SOB CENSURA, POR DETERMINAÇÃO DOS JUIZES TÂNIA BATISTELO, JOSÉ CORIOLANO DA SILVEIRA, LUIZ GUSTAVO VIOLA CARDOSO, ANA PATRICIA NUNES ALVES FERNANDES, LUANA SANTALICES, ANA LÚCIA BENTES LYNCH, CARMEN CARVALHO, ANA SELMA DA SILVA TIMÓTEO E BETANIA DE FIGUEIREDO PESSOA BATISTA - E-mail: augustoebarata@gmail.com
quarta-feira, 14 de dezembro de 2016
BLOG – De volta, apesar dos percalços
Problemas pessoais e de saúde – estes os
mais graves, porque obrigam-me a reduzir drasticamente minhas atividades e dos
quais ainda convalesço – levaram-me a um novo hiato na atualização do blog, que
retomo, desculpando-me, mais uma vez, pela ausência compulsória.
CRISE – Em tom ácido, Sindifisco repudia “pacote de maldades” de Simão Jatene e propõe alternativas
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Simão Jatene: "pacote de maldades" sob ácidas críticas do Sindifisco. |
“O Sindicato dos
Servidores do Fisco Estadual do Pará (Sindifisco) se posiciona terminantemente
contra a aprovação dos projetos que propõem aumento de carga tributária - com
poder de atingir a população e, dentro dela e de forma mais impactante, as suas
camadas mais pobres - além de danosas mudanças na Previdência dos servidores
públicos estaduais.”
Na mais categórica e esclarecedora crítica feita
ao chamado “pacote de maldades de Jatene”, é neste tom, entre contundente e didático,
que o Sindifisco se manifestou, em nota oficial, sobre o pacote de medidas para
supostamente aplacar os efeitos da crise econômica enviado pelo governador
tucano Simão Jatene à Alepa, a Assembleia Legislativa do Pará. A principal
proposta do chamado “pacote de maldades de Jatene” consiste em aumentar a alíquota básica do ICMS de 17% para 18%, na
presunção de que o estado arrecadará com a medida, em 2017, em torno de 200
milhões de reais. “O projeto impactará, especialmente, a parcela da população
de menor poder aquisitivo, visto que o ICMS incidente sobre as mercadorias têm
o mesmo valor, independente do poder aquisitivo do consumidor (pobre ou rico)”,
sublinha a nota do Sindifisco.
Sobre as mudanças na Previdência dos
servidores públicos estaduais, a nota do Sindifisco é corrosiva. “Há diversas proposições que precisam de esclarecimento aos servidores,
demonstrando os impactos das medidas no curto, médio e longo prazos”, acentua,
para então fulminar: “São necessárias a abertura e a transparência dos números
e o propósito da proposta”, acentua. De resto, o sindicato critica acidamente o
governo Simão Jatene porque suas propostas não foram debatidas “com a sociedade
e com os afetados pelas medidas, demonstrando falta de transparência e de senso
do debate democrático por parte do governo”.
CRISE – Opções ao aumento do ICMS
Em seu repúdio ao “pacote de maldades de
Jatene”, o Sindifisco salienta o caráter apartidário de suas críticas. “Não é, porém, a simples oposição pela oposição. O Sindifisco traz
propostas para que o governo substitua o aumento da carga tributária e
previdenciária por outras medidas ao seu alcance, sem sacrificar os mais pobres
e as empresas que vêm se esforçando para a retomada de fôlego na crise, em meio
a um número recorde de desemprego no Brasil e no Pará”, enfatiza a nota oficial
do sindicato.
Em contraposição ao aumento da alíquota básica do ICMS de 17% para 18%, o Sindifisco defende, dentre
outras opções, a reavaliação dos benefícios fiscais existentes e revogação dos
que não apresentarem eficácia comprovada. “Por ano, há em torno de R$ 1,3
bilhão de renúncia fiscal. Caso sejam revogados 15% do montante renunciado, se
atingiria em torno de 195 milhões de reais”, destaca. O sindicato propõe,
igualmente, a redução do número de secretarias de governo de 29 para 15, “gerando
economia no gasto com o número de cargos comissionados e temporários”. Maior
efetividade na cobrança da Dívida Ativa, que hoje gira em torno de 10 bilhões
de reais, é outra alternativa elencada pelo Sindifisco. “Complementarmente, a
instituição da execução administrativa e do projeto nacional de adoção do
depósito judicial para a proposição do Embargo à Execução da Divida Ativa”,
sugere o sindicato.
