SOB CENSURA, POR DETERMINAÇÃO DOS JUIZES TÂNIA BATISTELO, JOSÉ CORIOLANO DA SILVEIRA, LUIZ GUSTAVO VIOLA CARDOSO, ANA PATRICIA NUNES ALVES FERNANDES, LUANA SANTALICES, ANA LÚCIA BENTES LYNCH, CARMEN CARVALHO, ANA SELMA DA SILVA TIMÓTEO E BETANIA DE FIGUEIREDO PESSOA BATISTA - E-mail: augustoebarata@gmail.com
quinta-feira, 31 de dezembro de 2015
TCE – Denúncia associa conselheiro Cipriano Sabino a magote de dispendiosos servidores fantasmas
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Cipriano Sabino: sob suspeita de abrigar dispendiosos fantasmas. |
Recessão, inflação e desemprego. Este é o
sombrio cenário sob o qual a maioria dos brasileiros faz a travessia de 2015
para 2016. Mas, a concluir da denúncia feita ao Blog do Barata, o conselheiro
Cipriano Sabino, ex-presidente do TCE, o Tribunal de Contas do Estado do Pará,
comemora o réveillon sem ter o que reclamar da vida. Independentemente do
bem-estar herdado da prosperidade paterna, ele teria reforçado seus ganhos
saqueando o erário, via um magote de dispendiosos servidores fantasmas, lotados
em seu gabinete no TCE, com remunerações que oscilariam entre R$ 7 mil a R$ 30
mil.
“O
gabinete do Conselheiro Cipriano Sabino, do Tribunal de Contas do Estado do
Pará, é o maior abrigo de servidores fantasmas da Casa de Contas do Estado”,
dispara a denúncia. “No gabinete do distinto conselheiro estão lotados 21
servidores, mas destes somente 10 podem ser encontrados com relativa frequência
na casa”, acrescenta o relato feito ao Blog do Barata. “Os demais, ninguém sabe,
ninguém viu!” Mas a remuneração, paga em dia pelos cofres do Estado, giram
entre R$ 7 mil e R$ 30 mil, acredite!”
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Augusto Barata
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TCE – Promiscuidade entre público e privado
Mas
isso não é tudo, acrescenta ainda a denúncia.
Dos
servidores lotados no gabinete de Cipriano Sabino vistos com regularidade no
TCE, pelo menos metade estaria frequentemente a serviço da Sanave, empresa da família do conselheiro, especializada
em transportes de carga rodoviário e fluvial. Ou então administrando a
agenda doméstica de Cipriano Sabino, “comprando passagens aéreas para os filhos
do conselheiro ou resolvendo problemas domésticos, como se fossem babás de luxo”.
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Augusto Barata
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TJ – A pergunta que não quer calar no imbróglio do concurso para promotor de Justiça
Sofismas à parte, perdura a pergunta que
não quer calar, no imbróglio do candidato aprovado no concurso para promotor de
Justiça, sem dispor dos três anos de prática jurídica exigidos por lei: é
lícito considerar a candidatura de quem não contempla o pré-requisito básico,
definido na própria Constituição, para a eventual nomeação?
SEGURANÇA PÚBLICA – A promiscuidade da Polícia Militar do Pará com o crime organizado
O Blog do Barata não está só, na dramática constatação.
Em sua edição de segunda-feira, 28 de dezembro, o Repórter Diário, a nobre coluna do Diário do Pará, constata,
enfim, que a Polícia Militar do Pará está “cada vez mais identificada com o
crime organizado”.
A denúncia figura na nota de abertura da prestigiada
coluna do jornal do grupo de comunicação da família do senador Jader Barbalho,
o morubixaba do PMDB no Pará, ao comentar as conclusões da Promotoria de
Justiça Militar do Ministério Público do Estado sobre a Chacina de Belém, em
2014. As investigações do MPE concluíram que o assassinato do cabo Pet, estopim
para a matança indiscriminada que deixou 11 mortos, decorreu de “uma guerra de
milícias”.
A conclusão das investigações torna para lá
de atual o questionamento do Blog do Barata, feito na postagem de 18 de abril
de 2015, sob o título CHACINA –PM, a bandidagem fardada: “Em se sabendo
da rigidez da hierarquia militar, como pretender que o crime organizada
introduziu-se na PM, sem a conivência ou participação de expressivos setores da
sua oficialidade, por ação ou omissão?”
BELÉM – Em lugar de obras emergenciais, Zenaldo Coutinho exibe tapumes para mascarar inépcia
Em se tratando do prefeito de Belém,
pode-se dizer, sem risco de ser injusto, que a inépcia é maior do que a
floresta. Continentalmente maior.
Às vésperas das comemorações pelos 400 anos
de Belém, quem circula pela Praça da República, outrora um dos mais belos
cartões postais da capital paraense, defronta-se com o mais ignominioso
abandono.
Ali, em lugar de obras emergenciais, Zenada, como ficou conhecido o simulacro
de prefeito, exibe tapumes em torno do coreto atrás do Theatro da Paz e do
chafariz em frente ao IEP, o Instituto de Educação do Pará.
Pobre Belém!
