Neves (à dir.): poupado por Medrado (ao lado), apesar dos malfeitos. |
O discurso do procurador de Justiça Nelson
Medrado, diante da exoneração da função de coordenador do Núcleo de Combate à Improbidade Administrativa e
Corrupção, soa fatalmente falacioso. Ele insiste em omitir o erro crasso no
qual incorreu, ao ajuizar uma ação contra o governador sem a indispensável
delegação de poderes para tanto, o que deu motivo a representação de Jatene
junto ao CNMP. Graciosamente, também insiste em poupar o ex-procurador-geral de
Justiça, Marcos Antônio Ferreira das Neves, o que antes fazia a pretexto de que
dele dependia para defender-se no PAD ao qual responde, conforme chegou a
alegar em conversas reservadas, nas quais, a se concluir de sua postura,
dissimulava reconhecer os desvios de caráter daquele ao qual presta-se a ser fiel
escudeiro. Essa complacência, no limite da cumplicidade, já era possível
entrever, é verdade, na condescendência de Medrado diante da calamitosa
administração de Neves como procurador-geral, pontuada por denúncias de
patrimonialismo e falcatruas (Ler aqui).
Confrontado com algumas delas, ele manteve-se inexplicavelmente omisso.
Essa comprometedora
fidelidade de Medrado a Neves assumiu, mais de uma vez, contornos patéticos,
para dizer o mínimo. Em entrevista à TV Liberal (Veja aqui), em 7 de abril passado, Medrado permitiu-se a
desfaçatez de argumentar que , no entendimento de Neves, a autorização de
Santino contida nos autos – para investigar e não processar o Jatene, repita-se
– seria suficiente. Neves, repita-se, teve pelo menos três oportunidades para
manifestar-se, mas optou por se manter silente. Primeiramente, quando foi
convidado a se manifestar nos autos pela juíza Kátia Parente Sena, e não o fez.
Depois, quando recebeu a representação do governador Simão Jatene contra
Medrado e Brasil, e calado permaneceu. Finalmente, manteve-se igualmente
silente quando foi instaurado o PAD contra Medrado e Brasil. Neves, vale
lembrar, destacou-se como um aliado servil de Jatene, assumindo a postura de
boy qualificado do governador tucano, postura que só abandonou na undécima hora da sua gestão, quando teve seus
interesses contrariados.
Na última sexta-feira, 18, em outra
entrevista a TV Liberal (Veja aqui),
Medrado voltou a tisnar sua biografia, ao revelar que, ouvido como testemunha
de defesa no PAD, Neves teria declarado que não sentiu sua autoridade usurpada,
o que soa gracioso. A usurpação de poderes é tipificada em lei e não depende de
sentimentos pessoais, como bem sabe o procurador de Justiça exonerado, cuja competência e
experiência não comportam entendimento tão tosco, só compatível com o cinismo
do ex-procurador-geral de Justiça, também notabilizado por ser intelectualmente
raso.
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