CRISE – Transparência na reforma da Previdência
Sobre as “mudanças danosas mudanças na Previdência dos servidores públicos estaduais”, o
Sindifisco é cirúrgico em suas propostas. A primeira delas é a realização de
auditoria dos fundos Finanprev e Funprev, “com o objetivo de verificar o
patrimônio, os direitos e as obrigações, assim como a sustentabilidade de ambos
e a viabilidade econômica futura diante da junção das massas de servidores dos
respectivos fundos, sem a migração dos quase 5 bilhões de reais do atual Funprev”.
Ao lado disso, o
sindicato defende a constituição de uma comissão parlamentar na Alepa, para
promover um amplo debate sobre as mudanças na Previdência dos servidores
públicos estaduais, “analisar a proposta do governo e ouvir as entidades
representativas dos servidores”. Essa comissão, no elenco de alternativas
oferecidas pelo Sindifisco, “deverá debater, avaliar e deliberar sobre a criação,
funcionamento e efetividade da previdência complementar constituída a partir de
2017”.
CRISE – A nota oficial
Abaixo, a nota oficial do Sindifisco sobre
o “pacote de maldades de Jatene”:
SOMOS CONTRA O PACOTE DO
GOVERNO
Silenciosamente, na vigência de uma das fases mais
agudas da crise econômica que se abate sobre a população e sem a mínima
discussão com qualquer setor sacrificado pela intenção de reforçar o seu caixa,
o governo do estado enviou em torno de 19 projetos para a Alepa aprovar em
regime de urgência até o dia 20 de dezembro de 2016, quando o Poder Legislativo
deverá fechar o ano legislativo e entrar em recesso.
O Sindicato dos Servidores do Fisco Estadual do
Pará (Sindifisco) se posiciona terminantemente contra a aprovação dos projetos
que propõem aumento de carga tributária - com poder de atingir a população e,
dentro dela e de forma mais impactante, as suas camadas mais pobres - além de
danosas mudanças na Previdência dos servidores públicos estaduais.
Primeiramente porque os projetos estabelecem
mudanças, eternas ou de longo prazo e abrangência geral - afetando toda a
sociedade e todo o universo de servidores públicos estaduais.
Segundo, por não terem sidos debatidos com a
sociedade e com os afetados pelas medidas, demonstrando falta de transparência
e de senso do debate democrático por parte do governo.
Não é, porém, a simples oposição pela oposição. O
Sindifisco traz propostas para que o governo substitua o aumento da carga
tributária e previdenciária por outras medidas ao seu alcance, sem sacrificar
os mais pobres e as empresas que vêm se esforçando para a retomada de fôlego na
crise, em meio a um número recorde de desemprego no Brasil e no Pará.
AUMENTO DE IMPOSTO
Quanto ao aumento de carga tributária, a principal
proposta consiste em aumentar a alíquota básica do ICMS de 17% para 18%.
Estima-se que o Estado arrecadará com a medida em torno de 200 milhões de reais
em 2017.
O projeto impactará, especialmente, a parcela da
população de menor poder aquisitivo, visto que o ICMS incidente sobre as
mercadorias têm o mesmo valor, independente do poder aquisitivo do consumidor
(pobre ou rico).
MEDIDAS SUBSTITUTIVAS A SEREM ADOTADAS
1. Reavaliação dos benefícios fiscais
existentes e revogação dos que não apresentarem eficácia comprovada. Por ano,
há em torno de R$ 1,3 bilhão de renúncia fiscal. Caso sejam revogados 15% do
montante renunciado, se atingiria em torno de 195 milhões de reais;
2. Diminuição do número de
secretarias de Governo de 29 para 15, gerando economia no gasto com o número de
cargos comissionados e temporários;
3. Maior efetividade na cobrança da
Dívida Ativa, que hoje gira em torno de 10 bilhões de reais. Complementarmente,
a instituição da execução administrativa e do projeto nacional de adoção do
depósito judicial para a proposição do Embargo à Execução da Divida Ativa.
REFORMA
PREVIDENCIÁRIA
Há diversas proposições que precisam de
esclarecimento aos servidores, demonstrando os impactos das medidas no curto,
médio e longo prazos. São necessárias a abertura e a transparência dos números
e o propósito da proposta.