SEURB – A indiferença oficial diante da aberração patrocinada pela Sky no centro de Belém
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Antenas da Sky, na fachada do D. Alberto: aberração oficializada. |
A Seurb, a Secretaria Municipal de
Urbanismo, é o órgão da Prefeitura de Belém, “responsável
pelo controle e fiscalização das construções, alinhamentos prediais, iluminação
pública da cidade, e pelas posturas municipais”, conforme esclarece seu próprio
site. Por isso, como também está escrito no site da secretaria, a ela compete “as
atividades referentes a projetos, execução e conservação de obras públicas;
análise e legalização das obras em geral; implantação, controle e manutenção da
iluminação pública; além da elaboração e fiscalização do cumprimento de leis
urbanísticas e edificais”.
São palavras, porém, que
os ventos da indiferença oficial lamentavelmente levam para o vácuo do desapreço
por Belém revelado pela administração do prefeito Zenaldo Coutinho. Como se
constata diante da aberração patrocinada pela Sky, o canal de televisão a cabo,
que fixou suas antenas na fachada do edifício D. Alberto, na rua Carlos Gomes,
nº 193, esquina da travessa Padre Prudêncio.
Os monstrengos instalados pela Sky, alguns tolhendo
a visão dos apartamentos ao lado ou acima deles, agridem, preliminarmente, o
Código de Posturas, mais particularmente no capítulo que trata da proteção
estética da cidade. E isto em uma área central de Belém, repleta de edificações
históricas e de intensa circulação de veículos e pedestres, inclusos,
naturalmente, turistas.
A ausência do poder público, que medra com
vigor na periferia, não poupa agora, sequer, as áreas centrais de Belém. Na
cidade que Zenaldo Coutinho nos proporciona, vale a truculência da máxima atribuída
ao caudilho histórico, segundo a qual lei é potoca.
ZENALDO COUTINHO – Abelha
Enquanto isso, exausto de tanto não fazer
nada, para espairecer nosso prefeito diverte-se na Espanha, de castelos míticos
e terra dos ancestrais da primeira-dama, a uma distância continental de Belém e
dos problemas que deveria administrar.
O que faz jus ao epíteto que a ele ameaça
aderir, Abelha, porque, segundo chiste cunhado, quando não está voando, está
fazendo cera.
sexta-feira, 25 de dezembro de 2015
TJ – Liminar é questionada e desembargadora acusada de favorecer candidato a promotor de Justiça
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Maria Filomena Buarque: acusada de favorecer o candidato a promotor. |
A concluir de
denúncia feita ao Blog do Barata, para o advogado Carlos Fernando
Cruz Silva o presente de Natal não veio de Papai Noel, mas das mãos da
desembargadora Maria Filomena de Almeida Buarque, do TJ Pará, o Tribunal de
Justiça do Estado. Candidato a promotor de Justiça, em concurso realizado pelo
MPE, o Ministério Público do Estado do Pará, ele ajuizou uma ação reivindicando
a reserva da vaga obtida, porquanto, na data da posse dos aprovados, não teria
os três anos de exercício da prática jurídica exigidos pela Constituição
Federal, que só completa no final de janeiro de 2016. A desembargadora Maria
Filomena de Almeida Buarque deferiu a liminar, “ao arrepio da lei”, conforme acentua
a denúncia, que designa a decisão da magistrada como “um total desrespeito aos
demais candidatos”. “É notório o favorecimento a este candidato”, salienta
ainda a denúncia.
De acordo com o
relato feito ao Blog
do Barata, foi realizado concurso para o preenchimento de 50 vagas
de promotor de Justiça e formação do cadastro de reserva, sendo aprovados 95
candidatos, dos quais 40 foram nomeados na primeira chamada. Dentre os
candidatos nomeados figura o advogado Carlos Fernando Cruz Silva, beneficiário
da liminar concedida pela desembargadora Maria Filomena de Almeida Buarque. Como
não exibia os três anos de exercício de prática jurídica, condição sine qua non para a investidura no cargo
de promotor de Justiça, conforme determina a Constituição Federal, o candidato
passou a figurar no final da lista geral de 95 candidatos aprovados, “conforme
procedimento adotado em muitos concursos públicos dessa envergadura”, assinala
a denúncia. “Este é um benefício ao candidato e não uma obrigação da
administração, posto que, ao inscrever se, o candidato tem conhecimento prévio de
que deverá contemplar todos os requisitos exigidos pela Constituição”, observa
ainda a denúncia. “Ressalte-se que o próprio candidato aprovado assinou um
termo pedindo ao Ministério Público o seu deslocamento para o final de fila,
plenamente ciente, portanto, das regras do concurso”, acrescenta o relato.
TJ – “Um golpe avalizado pela magistrada”
“Um golpe
avalizado pela magistrada”, assim é resumido o desdobramento do imbróglio
protagonizado por Carlos Fernando Cruz Silva, em cujo epicentro a
desembargadora Maria Filomena de Almeida Buarque “Não obstante, no último dia
do prazo para o mandado de segurança, o aprovado impetrou o writ, requerendo
que fosse reconhecido seu tempo de pratica jurídica, bem como a sua
reclassificação para a colocação número 50, suplantando e desconsiderando a
existência de outros 45 candidatos”, prossegue o relato feito ao Blog do Barata.
“Diante do pedido,
um grupo de aprovados pediu a sua habilitação, objetivando assegurar o respeito
às colocações no concurso, bem como a moralidade do mesmo”, recorda a denúncia.
