O senador Jader Barbalho, um dos expoentes
do PMDB no Senado e o morubixaba do partido no Pará, fez um vigoroso ataque a
Operação Lava Jato, na esteira da denúncia de corrupção passiva oferecida pela
Procuradoria-Geral da República contra o pemedebista Michel Temer, o primeiro
presidente acusado de corrupção passiva no exercício do cargo. Em tom virulento,
o discurso incluiu respeitosas reverências ao senador Renan Calheiros
(PMDB-AL), réu em ação no Supremo Tribunal Federal e investigado em 11
inquéritos, e uma eloquente manifestação de solidariedade ao ex-presidente Lula
(PT) e ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), cuja volta ao Senado foi determinada
pelo ministro Marco Aurélio Mello, do STF, ainda nesta sexta-feira, 30 - ambos sob suspeita de corrupção. Na sua indignada
manifestação, Jader conclamou a classe política a se unir contra o que
etiquetou de “vagabundagem jurídica, vagabundagem política”, denunciando “a
ditadura do Poder Judiciário”. “Eu enfrentei a ditadura militar e hoje assisto
a ditadura do Poder Judiciário”, disparou. Mordaz, ele citou, como exemplo dos
excessos cometidos contra a classe política o ex-procurador Marcelo Miller, que era o braço direito de Rodrigo
Janot na Procuradoria-Geral da República e hoje atua no escritório que trabalha para o empresário Joesley Batista, quando
deveria ter feito quarentena de três anos, uma transgressão silenciada pela
grande imprensa e que foi denunciada pelo jornalista Reinaldo Azevedo, em seu blog. Batista é o delator cujas
revelações colocam sob suspeita de corrupção, dentre outros, o presidente
Michel Temer e o senador Aécio Neves, além dos ex-presidentes petistas Lula e Dilma Rousseff.
Engrossando o coro de lideranças na mira da
Justiça, Jader denunciou uma suposta conspiração de setores do Poder Judiciário
contra a classe política. “São os Médicis togados que estão aí”, alfinetou, reportando-se
a Emílio Médici, o general-presidente cujo mandato se confunde com os anos de
chumbo da ditadura militar. Ele exortou a uma união do Congresso Nacional contra
os eventuais excessos do Poder Judiciário e do Ministério Público. “Vamos tomar
juízo e vamos nos respeitar, porque esse processo vai liquidando partido a
partido, grupo a grupo, liderança por liderança”, conclamou, omitindo que é a corrupção sistêmica que dá causa ao desgaste da classe política. “Eu não aceito que
meu mandato de senador seja título honorífico”, sublinhou “Eu tenho [poder, legitimidade], eu
fiz carreira política, eu me submeti ao voto popular”, observou “Quem manda no meu
mandato não é o procurador-geral [da República], quem manda no meu mandato não
é nenhum ministro do Supremo Tribunal Federal, quem manda no mandato é o
eleitor que me mandou pra cá”, acentuou, como se a vitória eleitoral conferisse uma espécie de certificado de propriedade do país ou do estado ao eleito. Antes, Jader solidarizou-se com o
senador Aécio Neves. Sem esquecer de investir contra o juiz Sérgio Moro, embora
sem nominá-lo, diante da possibilidade de condenação do ex-presidente Lula, por
corrupção. “Será uma violência inominável, de quem não tem um voto popular,
tirar da vida pública um homem com a carreira e o prestígio do ex-presidente da
República”, bradou, em um sofisma pelo qual o voto popular serviria de habeas-corpus para falcatruas pelos políticos. “Nós devemos é estar juntos, para salvar a democracia do
Brasil!”, exclamou, esquecendo-se, convenientemente, que é o dinheiro desviado pela corrupção que priva o povo da assistência básica do Estado e, ao assim fazê-lo, conspira contra a ordem democrática, ao lançá-la no descrédito.
Jader Barbalho, convém lembrar, tem seu
nome associado a recorrentes denúncias de corrupção, no rastro de uma súbita
evolução patrimonial De um bem-sucedido político, que jamais teve outra
qualquer atividade, ele tornou-se também um próspero empresário, cuja família é
proprietária de um dos maiores grupos de comunicação do Pará, a Rede Brasil
Amazônia de Comunicação, além de ser também, ao que consta, fazendeiro. Ele tem como filho e herdeiro político Helder Barbalho,
ministro da Integração do governo Michel Temer e virtual candidato do PMDB ao
governo do Pará, nas eleições de 2018. Salvo uma breve passagem como diretor
das rádios da família, quando bem jovem, Helder Barbalho, como o pai, dedica-se
em tempo integral à política, embora sem exibir o carisma de Jader. Ele foi
vereador e prefeito de Ananindeua, deputado estadual e, na disputa pelo governo
do Pará em 2014, foi derrotado por minguada diferença de votos pelo tucano
Simão Jatene, cuja candidatura foi anabolizada pela escandalosa utilização da
máquina administrativa estadual, o que terminou por provocar sua recente
cassação pelo TRE, o Tribunal Regional Eleitoral. Antes de migrarem para a nau
de Temer, na undécima hora, os Barbalho navegavam no Titanic da petista Dilma
Rousseff, da qual Helder foi ministro dos Portos. “Caititu fora do bando vira
comida de onça”, teria sentenciado Jader, de acordo com a versão corrente, ao
explicar o porquê de seguir a opção preferencial do PMDB, partido do qual é
militante histórico, saltando do desgoverno Dilma Rousseff, que defendia tão enfaticamente, apesar das evidências de descalabro e corrupção..
3 comentários :
Jader se orgulha de nunca ter tido sua carteira de trabalho assinada. Por aí tiramos que ele é um corrupto que enriqueceu saqueando o dinheiro público. Não tem moral alguma para falar de justiça um mentencapto.
É totalmente impossível - ainda que muitos defendam tal desatino - execrar um lado e apoiar outro dentre os nomes desgastados da política-coveira do Brasil. Todos os políticos desta escória merecem ser esquecidos do cidadão.
O que poderíamos esperar de um denunciado? Certamente teria que defender os seus parceiros. O Brasil, infelizmente, é um barco sem rumo. A nossa esperança é que as ratazanas desembarquem na hora de tomar um novo rumo.
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