MEDIDAS SUBSTITUTIVAS A SEREM ADOTADAS
1. Auditoria dos
Fundos Finanprev e Funprev, com o objetivo de verificar o patrimônio, os
direitos e as obrigações, assim como a sustentabilidade de ambos e a
viabilidade econômica futura diante da junção das massas de servidores dos
respectivos fundos, sem a migração dos quase 5 bilhões de reais do atual Funprev;
2. Constituição
de uma Comissão Parlamentar na Alepa para promover o debate sobre o assunto,
analisar a proposta do governo e ouvir as entidades representativas dos
servidores;
3. A comissão constante do item 2 deverá debater,
avaliar e deliberar sobre a criação, funcionamento e efetividade da previdência
complementar constituída a partir de 2017.
SINDIFISCO PARÁ
FISCO, ESSENCIAL.
CRISE – Protesto da Asconpa
A Asconpa, a Associação dos Concursados,
convocou para a manhã desta quarta-feira, 14, a partir das 9 horas,
uma manifestação de protesto diante da Alepa, contra o “pacote de maldades de
Jatene”. Em sua página do Facebook, a associação, ao convocar o protesto, faz
contundentes críticas ao governo Simão Jatene. “Além de não promover mais
concursos públicos para suprir a necessidade em órgãos da administração pública
estadual, inviabilizando o atendimento à população, mantendo nos cargos
temporários e DAS, Jatene quer aumentar a contribuição do Instituto de
Assistência dos Servidores do Pará (Iasep), o plano de saúde dos servidores
públicos estaduais, de 9% para 11% e ainda corrigir o Igeprev, a contribuição
previdenciária, de 11% para 14%”, denuncia.
A Asconpa também reserva severas críticas
ao aumento do ICMS. “Outra medida que atinge com gravidade a
população é a correção no percentual de desconto do ICMS, imposto recolhido a
cada compra de bens ou serviços, o que gerará imediato aumento da conta de
energia elétrica”, salienta. E chama atenção para as evidências de que o
governo Simão Jatene tem fartas gorduras por cortar. “Dos cerca de 140 mil
servidores públicos estaduais, 80 mil foram aprovados em concursos públicos. Os
demais (60 mil) são temporários e DAS, que possuem remuneração bem superior ao
que o governador paga aos concursados”, destaca. E acrescenta: “Além do mais, Jatene não tomou nenhuma medida para conter os gastos
que o seu governo tem feito com publicidade. Somente este ano, já foram gastos
R$ 38 milhões de reais, com anúncios em rádios, jornais e televisão, de acordo
com dados do Portal da Transferência.”
sexta-feira, 4 de novembro de 2016
DENÚNCIA – Zenaldo e mais sete ex-parlamentares do Pará envolvidos na farra de passagens na Câmara
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Zenaldo Coutinho: entre os denunciados pela farra de passagens. |
Não apenas o prefeito de Belém, Zenaldo
Coutinho (PSDB), figura dentre os ex-deputados do Pará incluídos dentre os 443 ex-parlamentares que, no exercício
do mandato, utilizavam indevidamente a cota de passagens aéreas
da Câmara e do Senado para fins particulares, razão pela qual foram denunciados
pela Procuradoria da República na 1ª Região. Juntamente com Zenaldo Coutinho
foram também denunciados Anivaldo Vale (PR), Asdrubal
Bentes (PMDB), Gerson Peres (PP), Giovani Queiroz (PDT), Lira Maia (DEM),
Nicias Ribeiro (PSDB) e Vic Pires Franco (DEM). O crime atribuído aos ex-parlamentares é de peculato, cuja pena varia de dois a 12 anos de prisão em caso de condenação.
O caso ficou conhecido, em 2009, como a farra
das passagens, um escândalo revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo e pelo site Congresso em Foco. As cotas de
passagens aéreas que os parlamentares têm direito são bancadas pelo erário, e
em vez de serem usadas pelos parlamentares para suas viagens entre Brasília e
suas bases eleitorais, por muitas vezes patrocinaram viagens ao exterior, ou
viagens de amigos e parentes dos deputados.
