A maioria das candidaturas a reitor da UFPA
acaba por reproduzir o espectro político-partidário, com destaque para as
legendas que balizam a política paraense. A exceção seria Edson Ortiz, cuja
candidatura é aparentemente turbinada apenas pelos seus quase 40 anos de vida
acadêmica, o que sugere uma vasta teia de relações profissionais e pessoais, que
acabam por se sedimentar sob uma atmosfera de compadrio. Se Emmanuel Tourinho
tem o apoio do PMDB, via Maneschy, e do PT, com o qual é identificado seu vice,
Gilmar Silva, Erick Pedreira tem seu nome
associado a setores do PSDB, e mais particularmente ao prefeito de Belém, o
tucano Zenaldo Coutinho, protagonista de uma gestão ruinosa e cuja equipe ele
já integrou. João Weyl, um militante histórico do PT, não tem o apoio do
partido, mas conta com o calor de setores da legenda petista dispersos na
universidade, dos quais é exemplo Fábio Castro, um respeitado professor da
UFPA, mas que no exercício do poder, como secretário de Comunicação da
ex-governadora petista Ana Júlia Carepa, teve um desempenho pífio, atribuído a
uma exacerbada empáfia acadêmica. Talvez por estar livre da camisa de força
partidária, Weyl acaba por ser revelar um livre atirador, com coragem moral
para escancarar publicamente as mazelas da academia, com a virtude fazê-lo sem
o travo de mágoas pessoais e do ranço do sectarismo, com o mérito adicional de
evidenciar efetivo conhecimento de causa. Quanta a Vera Jacob, trata-se de uma
candidata associada ao PSol, cuja campanha tem o apoio da Adufpa, a Associação
dos Docentes da UFPA, do
Sindifes, o Sindicato dos Trabalhadores das Instituições Federais de Ensino
Superior no Estado do Pará, e do Sintepp, o Sindicato dos Trabalhadores em
Educação Pública do Pará. Na descrição de seus circunstanciais adversários,
Vera identifica-se com os setores politicamente mais sectários da universidade,
com o agravante de exibir um temperamento algo atrabiliário, inevitável
contraponto ao bom-tom que o status de docente sugere.
A candidatura de Vera Jacob acaba tisnada,
pelo menos para consumo externo, pelo apoio da atual direção do Sintepp,
identificada com o PSol e sob a suspeita de corrupção, a partir de denúncia
protocolada no Ministério Público Estadual. Para além disso, ela figura no
imbróglio envolvendo Mateus Rocha da Costa Ferreira, um dos coordenadores do Sintepp
e seu fiel cabo eleitoral, acusado de não contemplar a exigência de dedicação
em tempo integral para quem cursa o mestrado na UFPA. Formado em educação física, por duas vezes ele tentou cursar mestrado na
UEPA, a Universidade do Estado do Pará, mas foi reprovado ainda na prova
escrita. Em 2015, porém, conseguiu passar no Programa de Pós-Graduação do ICED,
o Instituto de Ciências da Educação da UFPA, do qual é uma das coordenadoras
Vera Jacob. A direção do ICED é
acusada, por recorrentes denúncias, de tratar como letra morta a exigência – contida em edital – de dedicação em tempo integral, uma
das condições para cursar o mestrado na instituição. Exigência que não estaria
sendo contemplada por Mateus Rocha da Costa Ferreira, que não só dependeria de uma liberação
da Seduc, a Secretaria de Estado de Educação, como não teria se licenciado da
direção do Sintepp, pelo qual é também remunerado.
Nenhum comentário :
Postar um comentário