A despeito disso, a desembargadora Maria Filomena de Almeida Buarque, “ao
arrepio da lei”, deferiu a liminar em benefício de Carlos Fernando Cruz Silva,
o candidato que ao inscrever-se no concurso para promotor de Justiça sabia,
previamente, não contemplar o requisito essencial para sua nomeação – os três
anos de prática jurídica. “A desembargadora, ao proferir a referida decisão,
rasga a Constituição da República, bem como os princípios que norteiam os
concursos públicos”, é o desabafo contido na denúncia. “Em síntese, a decisão retira
um candidato da posição nº 95 e o coloca na posição nº 50, sob o fundamento de
que a lista é contada, a grosso modo, somente até a colocação 50, visto ser o
número de vagas imediatas previstas no edital, desconsiderando 45 candidatos
igualmente aprovadas para o cargo de promotor de Justiça, preenchendo os
requisitos exigidos para eventual nomeação”, observa também a denúncia. “Destaque-se
que a decisão é parca de fundamentos constitucionais e legais, basicamente
criando um precedente especificamente para o candidato beneficiado”, arremata.
SEMOB – Rua Carlos Gomes, exemplo do caos institucionalizado no trânsito de Belém
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Carlos Gomes: carro da PM, em pleno horário comercial, estacionado na calçada, para serviço de plotagem, impedindo o ir e vir dos transeuntes. |
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Carlos Gomes: caminhão-baú, placa FQI-7311, fecha o trânsito na travessa Padre Prudêncio, provocando engarrafamento, ao descarregar água mineral. |
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Carlos Gomes: cone e cadeira servem para que flanelinhas privatizem o espaço público, monopolizando vagas para estacionamentos de veículos. |
Para que serve
mesmo a Semob, a Superintendência de Mobilidade Urbana, além de manter uma
azeitada indústria de multas? Esta é a pergunta quer não quer calar, diante dos
absurdos registrados cotidianamente na rua Carlos Gomes, uma via vital para o
fluxo do trânsito no centro de Belém, que se estende da travessa Padre Eutíquio
a avenida Presidente Vargas.
Entrecortada por
travessas e com um trânsito intenso, até pela proximidade do shopping Pátio
Belém, a despeito disso não há vestígio de um mísero agente de trânsito, capaz
de coibir despautérios recorrentes, que vão da acintosa transgressão do direito
de ir e vir de motoristas e pedestres, até a privatização do espaço público por
flanelinhas, que se apropriam das vagas para estacionamento com a utilização do
que estiver à mão, de cones a cadeiras pura e simples, como mostram as fotos
que ilustram esta postagem, feitas nos últimos 10 dias. E quem ousar
contrariá-los, sem o pagamento compulsório da gorjeta, fica sujeito a
retaliações que vão dos pneus do carro rasgados a ter a lataria do veículo riscado.
Esse cenário de
guerra obviamente é estimulado pelo descaso, para com a cidade, da
administração do prefeito tucano Zenaldo Coutinho, pródigo em propaganda
enganosa, mas parco em realizações. Esse desapreço por Belém tem como corolário a conseqüência
previsível: sem que o poder público cumpra a lei, fica difícil convencer o
cidadão anônimo a fazê-lo.
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Augusto Barata
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domingo, 20 de dezembro de 2015
MEMÓRIA – Gileno Chaves e o legado a ser resgatado, que vai muito além da importância da Elf Galeria
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Gileno Chaves: legado de competência e probidade, a ser resgatado. |
A passagem dos 35 anos de inauguração da
Elf Galeria, transcorridos a 11 de dezembro, reporta, fatalmente, à necessidade
de um justo resgate do legado de Gileno Müller Chaves, um intelectual que foi
um dos mais importantes personagens da vida cultural de Belém a partir de
meados dos anos 70 até sua prematura morte, aos 63 anos, em 22 de dezembro de
2006, fulminado por um infarto, na esteira de um grave quadro de diabetes. Por
si só, como a primeira galeria privada de Belém, que popularizou as artes
plásticas, com preços compatíveis com a realidade do mercado local, sem nem por
isso abdicar da qualidade, expondo obras de artistas consagrados nacional e regionalmente,
a Elf é um marco na história das artes plásticas no Pará. Com a peculiaridade
de não transacionar com entes públicos, um princípio cultivado como cláusula
pétrea por Gileno e respeitado por seus herdeiros. A longevidade da Elf foi
pavimentada, convém sublinhar, pelo profícuo trabalho desenvolvido pela viúva,
Lucinha Chaves, e pelos filhos do casal, Luena e Ingor Chaves. Luena mais
diretamente, ao se dedicar em tempo integral à galeria, enquanto Lucinha
desdobra-se entre o magistério na UFPA, a Universidade Federal do Pará, e a
Elf, e Ingor singra os mares bravios e extenuantes do jornalismo. Isso tudo,
repita-se, fiel à diretriz que Gileno tornou uma questão de princípio, que é
recusar-se à promiscuidade entre o público e o privado. O projeto da galeria, como
instrumento de disseminação e popularização das artes plásticas, surgiu,
prosperou e se consolidou sem qualquer injeção de recursos públicos, a uma
distância abissal das seletivas, e dificilmente criteriosas, benesses dos
inquilinos do poder.