ELEIÇÕES – “As pesquisas revelam tendências e não têm como meta apontar o resultado exato”, diz Canto
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Américo Canto: equívocos dentro da margem de erro das pesquisas. |
“As pesquisas revelam tendências e não têm como
meta apontar o resultado exato, até mesmo porque as mesmas são realizadas com
planos amostrais e, por isso, apresentam margem de erro, para mais ou para
menos, dentro dos padrões das técnicas estatísticas. Quanto se anunciava empate
técnico, admitia-se que qualquer um dos dois candidatos poderia ganhar e isso
foi publicado nos jornais e blogs de circulação regional.” A observação é de
Américo Canto, 54, ao justificar as discrepâncias entre os resultados das
pesquisas de intenção de voto na eleição para prefeito de Belém. Sociólogo com
mestrado em ciência política, ele é diretor geral do Instituto Acertar,
notabilizado pela habitual margem de acerto de suas pesquisas de intenção de
voto. No segundo turno da eleição para a Prefeitura de Belém, o Acertar apontou
empate técnico entre os candidatos, com vantagem numérica para Edmilson
Rodrigues, do PSOL, mas sinalizando que a decisão estava nas mãos dos
indecisos, estimados em 7%. Abertas, as urnas apontaram a vitória do prefeito Zenaldo
Coutinho, do PSDB, com 52,33% dos votos válidos, contra 47,67% do ex-prefeito
Edmilson Rodrigues. Contabilizados os votos, chama atenção que a minguada
diferença pró-Zenaldo tenha sido inferior ao total de votos brancos e nulos,
que chega a 7,72%, somados os 2,50% de votos em branco e os 5,22% de votos
nulos, enquanto as abstenções alcançaram 21,25%, um índice alarmante, superior
ao registrado no primeiro turno. “Fazendo
leitura mais atenta dos números, as pessoas poderão observar que as três
pesquisas divulgadas nos jornais locais, às vésperas do segundo turno das
eleições, não apresentaram erro além da margem de tolerância, ou melhor, da
margem de erro, apesar das diferenças numéricas entre as mesmas, o que é
normal. Nota-se, na pesquisa do Instituto Acertar, diferença de 0,7% acima da
margem de erro”, acentua Canto, em entrevista ao Blog do Barata.
Com
diferença de grau, mas não de nível, as projeções das pesquisas de intenção de voto
não foram confirmadas pelo resultado das urnas, no segundo turno da eleição
para a Prefeitura de Belém. Qual a explicação para essa discrepância, já
registrada, diga-se, no primeiro turno?
Fazendo leitura mais atenta dos números, as
pessoas poderão observar que as três pesquisas divulgadas nos jornais locais,
àss vésperas do segundo turno das eleições, não apresentaram erro além da
margem de tolerância, ou melhor, da margem de erro, apesar das diferenças
numéricas entre as mesmas, o que é normal. Nota-se, na a pesquisa do Instituto
Acertar, diferença de 0,7% acima da margem de erro. As pesquisas revelam
tendências e não têm como meta apontar o resultado exato, até mesmo porque as
mesmas são realizadas com planos amostrais e, por isso, apresentam margem de
erro, para mais ou para menos, dentro dos padrões das técnicas estatísticas.
Quanto se anunciava empate técnico, admitia-se que qualquer um dos dois candidatos
poderia ganhar e isso foi publicado nos jornais e blogs de circulação regional.
O quadro abaixo ilustra os números apontados pelas empresas de pesquisa e coteja
com os resultados das urnas.
Resultado Empresas
|
Edmilson
|
Zenaldo
|
Margem
de erro
|
Diferença
|
Acertar
|
51,5%
|
48,5%
|
3,1%
|
3,8%
|
Ibope
|
49,0%
|
51,0%
|
4,0%
|
1,3%
|
Doxa
|
45,8%
|
54,2%
|
3,0%
|
1,9%
|
Resultado Urnas
|
47,7%
|
52,3%
|
Qual
a sua explicação sobre as pesquisas do Instituto Acertar, que apontaram empate
técnico entre os candidatos, mas com tênue vantagem numérica de Edmilson
Rodrigues, embora apontando também, é verdade, um expressivo contingente de
indecisos, que às vésperas de domingo, 30, chegavam a 7,5%?
Apontamos 7,5% de indecisos e 10,0% de
eleitores que declaravam que iriam votar em branco ou anular o voto, assim como
expressamos que os indecisos iriam decidir a eleição. Os resultados das urnas apontaram
7,7% de eleitores que votaram em branco ou anularam o voto. Tanto o Ibope como
o Instituto Acertar indicavam empate técnico entre os candidatos, só que o Ibope
apontou vantagem para Zenaldo e o Acertar apontou vantagem de Edmilson. Não
poderíamos apresentar resultado diferente, pois era isso que nossa pesquisa demonstrava,
realizada por cinco dias consecutivos. Uma pequena vantagem para Edmilson. Infelizmente,
o resultado não se confirmou. Não vamos procurar justificativas, mas nos chamou
a atenção o fato dos indecisos terem, em massa, migrados para o candidato Zenaldo.
