Ana Júlia Carepa: glamourização da opção pelo PC do B, apontada como uma alternativa, diante do isolamento amargado entre a caciquia petista. |
Na entrevista concedida ao jornal Diário do Pará, na qual tenta glamourizar
sua opção pelo PC do B, o Partido Comunista do Brasil, após 30 anos de
militância no PT, a ex-governadora Ana Júlia Carepa revela-se, mais do que
nunca, a Ana Júlia Carepa de sempre, que se fez conhecer abertamente ao
tornar-se inquilina do Palácio dos Despachos, entre 2007 e 2010. Refém da
demagogia de palanque e compulsivamente superficial, por obtusidade ou
oportunismo, ela faz um arremedo de autocrítica, minimiza os erros do PT,
evitando abordar as falcatruas dos petralhas nos governos dos ex-presidentes
Lula e Dilma Rousseff, e tenta glamourizar sua opção pelo PC do B, na tentativa
de retomar sua carreira política, após as derrotas eleitorais de 2010, ao
tentar a reeleição como governadora, e de 2014, quanto disputou uma vaga na
Câmara Federal. Ornamenta essa tentativa de ressurreição política um prometido
livro sobre sua passagem pelo governo do Pará, sem que tenha sido revelado até
aqui quem será o ghost-writer, um auxílio indispensável diante de sua parca
intimidade com a palavra escrita. Esse projeto foi turbinado, naturalmente, pela
sondagem eleitoral do Paraná Pesquisas, na qual a ex-governadora surge como a
segunda opção dos eleitores, com 15,3%
das intenções de voto, logo atrás do peemedebista Helder Barbalho, ministro da
Integração Nacional, filho e herdeiro político do senador Jader Barbalho, o
morubixaba do PMDB no estado e a mais longeva liderança política da história do
Pará.
Na pesquisa - realizada de
28 de junho a 1º de julho deste ano, em 52 municípios, tendo sido ouvidos 1.500
eleitores, distribuídos em seis mesorregiões do estado, Baixo Amazonas, Marajó,
Região Metropolitana de Belém, Nordeste Paraense, Sudoeste Paraense e Sudeste
Paraense -, Helder Barbalho desponta com 34,4% das intenções de voto (Leia aqui). Chamou atenção, porém,
previsivelmente, o bom desempenho de Ana Júlia, tanto mais surpreendente diante
do ostracismo no qual ela submergiu, após o fracasso eleitoral de 2014, quando
tentou uma vaga na Câmara Federal, projeto que retoma agora, ao migrar do PT
para o PC do B. Uma dissidência do PCB, o Partido Comunista Brasileiro
(originalmente PC do B, sigla da qual os dissidentes se apoderaram), o PC do B
dos dias atuais, a despeito de eventuais alianças heterodoxas que conflitam com
seu discurso, é uma legenda histórica, mas na mira da cláusula de barreira, que
ameaça a sobrevivência da avalancha de partidos nanicos, em sua maioria siglas
de aluguel. “O fato é que o partido corre riscos. Claro que qualquer partido
pequeno corre risco, mas o PC do B tem uma história de mais de 90 anos. Eu me
senti comprometida a vir para esse projeto ajudar”, trombeteia a
ex-governadora, vendendo a imagem de uma personagem altruística, incompatível com
seu perfil e seu passado. Ela passa ao largo do esvaziamento da sua liderança
na legenda petista, na qual hoje pontifica no Pará o senador Paulo Rocha, a
quem desconheceu solenemente em boa parte do seu mandato com governadora,
instigada pelos seus luas pretas - o
ex-marido, Marcílio Monteiro, pai da sua filha, o ex-cunhado, Maurílio
Monteiro, e Cláudio Alberto Castelo Branco Puty, também conhecido como Pacheco,
em alusão ao personagem de Eça de Queiroz farto em empáfia e parco em
substância. Com o escandaloso auxilio da máquina administrativa estadual, Puty
conseguiu eleger-se deputado federal em 2010, sem obter a reeleição, porém, em
2014, quando dependeu apenas de si e do PT.
Foi exatamente essa troika – Marcílio Monteiro, Maurílio
Monteiro e Cláudio Aberto Castelo Branco Puty – que envenenou a relação de Ana
Júlia Carepa com Jader Barbalho, o estrategista da sua vitória sobre o
ex-governador tucano Almir Gabriel, em 2006, que tinha o apoio do seu sucessor,
Simão Jatene (PSDB). Foi Jader Barbalho, inclusive, que tornou-a candidata ao
governo, em articulação que teve como avalista o então presidente petista Lula.
Instalada no governo, insuflada por seus luas
pretas Ana Júlia manteve uma relação ambivalente com o morubixaba
peemedebista, permeada por hostilidades mútuas, o que terminou por levar Jader
Barbalho a patrocinar um apoio velado do PMDB ao tucano Simão Jatene, no
segundo turno da sucessão estadual de 2010.
2 comentários :
Parabéns pelo texto. Espetacular, para os que desejam se atualizar sobre os acontecimentos políticos no estado do Pará.
kkkkk versão ciumenta do Barata, cada um conta sua versao hehehhe.
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