Embora tenha usado a Sespa, a Secretaria de Estado de Saúde Pública, como moeda de troca no jogo político, é inegável o esforço do governo Ana Júlia
Carepa em investir na saúde pública, na qual o marco foi a instalação do
acelerador linear do Hospital Ophir Loyola – vital para o tratamento de
pacientes com câncer, no valor de US$ 1 milhão -, que Jatene deixara
dormitando, encaixotado, no almoxarifado da Sespa. A administração da
ex-governadora também investiu significativamente na expansão da Defensoria
Pública, órgão responsável pela garantia de ampla defesa do
cidadão que não tem condições de arcar com os honorários de um advogado. No seu
governo a Defensoria Pública ganhou autonomia financeira e administrativa,
aumento dos recursos públicos disponíveis e ampliou sua capacidade de
atendimento, com a construção de novos espaços e instalação de outros serviços.
Na gestão Ana Júlia, a Defensoria Pública passou a dispor de 275 defensores
públicos e a garantir seus serviços em 142 municípios.
Também não faltaram escândalos. Alguns ruidosos,
com ilustram os exemplos abaixo:
Garota presa e estuprada – Um dos mais
danosos escândalos, para a imagem de Ana Júlia Carepa foi o caso da garota L. S. P., de 14 anos, presa por furto, em Abaetetuba,
e mantida em uma cela, por 26 dias, com 20 presos, pelos quais foi sucessivamente
estuprada e humilhada, segundo denunciou, em um episódio com repercussão
internacional.
O escândalo da menina presa e estuprada em
Abaetetuba teve ainda uma passagem deprimente, que tisnou a imagem de Ana Júlia
Carepa. O então delegado geral da Polícia Civil, o
delegado Raimundo Benassuly Maués Júnior, tido e havido como íntimo da
governadora, ao depor na Comissão de Direitos Humanos do Senado, etiquetou de
“débil mental”, por não informar ser de menoridade, a garota L. S. P., mantida
em uma cela da delegacia de polícia de Abaetetuba com cerca de 20 presos, pelos
quais foi estuprada e humilhada. Na ocasião, diante da indignação provocada
pela declaração, Ana Júlia, que também se encontrava em Brasília, recriminou a
postura do delegado, que em seguida foi exonerado, a pedido, mas posteriormente
reconduzido ao cargo (Leia aqui).
Stripper como assessora – Ana Júlia, ao lado disso, amargou
desgastes absolutamente desnecessários, que refletem a incompetência do seu
entorno. Ela nomeou, como assessoras, sua cabelereira e da sua esteticista, tornando-se,
por isso, alvo de chacota.
Teve ainda a nomeação, como assessora, da performática
Élida Braz, uma DJ que era também stripper, exibindo-se coadjuvada por uma
cobra. Ela tem como marido e mentor André
Lobato, o Kaveira, ex-vereador de Belém pelo PPS e que ganhou
visibilidade como empresário da noite. Seus antecedentes incluem
suspeitas de furto e homicídio, além de porte de granada.
Licenças ambientais sob suspeita - Renderam ainda
graves críticas a Ana Júlia a atuação do ex-marido, Marcílio Monteiro, e do ex-cunhado,
Maurílio Monteiro, que controlavam as licenças ambientais, estopim de denúncias
sobre uma suposta promiscuidade na relação com as madeireiras ilegais.
O affair e o convênio de R$ 3,7 milhões - No começo do governo, Ana Júlia namorou com o
nepotismo, embora sem a desfaçatez exibidas por Almir Gabriel e Simão Jatene
nesse quesito, e chegou a nomear dois irmãos para cargos públicos, Luiz Roberto
Carepa e José Otávio Carepa, o que repercutiu mal. Agora, pior, muito pior, até
porque custou caro ao erário, foi o episódio envolvendo o affair de Ana Júlia na ocasião, Mario
Fernando Costa, na época presidente do Aeroclube do Pará, com o qual o governo
firmou um contrato no valor de R$ 3,7 milhões, para a formação de 14 pilotos.
Kits milionários - Outra passagem patética da gestão da
ex-governadora foi a distribuição de a alunos de rede estadual de 1 milhão de
kits escolares e 10 mil revistas com o logotipo da gestão de Ana Júlia Carepa,
o seu nome e textos elogiosos à própria administração. No
total, o governo investiu R$ 47,8 milhões nos kits. Também importada da UFPA,
sob as bênçãos dos luas pretas de Ana
Júlia, Iracy Gallo, então secretário estadual de Educação, negou
qualquer irregularidade e disse que os materiais tinham sido aprovados pela
assessoria jurídica do governo. Gallo, diga-se, assinava um texto na
agenda escolar, um dos itens que compunha o kit, no qual havia também duas
camisetas e uma mochila.
Em tempo: segundo o artigo 37
da Constituição, é proibido "constar nomes, símbolos ou imagens que
caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos" na
"publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos
públicos". O objetivo da lei é garantir o princípio da impessoalidade.
Contrato com a Delta – Um contrato com a
Delta, no valor de R$ 20 milhões e celebrado com dispensa de licitação, para a
locação de 450 carros destinados à Polícia Militar, constitui-se em uma das
mais controvertidas passagens do governo Ana Júlia. A Delta, recorde-se, é a
empreiteira de Fernando Cavendish e protagonizou
uma das maiores ascensões empresariais já vista, ao longo dos governos
petistas. Além de obras do PAC,
estádios e outras grandes construções, a empresa passou também a colecionar em
seu portfólio indícios de superfaturamentos, fraudes e propinas.
O contrato, diga-se, embora muito
criticado, foi mantido pelo tucano Simão Jatene, ao suceder Ana Júlia Carepa no
governo.
Nenhum comentário :
Postar um comentário