Isso é um fato inédito para nós, além de que caiu de 10,0% para 7,7%, no dia da
eleição o numero de eleitores que votaram em branco ou anularam o voto.
Embora
por uma minguada diferença, Belém reelegeu Zenaldo Coutinho, um prefeito cuja
gestão é mal avaliada, a exemplo da administração do seu antecessor e aliado, o
ex-prefeito Duciomar Costa, também reeleito. O que pode explicar essa
recalcitrância de expressiva parcela do eleitorado em optar por candidatos
acidamente criticados como gestores?
Como comentei em outro momento em seu blog
e reafirmei no programa Mais, da TV RBA, no domingo da eleição. Acredito que o
instituto da reeleição estimula o clientelismo, além de que o candidato da
situação, que detêm a máquina administrativa, leva vantagem sobre seus
adversários. Esse fato corrobora para que candidatos mal avaliados venham a
ganhar a eleição, principalmente quando auxiliados pela propaganda, dentre
outros fatores.
Neste
segundo turno, a soma dos votos brancos (equivalentes a 2,50%) e nulos
(correspondentes a 5,22%) alcançou 7,72% - índice que inclusive superou a
diferença entre Zenaldo Coutinho e Edmilson Rodrigues -, e as abstenções
chegaram a 21,25%. A que se pode debitar esses números? Trata-se de rejeição
diante das alternativas postas, ou de descrença nos políticos, ou ainda de
repulsa face a sucessão de escândalos de corrupção expostos na esteira da
Operação Lava Jato?
Acredito que é a somatória das três coisas.
A sociedade está cansada dos sucessivos escândalos de corrupção. No caso de
Belém, um fato que nos chamou a atenção. É que os eleitores que se declaravam
indecisos ou que anulariam os votos argumentavam que não acreditavam em nenhum
dos dois candidatos, alegavam que se tratava de figuras repetidas, que as
acusações mútuas dificultavam a tomada de decisão, além da crise política e
escândalos sucessivos envolvendo políticos.
segunda-feira, 31 de outubro de 2016
ELEIÇÕES – Com a candidatura sub judice, Zenaldo é reeleito sob o ostensivo uso da máquina administrativa
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Zenaldo: candidatura sub judice e vitória com o uso da máquina pública. |
Com sua candidatura sub judice, mas anabolizada
pela ostensiva utilização das máquinas administrativas municipal e estadual, o
prefeito Zenaldo Coutinho, do PSDB, obteve a reeleição, com 52,33% dos votos válidos, contra 47,67%
do ex-prefeito Edmilson Rodrigues, do PSOL. Chama atenção, inevitavelmente, que
a minguada diferença pró-Zenaldo tenha sido inferior ao total de votos brancos
e nulos, que chega a 7,72%, somados os 2,50% de votos em branco e os 5,22% de
votos nulos, enquanto as abstenções alcançaram 21,25%, um índice alarmante, superior ao registrado no primeiro turno. Esta foi, certamente, a
mais polarizada disputa eleitoral registrada em Belém, depois das eleições estaduais
de 1982, 1990 e 1998. A derrota de Edmilson Rodrigues embute motivos que vão
bem mais além das notórias deficiências do candidato e dos erros crassos de sua
campanha, com ênfase para a repetição de um discurso que tentou ideologizar uma
disputa municipal, quando a agenda pública prioriza, na atual conjuntura, a
austeridade na administração dos gastos públicos.
A diferença abissal, entre esses pleitos do passado
recente e a disputa pela Prefeitura de Belém, este ano, foi a acintosa
utilização das máquinas administrativas municipal e estadual, tanto mais
ostensiva quando os ventos da transparência chegam, bem ou mal, ao longínquo
Pará, a terra do vale-tudo eleitoral. O que justificou a corajosa decisão do
juiz Antônio Cláudio Von Lohrmann Cruz
de cassar a candidatura do prefeito Zenaldo Coutinho, por uso da máquina pública.
O magistrado sublinhou, em sua decisão, que houve
“abuso de poder político e desvirtuamento dos recursos materiais, humanos,
financeiros e de comunicação da administração púbica”. Da cassação da
candidatura de Zenaldo Coutinho, se mantida a decisão original, resulta a
possibilidade de Belém ter novas eleições, como esclarece notícia do UOL.
