Simão Jatene: inércia diante da nova chacina que aterrorizou Belém. |
Por si só e pela gravidade do que lhe deu
causa, é demasiadamente chocante, para ser banalizada, a matança registrada ao
longo de sexta-feira, 20, com a sucessão de 25 mortes, todas com
características de execução, que se seguiu ao assassinato do PM Rafael da Silva Costa, de 29
anos, soldado da Rotam, a Ronda Tática Metropolitana, durante uma perseguição a
suspeitos de assalto, ainda na manhã de sexta-feira (Leia aqui). Para além de evidenciar o sucateamento da segurança
pública, que fragiliza o que seria uma unidade de elite da Polícia Militar, tornando-a
vulnerável até a bandidos pés-de-chinelo, o episódio evidencia mais uma vez, pela
barbárie deflagrada na esteira do assassinato do soldado da Rotam, que a PM
entranhou a selvageria da bandidagem que deveria combater e com a qual, hoje,
frequentemente se confunde. como evidenciam as milícias.
As 25 execuções registradas sexta-feira,
20, superam quantitativamente o saldo da chacina ocorrida em 2014, entre a
noite de 4 e a madrugada de 5 de novembro, que deixou 11 mortos, em sua maioria jovens e sem antecedentes policiais, como
retaliação pelo assassinato do cabo da PM Antônio Marcos Figueiredo, o cabo Pet, que comandava um grupo de
extermínio e foi morto em um acerto de contas entre bandidos (Leia aqui). Naquela ocasião, a matança
foi deflagrada por policiais militares, em um modus operandi semelhante ao verificado
nas 25 execuções ocorridas sexta-feira, apenas dispensando a pantomina policial
que evidenciou a ostensiva participação de PMs na matança indiscriminada de
2014 (Leia aqui).
O denominador comum, entre
um episódio e outro, é a incapacidade do governador Simão Jatene (PSDB) em
assumir as responsabilidades que o cargo lhe impõe e em oferecer respostas
capazes de contemplar um melhor aparelhamento dos órgãos de segurança pública. Restou,
como de praxe, o mise-en-scène, que obviamente incluiu a recomendação de
“rigorosa apuração”, dessa vez acrescida de um tal “gabinete permanente de
situação”, uma dessas empulhações midiáticas, como álibi para dissimular, para
consumo externo, o repulsivo silêncio do governador, que traduz a inércia da
sua administração, cujo corolário, em matéria de segurança pública, é a
escalada da criminalidade, que hoje contamina a própria polícia. De resto, para
arrematar a propaganda enganosa, Simão Jatene, telefonou para o ministro da Justiça,
Alexandre de Moraes, e pediu ajuda do governo federal nas investigações dos
crimes.
É sob essa atmosfera de lassidão, que
fragiliza a segurança pública e por via de consequência estimula a
criminalidade, que medra com vigor o clima de barbárie sob o qual vive o Pará e,
em particular Belém. Barbárie que não distingue o cidadão indefeso do bandido,
com o qual passa a se confundir quem deveria reprimi-lo, pela própria corrupção
que contamina o aparelho policial e a leniência diante da bandidagem
institucionalizada.
A permissividade que permite a polícia
permitir-se execuções indiscriminadas, a pretexto de retaliar bandidos, é uma
espécie de habeas corpus preventivo para a violência policial da qual é vítima
frequente o cidadão em geral e a população carente, em particular. Daí emerge a
dolorosa pergunta, que não quer calar: a polícia em tese nos protege dos
bandidos, mas quem nos protege da polícia?
Um comentário :
Fechar 26 escolas com desculpa esfarrapada e idiota e irresponsável! Essa é a proposta de melhorar as condições de acesso aos cidadãos de Belém. Abrir presídio dá lucro maior não é?
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