Pessoalmente disciplinado, metódico e
determinado, no limite da obsessão, para consumo externo Gileno despontava como
algo imperial, intolerante, mesmo, frequentemente irascível, às vezes
resvalando para a grosseria, principalmente quando se empolgava na defesa de
seus pontos de vista. O contraponto do intelectual refinado e generoso, do
profissional intransigentemente justo e honesto, do amigo incondicionalmente
leal, capaz de gestos de comovente ternura, que tratava de minimizar com
tiradas irônicas, no empenho de dissimular a timidez crônica. Advogado formado
pela UFPA e administrador diplomado pelo Cesep, o Centro de Estudos Superiores
do Estado do Pará (hoje Unama, Universidade da Amazônia), para além do
profissional de competência, probidade e experiência reconhecidas, Gileno
notabilizou-se sobretudo, apesar da discrição com que exerceu esse papel, como
agitador cultural, expressão que sequer fora cunhada na época e serve para
designar quem viabiliza e faz repercutir manifestações culturais. Essa faceta ele
revelaria, sem alarde, a partir de 1977, como mentor do Parte, o Programa de
Arte implementado pela Semec, a Secretaria Municipal de Educação e Cultura, então
comandada por Mário Guzzo, um personagem singular, pela sensibilidade e
afabilidade no trato pessoal, ingredientes inusitados em quem é catapultado
para o proscênio do poder.
Quanto a Gileno, seu apreço pela
austeridade era tanto e tamanho, que ele não só comparecia a todos os
espetáculos subvencionados pela Semec, via Parte, como recusava-se
pereptoriamente a aceitar cortesias, fazendo questão de pagar seu ingresso do
próprio bolso. Assim, não só conferia se as montagens condiziam com os recursos
nelas injetados, como estabelecia um prudente distanciamento formal com os
subvencionados, zelando pela impessoalidade que a natureza da relação
estabelecida impunha. Nada mais compatível com o modo Gileno de ser, diga-se.
MEMÓRIA – A luta por uma política cultural
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A Elf (de fachada cinza), o legado visível de Gileno Chaves. |
O legado de Gileno Müller Chaves vai além,
muito mais além, da Elf Galeria, inaugurada a 11 de dezembro de 1980, na
travessa 9 de Janeiro, em imóvel ao lado da residência daquele que viria a se
firmar como o mais respeitado marchand do Pará. Posteriormente, a galeria
migrou para a avenida Generalíssimo Deodoro, nº 506, até passar a funcionar, já
em 2009, na avenida Governador José Malcher, na histórica passagem Bolonha, nº
60. O belo casarão que hoje abriga a Elf foi adquirido por Gileno, que nele
passou a manter parte do acervo da galeria, naquela altura já grande demais
para o imóvel localizado na avenida Generalíssimo Deodoro.
Em plena ditadura militar, avalizado pelo
secretário municipal de Educação e Cultura da época, Mário Guzzo – que foi
extremamente ousado naqueles tempos sombrios -, Gileno introduziu o arcabouço
de uma política cultural plural, à margem de paternalismo e do compadrio. Para
tanto, teve a decisiva colaboração de Luiz Octávio Barata, um dos mais
respeitados intelectuais paraenses da sua geração, também prematuramente
falecido aos 63 anos, a 24 de julho de 2006, por coincidência o ano da morte de
Gileno e, como este, igualmente fulminado por um infarto. Polêmico – seja pela
ousadia intelectual, seja pela aguerrida militância política de esquerda e em
defesa das minorias, seja ainda pelo assumido homossexualismo -, Luiz Octávio,
um nome que se confunde com a história recente do teatro paraense, embora
banido dos relatos oficiais, foi um interlocutor privilegiado de Gileno na
definição do que viria a ser o Programa de Arte, o Parte, instituído pela
Semec, a Secretaria Municipal de Educação e Cultura, na administração do
prefeito biônico Ajax D’Oliveira, ungido pelo regime militar, mas pessoalmente
caracterizado pela bonomia.
Com o Parte, além da destinação específica
de recursos para a produção cultural, a Prefeitura de Belém estabelecia regras
definidas, em editais públicos, como parâmetro para a concessão de subvenções.
Teatro, dança, música, artes plásticas, cinema e literatura, dentre outras manifestações
artísticas, passaram a ser financiados pelo poder público municipal, através de
criteriosos julgamentos, banindo o tráfico de influência. Este, é verdade,
persistia no âmbito do gabinete do prefeito, habitual fonte de recursos de privilegiados e que
abastecia, por exemplo, o Experiência, um grupo teatral de caráter mais
comercial, comandado por Geraldo Sales, um diretor teatral de inegável
competência naquilo que se propunha a fazer, que eram espetáculos mais
palatáveis ao gosto do grande público. O Parte fez a vida cultural de Belém
fervilhar, ironicamente com espetáculos declarada ou subliminarmente contestatórios ao status quo, em pleno regime dos generais, inspirando o governo estadual, na
gestão Aloysio Chaves, a adotar o critério de editais públicos para a concessão
de subvenções a espetáculos artísticos. Foi uma conquista
imensurável, diante do menosprezo com o qual, então, o poder público tratava a
cultura. Não por acaso, por exemplo, o secretário estadual de Cultura do
governador Aloysio Chaves, Olavo Lyra Maia, era um ex-representante
farmacêutico, que ganhara reconhecimento social ao casar-se com a filha de um
próspero comerciante, de cujos negócios tornou-se herdeiro, mas que jamais deixou
de ostentar a profundidade intelectual de um livro de auto-ajuda. Figura no
folclore de suas gafes, reveladoras de sua indigência intelectual, ele grafar a
palavra cena com s, em um encontro com lideranças da classe teatral, em episódio do
qual há testemunhas vivas.