Em verdade, a ação lenta e parcimoniosa da Justiça
Eleitoral no Pará, somada a um ordenamento jurídico que favorece a impunidade, estimulou
os abusos cometidos por Zenaldo Coutinho. Não custa recordar que a proliferação
de bolsões de misérias, concentrados na periferia, é terreno fértil para a
corrupção eleitoral, materializada na compra de votos, institucionalizada nos grotões dos subúrbios. A discrepância das campanhas, visível a olho nu, evidencia a
utilização da máquina pública, como ilustra a profusão de bandeiradas do
candidato tucano, movidas a dinheiro farto, em contraposição a parca mobilização do
PSOL. A vasta legião de fiscais a serviço do PSDB, cujo contraponto foi a
ausência de fiscais do PSOL em algumas seções eleitorais, é outra evidência de
que Belém assistiu, novamente, a disputa do tostão contra o milhão. São
situações que embutem ilícitos difíceis de comprovar, é fato, mas que servem de
indícios para entrever as recorrentes burlas a legislação eleitoral. Qual o custo
dessa fartura e de onde veio a dinheirama que sustentou a campanha tucana? Esta
é a pergunta que não quer calar.
ELEIÇÕES – Desdém pela Justiça
Nada mais emblemático do menosprezo, do desdém pela
Justiça, que as primeiras declarações do prefeito Zenaldo Coutinho, após o
anúncio do resultado do segundo turno da eleição para a Prefeitura de Belém.
Tratar com metáfora futebolística, referindo-se como “tapetão”
a decisão da Justiça Eleitoral cassando sua candidatura, mantida sub judice, soa
a uma empáfia, a um desrespeito, que ultrapassa os limites toleráveis.
Zenaldo poderia ter um mínimo de respeito pelo menos por
si próprio e nos poupar do moleque que se revelou, com a declaração feita,
imprópria para quem supostamente pretenderia administrar Belém “na paz”.
Belém e seus eleitores merecem respeito. Ainda que a
noção de respeito possa ser uma abstração para o moleque travestido de
prefeito.
ELEIÇÕES – O recorrente uso da máquina pública
O uso da máquina pública, frequentemente de forma
escandalosa, confunde-se com as disputas eleitorais no Pará. Na sucessão
estadual de 1982, ela serviu para ajudar a eleger governador Jader Barbalho, do
PMDB, com o decisivo apoio do então governador Alacid Nunes, que rompera com o
Palácio do Planalto, na esteira do seu rompimento com seu arquiinimigo, o
senador Jarbas Passarinho, corolário da animosidade entre os dois coronéis
catapultados para o proscênio político pelo golpe militar de 1º de abril de
1964. Com isso, Alacid contrapôs o uso da máquina administrativa estadual a utilização
da máquina administrativa federal, posta a serviço da candidatura de Oziel
Carneiro, do PDS, o Partido Social Democrático, sucedâneo da Arena, a Aliança
Renovadora Nacional, como legenda de sustentação parlamentar da ditadura
militar.
Em 1990, o uso da máquina pública estadual não foi
suficiente para derrotar Jader Barbalho, com o qual rompera Hélio Gueiros, depois
de por ele eleito governador em 1986, em pleito no qual Barbalho também elegeu senadores
Almir Gabriel, do PMDB, e Jarbas Passarinho, do PDS. É bem verdade que no rastro
das suas idiossincrasias, o então governador Hélio Gueiros negligenciou as
possibilidades à mão, inclusive ao não se preocupar em aplacar a animosidade do
funcionalismo público estadual, postergando a concessão de um reajuste salarial
que presumivelmente poderia ter rendido votos para seu candidato, o ex-prefeito
de Belém Sahid Xerfan, do PTB.
Depois disso, o uso da máquina pública voltaria a ser
determinante, para o desfecho da disputa, na sucessão estadual de 1998, quando
o ex-governador Almir Gabriel, que migrara do PMDB para o PSDB, obteve a reeleição, derrotando, por uma
minguada margem de votos, Jader Barbalho, o morubixaba do PMDB no Pará e a mais
longeva liderança política da história do estado. A escandalosa utilização da
máquina administrativa estadual, da qual tanto se valeu para ser reeleito,
sepultou a imagem de gestor supostamente austero vendida pelo marketing
eleitoral de Almir Gabriel, que abdicaria novamente de qualquer resquício de
pudor em 2002, para fazer seu sucessor Simão Jatene, então um poste eleitoral.
