domingo, 5 de agosto de 2018

ELEIÇÕES 2018 – “Bolsonaro é o Cacareco”, a definição que resume a essência da candidatura do capitão

Jair Bolsonaro: discurso tosco e superficialidade que assusta eleitores.

Cacareco, rinoceronte que expressou a insatisfação do eleitor paulistano.

Macaco Tião, outro fenômeno eleitoral, que serviu
para expressar a insatisfação com a classe política.


“Bolsonaro é o Cacareco.” A mais perfeita definição sobre a candidatura do deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) é de uma advogada, que para não ferir susceptibilidades opta pelo anonimato, mas que não consegue represar seu espanto com a superficialidade do candidato a presidente pelo PSL. A definição resume a essência da candidatura do capitão reformado, intelectualmente tosco e cujo discurso raso, absurdamente autoritário e pretensamente austero, teve a oportunidade de exibir no programa Central das Eleições, da GloboNews.
Para os mais jovens, cabe o esclarecimento histórico. Cacareco foi a rinoceronte fêmea, emprestada pelo zoológico do Rio de Janeiro ao zoológico de São Paulo, que nas eleições municipais de outubro de 1959 da capital paulista recebeu cerca de 100 mil votos, no mais famoso caso de voto de protesto da história política brasileira. Depois dele, teve-se o fenômeno do Macaco Tião, um voto de protesto lançado pela revista “Casseta e Planeta”, com o apoio do jornalista Fernando Gabeira, então deputado pelo PV. Do episódio resultou que Macaco Tião figura no Guiness World Record como o chimpanzé a receber mais votos no mundo. O fenômeno que representou Macaco Tião o tornou capa da revista "Veja", por traduzir o descrédito dos políticos.
Para além de tirar a direita ultraconservadora do armário, o que é saudável porque enriquece o contraditório e confere transparência ao debate eleitoral, a candidatura do capitão, com seu discurso de suposta moralidade pública, prospera no sucateamento das instituições políticas, à espera de uma reforma capaz de tornar o Congresso e os partidos algo mais que um valhacouto de réus e cúmplices. Mas o capitão também é favorecido pela indecisão do eleitorado, diante da indefinição de candidaturas e da falta de conhecimento sobre as propostas dos candidatos em potencial. Com 27 anos de vida parlamentar, ao longo da qual não produziu nada além de eleger os filhos, no melhor estilo caudilhesco, Bolsonaro parece aquele tipo incapaz de conjugar duas ideias concomitantes sem o risco de ter uma convulsão cerebral.
Emblematicamente, bastou despontar no cenário eleitoral a pré-candidatura da ex-ministra Marina Silva (Rede) para que fosse registrado um empate técnicoentre ela e o capitão. E pelo que foi permitido vislumbrar no Central das Eleições, o da GloboNews, o confronto é desfavorável ao candidato do PSL.
Até intuitivamente o eleitorado parece ter a percepção da fragilidade da candidatura de Bolsonaro, independentemente do isolamento que o faz carente de palanques expressivos e chegar a undécima hora sem conseguir ter um vice por opção, compelido a contentar-se com a reserva de contingência que lhe restou, o general Antônio Hamilton Martins Mourão, que ganhou notoriedade em 2005, quando estava no Comando Militar do Sul e criticou o governo da ex-presidente Dilma Rousseff. Não por acaso, a 22 de julho, debruçado sobre as pesquisas de intenção de voto, o jornalista Josias de Souza revelou que, se não estivesse inelegível, Lula (49%) surraria Bolsonaro (32%) num hipotético segundo round. Marina Silva (42%) colocaria dez pontos de vantagem sobre o fenômeno (32%). Ciro Gomes (36%) subiria ao ringue estatisticamente empatado com a novidade (34%). Até Geraldo Alckmin (33%) emparelharia suas luvas com as de Bolsonaro (33%), num empate matemático, antes mesmo de ter sua candidatura encorpada pelo apoio do Centrão.

Nenhum comentário :