César Mattar: beneficiário do uso eleitoral da máquina administrativa. |
Para fontes do MPE, a
escolha do promotor de Justiça Gilberto Valente Martins como o novo procurador-geral
de Justiça, mesmo não tendo sido o mais votado da lista tríplice, traz, em tese,
um travo pouco democrático. Mas essas fontes acentuam que, por seu currículo,
Valente merece o benefício da dúvida e sua nomeação está longe de representar,
em princípio, um atraso para o Ministério Público Estadual. “Esse é um discurso
falacioso, considerando as circunstâncias do processo eleitoral, quando a
máquina administrativa foi escandalosamente posta a serviço do Cezinha (César Bechara Nader Mattar Júnior), e da
desfaçatez com a qual o Marcos (Antônio Ferreira das Neves, atual
procurador-geral de Justiça) atrelou o Ministério Público ao governo Simão
Jatene”, sublinha uma dessas fontes, abrigada no off, para driblar eventuais retaliações.
Não faltam relatos,
diga-se, sobre a desfaçatez de Neves em impingir César Bechara Nader Mattar
Júnior como o candidato chapa-branca. Depois de passar de 2006 a 2012
afastado do cotidiano do MPE - período em que atuou como dirigente e inclusive
chegou a presidir a Ampep, a Associação do Ministério Público do Estado do
Pará, e a Conamp, a Associação Nacional dos Membros do Ministério Público -,
Mattar pousou na Promotoria do Consumidor, na qual teve uma passagem opaca, até
ser pinçado para um cargo comissionado, na assessoria do procurador-geral de
Justiça. Isso serviu de pretexto para que estivesse ao lado de Neves, nas
andanças deste pelo interior, feitas a pretexto do programa PGJ Itinerante, na
verdade álibi para campanha eleitoral fora de época. “Mais de uma vez, Neves
apresentou Mattar como seu candidato a procurador-geral de Justiça”, relata uma
testemunha, sob a condição de manter o anonimato. Nos bastidores, Mattar era
tido, por sua falta de intimidade com a máquina administrativa, como um
postulante a títere de Neves, se a este viesse a suceder como procurador-geral
de Justiça.
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