Lyra Maia, diga-se, foi mantido na
Secretaria de Cultura no segundo governo do coronel Alacid Nunes, que retornou em
1979 pelo voto indireto ao Palácio Lauro Sodré, então sede do governo estadual,
sucedendo Aloysio Chaves, eleito senador. Nada surpreendente, em um governador
que carregava os habituais vícios da formação castrense e via as manifestações
artístico-culturais desdenhosamente, como algo menor, e conferia pouco apreço
à memória histórica. Em sua primeira administração como governador, recorde-se,
Alacid Nunes a pretexto das obras de reforma na escola, simplesmente mandou
destruir os arquivos do CEPC, o Colégio Estadual Paes de Carvalho, um
tradicional estabelecimento de ensino público de Belém, no qual estudaram
personalidades ilustres do Pará. Esse ilustre elenco de ex-alunos inclui
ex-governadores, inclusive o senador Jader Barbalho, o morubixaba do PMDB no
Estado e primeiro governador eleito pelo voto livre e direto, após a ditadura
militar. Uma pequena parte do acervo foi salva pelo professor Clóvis Morais
Rêgo, correligionário de Alacid e que em 1978, como vice-governador, assumiu o
governo do Pará para cumprir um mandato-tempão, diante da desincompatibilização
do governador Aloysio Chaves, para disputar uma cadeira no Senado. Um
intelectual de perfil conservador, até pelo breve mandato Clóvis Morais Rêgo
não teve chance de traduzir, como governante, seu apreço pelas manifestações
culturais.
MEMÓRIA – Discreto militante da ousadia
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Teatro Waldemar Henrique, uma conquista da mobilização coletiva. |
Para as suas circunstâncias, Gileno Müller
Chaves foi ousado. Em verdade, demasiadamente ousado, considerando sua condição
de servidor público, suscetível a pressões, tanto mais avassaladoras em um
regime de exceção, apesar da “abertura lenta, gradual e segura” preconizada
pelo então presidente Ernesto Geisel. Na esteira das relações ensejadas pela
sua condição de coordenador do Parte, o Programa de Arte da Semec, ele não se
furtou, por exemplo, a acompanhar, na condição de advogado, diretores e
produtores culturais à Polícia Federal, nos seus embates com a censura, no
empenho de evitar a mutilação dos espetáculos, no rastro dos interditos
proibitórios que frequentemente careciam de nexo. Isso em uma época em que a
Polícia Federal não estava a serviço de nenhuma faxina ética, como hoje ocorre,
mas era um dos braços da repressão da ditadura militar, em suas diversas instâncias
– federal, estadual e municipal. O que ele fazia sem cobrar um minguado honorário, obtendo,
apenas, o agradecimento e respeito dos destinatários de sua comovente e
corajosa solidariedade.
Nos bastidores, Gileno também participou da
mobilização que resultou na criação do Teatro Experimental Waldemar Henrique,
liderada por Luiz Octávio Barata (do qual foi amigo e interlocutor
privilegiado) e que teve a adesão maciça da classe teatral. Com o Theatro da
Paz fechado, para reformas, e sem opções para a montagem de seus espetáculos, a
classe teatral mobilizou-se, contando com a adesão parcial dos músicos,
pressionando Olavo Lyra Maia, o secretário de Cultura do governador Aloysio
Chaves, por uma alternativa para o impasse. Com o óbvio aval de Romulo
Maiorana, já então o mais poderoso empresário de comunicação do Pará e que
jamais se deixou intimidar pelo estilo autocrático de Aloysio Chaves, a
mobilização ganhou espaço em O Liberal,
ganhando repercussão, apesar de Odacyl Catete, assessor de imprensa do
governador, figurar no expediente do jornal como um dos seus diretores. A adesão ao
movimento de nomes como o do cantor Walter Bandeira, cooptando sua legião de
fãs, serviu para conferir popularidade à mobilização, decisiva para o governo,
após negociações com a Associação Comercial do Pará, criar a nova casa de
espetáculos, no prédio localizado na Praça da República, que fora o Museu Comercial e hoje abriga o
Teatro Experimental Waldemar Henrique.
MEMÓRIA – A farsa da versão oficial
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Luiz Octávio Barata: nome proscrito nas versão oficial da tucanalha. |
Por óbvia má-fé, essa passagem histórica, e
mais particularmente a decisiva participação de Luiz Octávio Barata na
mobilização que resultou na criação do Teatro Experimental Waldemar Henrique,
foi esquecida, desconhecida e sepultada como indigente pela administração do
ex-governador tucano Almir Gabriel, por previsível inspiração do secretário de
Cultura, Paulo Chaves. A quando da reinauguração do teatro, após uma reforma, a
Secult, a Secretaria de Cultura, lançou um luxuoso impresso, historiando o
surgimento do Waldemar Henrique, com o cuidado de omitir nomes malsinados pela tucanalha, a banda podre do PSDB. Luiz
Octávio, naquela altura, participava dos protestos cobrando a definição de uma
política cultural plural da gestão Almir Gabriel, à margem do tráfico de
influência e do nepotismo patrocinados por Paulo Chaves, o secretário de
Cultura dos sucessivos governos do PSDB.