O próprio Edmilson Rodrigues, como prefeito e ainda no
PT, pelo qual elegeu-se em 1996 e reelegeu-se em 2000, também renunciou a
pudores éticos em 2004, ao tentar eleger como sucessora a senadora petista Ana
Júlia Carepa, que fora sua vice no primeiro mandato e que tornou-se sua
desafeta. Apesar da animosidade entre ambos, Edmilson revelou-se um militante
disciplinado e dedicou-se com afinco à campanha de Ana Júlia, utilizando a
máquina pública municipal, para se contrapor ao uso da máquina administrativa
estadual, que o governador tucano Simão Jatene, que sucedera Almir Gabriel,
colocou a serviço da candidatura de Duciomar Costa, do PTB, aliado do PSDB. O
esforço de Edmilson foi em vão: Duciomar, anabolizado pela corrupção eleitoral patrocinada pelo Palácio dos Despachos, derrotou Ana Júlia, na disputa pela
Prefeitura de Belém.
ELEIÇÕES – Resultado do 2º turno
Zenaldo Coutinho (PSDB) - 52,33% (396.770
votos)
Brancos - 2,50% (20.579
votos)
Nulos - 5,22% (42.853 votos)
Votos
válidos - 92,28% (758.146 votos)
Total de
votos - 821.578
Abstenções - 21,25% (221.641)
ELEIÇÕES – Resultado do 1º turno
Zenaldo Coutinho (PSDB) - 31,02% (241.166
votos)
Edmilson Rodrigues (PSOL) - 29,50% (229.343
votos)
Éder Mauro (PSD) - 16,53% (128.549
votos)
Ursula Vidal (Rede) - 10,29% (79.968
votos)
Professor Maneschy (PMDB) - 9,70% (75.401
votos)
Regina Barata (PT) - 1,71% (13.332
votos)
Lélio Costa (PCdoB) - 0,76% (5.900 (votos)
Cléber Rabelo (PSTU) - 0,25% (1.919
votos)
Professor Ivanildo (PRTB) - 0,25% (1.910
votos)
Nulos – 5,27% (44.565
votos)
Brancos – 2,71% (22.928
votos)
Abstenções – 19,00% (198.238)
Votos
válidos – 92,01% (777.488)
Total de
votos - 844.981
ELEIÇÕES – Desempenho dos candidatos
1º TURNO
Zenaldo
Coutinho
– 31,2% (241.166 votos)
Edmilson
Rodrigues
– 29,50% (229.343 votos)
2º TURNO
Zenaldo
Coutinho
- 52,33% (396.770 votos)
Edmilson
Rodrigues
- 47,67% (361.376 votos)
sábado, 29 de outubro de 2016
ELEIÇÕES – Acertar aponta empate técnico, com vantagem de Edmilson. Indecisos chegam a 7,5%
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Edmilson Rodrigues: vantagem numérica, no empate técnico com Zenaldo. |
A decisão da disputa pela Prefeitura de
Belém está nas mãos do contingente de eleitores indecisos, que situa-se em
7,5%, acaba de evidenciar o DOL, o Diário Online, a versão digital do
jornal Diário do Pará, ao noticiar pesquisa de intenção de voto do Instituto Acertar, de Belém, notabilizado pela margem de acerto de
suas projeções. A pesquisa aponta um empate técnico entre os dois candidatos, com vantagem numérica do ex-prefeito Edmilson Rodrigues, do PSOL, sobre o prefeito Zenaldo Coutinho, do PSDB. Contabilizados os votos válidos - que excluem brancos, nulos e indecisos -, Edmilson Rodrigues ostenta 51,5% das intenções de voto, contra 48,5% de Zenaldo Coutinho. A margem de erro da pesquisa, na qual foram ouvidos 1.080 eleitores, é de 3,1 pontos percentuais, para mais ou para menos.
Em flash antecipando parcialmente o noticiário do jornal
impresso, a versão online do Diário do
Pará revela que pesquisa do Instituto Acertar aponta um empate técnico
entre os candidatos à Prefeitura de Belém, com vantagem numérica do ex-prefeito
Edmilson Rodrigues, do PSOL, que tem 42,5% das intenções de voto, contra 40% do
prefeito Zenaldo Coutinho, do PSDB. De acordo com a pesquisa do Acertar, os votos
brancos e nulos somam 10% e o percentual de indecisos é de 7,5%. Em termos de votos válidos, a vantagem é de Edmilson, com 51,5% das intenções de voto, contra 48,5% de Zenaldo.
