção eleitoral.
Como autêntica capital do atraso político,
porque nela prospera, acintosa e impunemente, a utilização eleitoral das
máquinas administrativas estadual e municipal, Belém reedita o drama dos
casamentos infelizes, nos quais habitualmente não há vítimas que não sejam
também cúmplices. O assistencialismo eleitoreiro, traduzido nos cheques
moradias e seus correlatos, alimenta os bolsões de miséria, fonte inesgotável
do voto de cabresto, ao fixar o eleitorado carente à miséria, ao invés de dela libertá-lo.
Passada a polarização eleitoral, o status
quo trata de esquecer, desconhecer e enterrar como indigente os
compromissos de gestão vociferados nos palanques, dedicando-se à partilha do
butim, no vale-tudo político que toma como sagacidade a torpe utilização do
poder para benefício dos poderosos da hora, no patrimonialismo que mina e tanto
conspira contra as instituições democráticas. É disso que resulta o descalabro
expresso em uma cidade órfã dos direitos básicos que pavimentam o exercício da
cidadania.
A Belém dos dias atuais é um reflexo do
Pará de hoje, que reflete a ignominiosa idiossincrasia dos sucessivos governos
do PSDB, a legenda que comanda o estado desde 1995, com o breve hiato
correspondente ao mandato da ex-governadora petista Ana Júlia Carepa, entre
2007 e 2010. No que se reflete em índices sociais pífios, a administração pública, mais do que nunca, tornou-se uma ação
entre amigos e nela medra com vigor o patrimonialismo, traduzido no recorrente
nepotismo, inclusive o nepotismo cruzado, expressão da deletéria promiscuidade
entre o público e o privado, no qual submergem Executivo, Legislativo e
Judiciário, passando pelo Ministério Público Estadual, tendo como denominador
comum a desfaçatez com a qual mandam os escrúpulos às favas, como é próprio dos
tiranetes de província. A propaganda enganosa - financiada com o dinheiro do
contribuinte e que faz a festa dos barões da comunicação e de publicitários
inescrupulosos - encarrega-se do estelionato midiático, arrematando o serviço
sujo da vanguarda do atraso, a elite predatória que desponta com serial kiler das esperanças de uma população
sofrida.
Se é um entregar-se à dor que faz a dor
doer menos, como acreditam alguns, convém uma lágrima por Belém e por nós, que
aqui temos nossas raízes. Ela talvez sirva para regar a resiliência que alimenta
a obstinação dos que não abdicam da determinação de transformar sonhos em
realidade.
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