Luiz Octávio inclusive esteve presente na
manifestação promovida por artistas de diversos segmentos, a quando do
rega-bofe que assinalou a reinauguração do teatro, restrito a um seleto grupo
de convidados, com a presença de Almir Gabriel. Excluídos do evento, artistas
de diversos segmentos protestaram esmurrando portas e janelas do prédio, provocando
internamente um barulho ensurdecedor e deixando em pânico a entourage de áulicos
do governador. Na saída, Almir Gabriel e suas comitiva foram vigorosamente
apupados, com o governador chegando a ser atingido, de raspão, nas costas, por
uma lata de cerveja vazia, arrematada por uma manifestante mais afoito. Na vã
tentativa de desqualificar o protesto e intimidar os manifestantes, Paulo
Chaves pretendeu transformar o imbróglio em episódio policial, iniciativa que
não resultou em nada de mais prático.
MEMÓRIA – Um saudável exemplo menosprezado
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Paulo Chaves: nepotismo e tráfico de influência, ao invés de austeridade. |
O Parte, o Programa de Arte da Semec, tal
qual fora concebido originalmente, sobreviveu até 1983, quando Gileno Müller
Chaves bateu em retirada da Semec, migrando inicialmente para a Semaj, a Secretaria Municipal de Assuntos Jurídicos, e depois para a Semad, a Secretaria Municipal de Administração, para auxiliar o amigo
Raimundo Areas, secretário de Administração do então prefeito de Belém, Almir Gabriel, em uma
democrática reforma administrativa. Reforma que teve a marca da postura
republicana de Gileno, na condução dos negócios públicos. Ele chegou à Semad
credenciado pela longa experiência como servidor público de carreira,
originária da FEP, a Fundação Educacional do Estado do Pará. Experiência que
permitiu-lhe tocar sem alarde, juntamente com Areas, uma reforma administrativa
depois de ouvidas as entidades representativas de todos os segmentos da
administração municipal. Tratava-se de uma iniciativa inusitada, que ia ao
encontro das aspirações do PT, então um partido emergente e sem o estigma da
corrupção que hoje com ele se confunde, sem as fanfarras tão caras aos petistas.
Com a eleição de Jader Barbalho para o governo, em 1990, Gileno tornou-se
secretário estadual de Administração, permanecendo no cargo até a
desincompatibilização de Jader, em 1994, quando passou a se dedicar em tempo
integral à Elf, já aposentado do serviço público. Independentemente dos méritos pessoais, a inclusão de Gileno no secretariado, assim como de outros respeitáveis nomes ungidos, serviu para dar um lustro na imagem de Jader, já tisnada pela pecha de corrupto, herdada de sua primeira passagem pelo governo, entre 15 de março de 1983 e 15 de março de 1997.
O lamentável, é que o exemplo legado por
Gileno Müller Chaves, ao lançar os princípios de uma política cultural plural,
à margem do nepotismo e do tráfico de influência, passou a ser menosprezado
pelos sucessivos governos do PSDB. Desde a ascensão de Paulo Chaves à Secult,
inexiste, a rigor, uma política cultural. Tem-se, em verdade, uma ação entre
amigos, sem a definição de prioridades que se sobreponham a idiossincrasias e
conveniências pessoais, como ilustra o tratamento privilegiado conferido ao Festival de Ópera, em detrimento de outras manifestações artísticas. O cartão de visita desse retrocesso foi o espetáculo “Trazendo
Che no Coração”, exibido em 1998 no Theatro da Paz, estrelado por Fafá de Belém
e Paulo André Barata, subvencionado pela Secult, com produção do próprio secretário
de Cultura, Paulo Chaves. Além da questionável inspiração, que foi a reverência
a um personagem histórico controverso, de parco apreço à democracia e com tinturas de ditador sanguinário, o
espetáculo, turbinado por cachês faraônicos, só serviu para extasiar Sérgio
Motta, o polêmico ministro das Comunicações do presidente Fernando Henrique
Cardoso. De viés supostamente esquerdista, ainda que apenas para consumo
externo, Motta, que faleceu prematuramente aos 58 anos, notabilizou-se, como
ministro, menos por realizações e mais pela incontinência verbal, às vezes resvalando
para a mais chula grosseria. Tal qual a que protagonizou com a ex-prefeita
paulista Maria Erundina, ao pretender desqualificar uma crítica ao governo FHC
etiquetando-a de “masturbação ideológica”. De resto, o espetáculo só deixou
saudades para os que dele se serviram para se locupletar com pródigos cachês,
de valores muito superiores aos praticados no mercado local, em uma pilhagem
institucionalizada ao erário.
