Neves (à esq.) com Jatene: de aliado subserviente a desafeto rancoroso. |
Protagonista de uma administração pontuada
por denúncias de corrupção e patrimonialismo, além de notoriamente servil ao
Palácio dos Despachos (Leia aqui), a
cinco dias do término de sua gestão o procurador-geral de Justiça, Marcos
Antônio Ferreira das Neves, enfim autorizou o procurador de Justiça Nelson
Medrado e o promotor de Justiça Armando Brasil a ajuizarem ação civil pública,
por improbidade administrativa, contra o governador Simão Jatene (PSDB). Com um
travo de represália, a autorização – revelada com exclusividade pelo blog Ver-O-Fato (Leia aqui), do jornalista Carlos Mendes – emerge depois que
Jatene, surpreendentemente, nomeou como novo procurador-geral de Justiça o
promotor de Justiça Gilberto Valente Martins, segundo colocado na lista tríplice,
com 143 votos. Ao preterir o candidato do procurador-geral em fim de gestão, o
promotor de Justiça César Mattar, o mais votado, com 241 votos, cuja
candidatura foi turbinada pelo uso escancarado da máquina administrativa,
Jatene impôs uma vexatória derrota pessoal a Neves, também conhecido como Napoleão de Hospício, por seu mandonismo
e parcos pudores éticos, que no comando do MPE, o Ministério Público Estadual, ironicamente
se notabilizou como um boy qualificado do governador tucano. Jatene acaba de
ter o mandato cassado pelo TRE, Tribunal Regional Eleitoral, por abuso de poder
econômico, em decisão da qual cabe recurso (Leia aqui). A ação por improbidade, enfim autorizada, ocorre no rastro da promiscua relação de Alberto Lima da Silva Jatene, o Beto Jatene, com o governo do pai, na esteira da qual parte da frota da Polícia Militar abastece nos postos de combustível do ilustre rebento, que entre 2012 e 2014 faturou, com isso, algo em torno de R$ 5 milhões, segundo as estimativas.
A consequência mais imediata da autorização
de Neves é sepultar o PAD, o Processo Administrativo
Disciplinar, instaurado contra Medrado e Brasil, depois que ambos - sem delegação de poderes para tanto - ajuizaram uma
ação civil pública, por improbidade administrativa, contra o governador Simão
Jatene, a secretária estadual de Administração, Alice Viana Soares Monteiro, e
o filho de Jatene, Alberto Lima da Silva Jatene, o Beto Jatene. Neves,
ignominiosamente, simplesmente não só não subscreveu a ação civil pública ajuizada, como não
delegou poderes para Medrado e Brasil fazê-lo, como determina a Constituição
Federal e a Lei Orgânica do MP, optando por ignorá-la, sem se dar ao trabalho sequer
de manifestar-se, o que deveria fazer, por dever de ofício. Pela
Constituição Federal e pela própria Lei Orgânica do MP, nas ações de improbidade administrativa o governador não tem
privilégio de foro, podendo ser julgado em primeira instância e por juízo
singular, mas cabe somente ao procurador-geral de Justiça processá-lo, ou por
autoridade com delegação deste para tanto. Em uma manobra temerária, Medrado
e Brasil ajuizaram a ação. Eles chegaram a pretender, pateticamente, que
a juíza Kátia Parente Sena intimasse Neves a se manifestar sobre a delegação de
autoridade para que ajuizassem a ação civil pública, por improbidade
administrativa, contra o governador, a secretária estadual de Administração e o
filho do governador. A pretensão obviamente foi descartada pela
magistrada, em respeito a autonomia e independência funcional do Ministério
Público e Jatene excluído da ação. Pior, muito pior: nem Medrado, nem Brasil, recorreram, como poderiam
ter feito, à Corregedoria, ao Colégio de Procuradores, ou até mesmo ao CNMP, o
Conselho Nacional do Ministério Público, forçando o procurador-geral a se
manifestar, cumprindo um dever de ofício. Do imbróglio resultou o PAD
instaurado contra ambos, que agora perde o objeto, depois que Neves migrou do
status de aliado servil a desafeto rancoroso de Jatene.
3 comentários :
Agora vamos saber as patifarias desse governador salafrário eo filho ladrão. E ainda tem o zenada. Agora sim, vamos ficar sabendo das pilantragens da tucanalha.
Os ladrões e corruptos só falam a verdade sobre eles quando se acusam. E é neste momento que a podridão aparece. Jatene e Jader os JJ's foram e são os principais algozes e carrascos do povo do Pará.
Eleitos e reeleitos pelo povo idiota, diga-se de passagem.
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