MEMÓRIA – Farra com o dinheiro público
A farra com o dinheiro público, no caso do
espetáculo “Trazendo Che no Coração”, ainda teve desdobramentos que levaram ao
paroxismo a sangria ao erário, sem um retorno compatível com os recursos
investidos pelo poder público. Apresentado como concerto, “Trazendo Che no
Coração” foi exibido, em 30 e 31 de outubro de 1999, no Memorial da América
Latina, em São Paulo,. para assinalar a passagem do 32º ano da morte do guerrilheiro argentino,
turbinado pela participação de 180 pessoas, entre músicos, instrumentistas e
até passistas da escola de samba paulista Vai Vai.
“Quem
coordena o evento é o músico e compositor paraense Paulo André Barata, 53. Foi
ele também quem assinou, há dois anos, o projeto embrionário da Secretaria de
Cultura do Pará. O projeto resultou no lançamento do CD também batizado ‘Trazendo
Che no Coração’”, noticiou a Folha de S. Paulo, na edição de
30 de outubro de 1999, um sábado. Na ficha técnico do espetáculo, Paulo André
Barata figura como responsável pela direção musical. “A iniciativa da
Secretaria de Cultura do Pará integra o Movimento Transamazônico de Cultura,
que difunde a produção artística da Amazônia Legal (incluindo países da América
Latina) e estabelece a sua identidade”, acrescenta a notícia. Jamais, por aqui,
qualquer paraense foi apresentado a esse tal “Movimento Transamazônico de
Cultura”.
MEMÓRIA – Lição ignorada
A criteriosa utilização de recursos
públicos, pautada pela impessoabilidade na distribuição de subvenções, como pré-requisitos para uma política cultural efetivamente plural, são duas
importantes lições legadas por Gileno Müller Chaves solenemente ignoradas pela tucanalha. Até porque não fazem parte,
como se sabe, das preocupações de Paulo Chaves, cuja primeira providência, como
secretário de Cultura, foi aboletar em cargos de direção da Secult a mulher e a
cunhada. Por isso não surpreende a institucionalização do compadrio e do
tráfico de influência que permeiam a atuação da Secult.
Por isso, certamente, política cultural no
Pará é ficção.
Pobre Pará. Pobre de nós!
ANANINDEUA – Moradores da rua da Horta cobram iluminação pública de Pioneiro
Os moradores da rua da Horta, no Paar, em
Ananindeua, estão cobrando iluminação pública do prefeito tucano Manoel
Pioneiro.
O prefeito mandou asfaltar a rua, sem
esquecer de depois por lá passar para se atribuir o mérito pela iniciativa, mas
esqueceu de mandar as lâmpadas dos dois postes existentes no perímetro, ambas
queimadas.
sexta-feira, 18 de dezembro de 2015
BLOG – Problema técnico e checkup impõem recesso compulsório
Um problema técnico, que exigiu a troca do
HD do meu micro, e um périplo imposto por um checkup que não convinha mais
adiar, acabaram por impor um recesso compulsório, obrigando-me a suspender a
atualização do Blog
do Barata, que retomo, enfim, nesta sexta-feira, 18.
De volta ao batente, peço desculpas pela
ausência involuntária.
ABELARDO SANTOS – Abandono, sujeira e proliferação de ratos tomam conta do hospital
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Hospital Abelardo Santos: denúncias de falcatruas em setembro. |
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Abandono, sujeira e baratas em profusão, o cenário em dezembro. |
O mais completo abandono, sujeira
disseminada, fossas transbordando e proliferação de ratos. Segundo denúncia
feita ao Blog do
Barata, ilustrada por fotos, este vem sendo o cotidiano do Hospital
Regional Abelardo Santos, no distrito de Icoaraci, que atende em média 250
pacientes por dia, segundo a Sespa, a Secretaria de Estado de Saúde Pública. Ainda
em setembro, o hospital foi alvo de graves denúncias, também reveladas em primeira mão pelo Blog do Barata,
envolvendo desvio de recursos públicos, fraudes
em licitações, tráfico de influência e retaliações aos servidores que se
opunham às falcatruas.
“Venho, através deste e-mail, fazer uma
denúncia muito séria, a respeito do precário estado em que se encontra o
Hospital Abelardo Santos”, assinala o e-mail enviado ao blog, ilustrado por
fotos. “Os ratos estão tomando conta da maternidade”, relata a denúncia. “Tem-se
material hospitalar guardado em locais nos quais se encontra urina de rato,
fossas transbordando, entulho em profusão, lixo hospitalar exposto a céu aberto
e gerador com sua fiação exposta”, acrescenta o relato.
ABELARDO SANTOS – Flagrantes do caos
Fotos que ilustram a denúncia sobre o abandono no qual se encontra o Hospital Regional Abelardo Santos, em Icoaraci, distrito de Belém:
IMPEACHMENT – O desabafo de Deusdedith Brasil diante da decisão do Supremo
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Deusdedith Brasil: indignação expressa via iPad, em tom mordaz. |
“Vou voltar ao curso jurídico....Sem
estudar Direito Constitucional pelos livros do ministro Luiz Roberto Barroso.”
Disparado via iPad,
o desabafo é do advogado Deusdedith Brasil, diante da decisão do STF, o
Supremo Tribunal Federal, que definiu o rito do processo que propõe o impeachment
da presidente petista Dilma Rousseff. Brasil, além de comandar uma sólida e
respeitada banca de advocacia, é também professor da UFPA, Universidade
Federal do Pará.
Ele explica didaticamente o porquê da sua indignação, citando o artigo 86 da Constituição Federal. "Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade", determina o artigo.
Ele explica didaticamente o porquê da sua indignação, citando o artigo 86 da Constituição Federal. "Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade", determina o artigo.
“A norma é imperativa", arremata Brasil.
IMPEACHMENT – O desabafo, na íntegra
Segue abaixo, na íntegra, a transcrição do
desabafo do advogado Deusdedith,
fiel ao seu estilo mordaz:
"’Art.
86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da
Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo
Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos
crimes de responsabilidade.’
“Acima o
comando constitucional. A norma é imperativa. Com efeito, ‘admitida a acusaçāo
contra o Presidente da Republica, por dois terços da Câmara dis Deputados, será ele submetido a julgamento perante
STF,...’.
“Onde está
entāo a possibilidade de uma decisāo do Senado, por maioria simples,
rejeitar a admissão da acusação por dois terços da Câmara dos Deputados?
“Vou voltar ao curso jurídico....Sem
estudar Direito Constitucional pelos livros do ministro Luiz Roberto Barroso.
“Deusdedith Brasil
“Enviado
via iPad”
WOLGRAND – TJ do Pará leva iniqüidade ao paroxismo e ameaça liberdade de expressão
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Major Walber Wolgrand: rigor da pena faz sentença soar a retaliação . |
Se a liberdade é, sobretudo e
fundamentalmente, a liberdade de quem discorda de nós, soa assustador o
silêncio com a qual foi recebida a decisão das
Câmaras Criminais Reunidas do Tribunal de Justiça do Pará, impondo a perda da patente
e todos os direitos consectários ao major da Polícia Militar Walber Wolgrand
Menezes Marques. Por unanimidade, ele foi ele foi considerado indigno de
permanecer no oficialato da Polícia Militar do Pará, mesmo que na inatividade. O
major Wolgrand foi acusado de utilizar-se do Blog do Wolgrand, Juvico e Cacá para, supostamente, disparar “injúrias
e difamações contra autoridades estaduais, como o governador do Estado, o
comandante geral da PM e oficiais da corporação”, conforme notícia do jornal Diário do Pará, em sua edição de 1º de
dezembro. “Além de denegrir a postura dos agentes públicos e seus atos, Walber
tornou público vários documentos de expediente da corporação, que tratavam de
assuntos administrativos dos quadros da PM”, acrescenta a notícia.
Abstraindo-se os
juízos de valor sobre Wolgrand e considerando a tradição de iniqüidades do TJ
do Pará, a decisão das Câmaras Criminais Reunidas, pelo seu desmedido rigor,
soa mais a uma retaliação que a uma sentença. Além de uma inocultável ameaça à
liberdade de expressão, porque escancara a porteira da intolerância, tão cara
as poderosos de plantão e cultivada com afinco pela máfia togada. Sofismas
jurídicos à parte, o magistrado quando julga tem compromisso precípuo com as
leis, o equilíbrio, o senso de justiça e a proporcionalidade. Observado que nem
sempre o que é legal é ético e o que é ético nem sempre é legal, sobram
indagações. As denúncias feitas procedem, ou não? As supostas transgressões legais
de Wolgrand justificariam o rigor da pena que lhe foi imposta? Ou, mais uma
vez, recorrendo ao tráfico de influência, os inquilinos do poder e seus cúmplices
valeram-se do poder Judiciário para penalizar quem denuncia seus podres e, ao
assim fazer, intimidar quem eventualmente possa lhes fazer oposição? A pena
imposta é proporcional ao pretenso agravo?
WOLGRAND – Precedentes justificam questionamentos
Esses questionamentos soam a uma fatalidade
incoercível. Seja pelo que vem a ser o Tribunal de Justiça do Pará, capaz de
proteger e catapultar para o desembargo uma magistrada responsável por
despachar para uma cela, com 40 homens, uma adolescente, vítima de continuados estupros,
em um escândalo de repercussões internacionais. Ou de tornar desembargadora uma
juíza suspeita de favorecer clientes de seu irmão, advogado, e que por isso chegou
a ser formalmente advertida. Trata-se do mesmo tribunal que condenou-me, sem
que minhas denúncias fossem desmentidas, em uma clara litigância de má-fé, em ação
ajuizada por Hamilton Ribamar Gualberto, advogado notabilizado não pelo saber
jurídico, mas por ser um notório assassino impune. Condenado a sete anos e meio
de prisão, por lesão corporal grave, seguida de morte, Gualberto – cujos filhos
são netos de uma desembargadora aposentada – seguiu impune, na esteira do
chamado embargo de gaveta, pelo qual
um processo é sobrestado até a prescrição do crime.
Quanto a Polícia Militar, esta dispensa
apresentações, como bem sabem até as pedras desta terra. Trata-se de uma
instituição que vagueia entre a corrupção e a truculência, mazelas que tem
efeito piramidal e produzem aberrações como o cabo Pet, morto em um acerto de
contas e que, conforme fartas denúncias, comandava uma milícia que vendida proteção
e dedicava-se ao tráfico de drogas, como um dos braços do crime organizado em
Belém. Não soa crível que a oficialidade da corporação - que dedica-se com afinco à arapongagem - não tivesse conhecimento das atividades criminosas do cabo Pet e de outros tantos PMs que se confundem com os bandidos aos quais, em tese, deveriam combater.
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