A notícia acrescenta que a pesquisa, na qual foram entrevistados 1.080 eleitores, foi realizada entre quinta-feira, 27, e sexta, 28, com uma margem de erro de 3,1 pontos percentuais, para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%. Isso significa que, considerando a margem de erro, a chance de o resultado retratar a realidade é de 95%.
Na pesquisa anterior do Instituto Acertar, realizada entre 19 e 21 de outubro e com igual margem de erro, na qual também foram entrevistados 1.080 eleitores, contabilizados os votos válidos Edmilson ostentava 51% das intenções de voto, contra 49% de Zenaldo.
A notícia acrescenta que a pesquisa, na qual foram entrevistados 1.080 eleitores, foi realizada entre quinta-feira, 27, e sexta, 28, com uma margem de erro de 3,1 pontos percentuais, para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%. Isso significa que, considerando a margem de erro, a chance de o resultado retratar a realidade é de 95%.
Na pesquisa anterior do Instituto Acertar, realizada entre 19 e 21 de outubro e com igual margem de erro, na qual também foram entrevistados 1.080 eleitores, contabilizados os votos válidos Edmilson ostentava 51% das intenções de voto, contra 49% de Zenaldo.
ELEIÇÕES – No derradeiro debate, Zenaldo tangencia, foge de críticas irrespondíveis e acena com promessas
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Edmilson Rodrigues, do PSOL: serenidade que faltou a Zenaldo Coutinho. |
No derradeiro debate entre os candidatos à
Prefeitura de Belém, promovido pela TV Liberal, afiliada da TV Globo, o ex-prefeito
Edmilson Rodrigues, do PSOL, que é deputado federal, teve o melhor desempenho
de todos os embates diretos com seu adversário. Bastou, para tanto,
concentrar-se nas realizações em seus dois mandatos como prefeito, em
contrapondo à pasmaceira da administração do prefeito Zenaldo Coutinho, do
PSDB, que postula a reeleição, a despeito de protagonizar uma administração
calamitosa. Edmilson recordou, por exemplo, ter construído 18 novas escolas, enquanto seu adversário deixou 12.500 crianças sem creches. Na falta de realizações a exibir, Zenaldo optou por tangenciar,
fugindo de críticas irrespondíveis, e optou por acenar com novas promessas, a
despeito de não ter honrado os compromissos de gestão com os quais foi eleito
em 2012, quando também defrontou-se, no segundo turno, com Edmilson. Zenaldo não explicou, por exemplo, a demissão sumária de 308 servidores da Secretaria Municipal de Saúde, para a nomeação de cabos eleitorais travestidos de servidores, às vésperas do período eleitoral. Como a agressividade abastece a veemência, mas conspira contra aquele mínimo de civilidade que se exige em um cotejo de propostas, a imagem de um gestor celerado, que o marketing eleitoral tucano tentou impingir a Edmilson Rodrigues, acabou por aderir a Zenaldo Coutinho. Não por acaso, o oportuno desabafo do candidato do PSOL ao prefeito em busca da reeleição. "Por favor, candidato, o senhor não pode transformar em realidade a cidade da fantasia!", disparou Edmilson, aludindo à propaganda enganosa de Zenaldo Coutinho, ao qual ainda acuou, com a admoestação devastadora: "Um prefeito de verdade não cruza os braços, não fica culpando a crise (econômica)!"
No aparente empenho em mostrar-se seguro,
Zenaldo acabou por exibir aquela autossuficiência própria de quem acredita que
se basta a si mesmo, o que ajuda a alimentar a animosidade natural que cerca os
poderosos em geral e os arrogantes em particular. No empenho em desqualificar o
adversário, abusou das adjetivações, às vezes em tom resvalando para o deboche,
em uma postura incompatível com aquela que se espera de um prefeito em busca da
reeleição. Depois de ser acuado com sucessivos questionamentos sobre as
promessas de campanha que não foram cumpridas, Zenaldo teve um deslize
particularmente patético, ao pretender ignorar o Mapa da Violência segundo o
qual Belém é a 26ª cidade mais violenta do mundo, a 9ª
do Brasil e a 3ª da Amazônia, de acordo com levantamento divulgado pelo Conselho
Cidadão para a Segurança Pública e a Justiça Penal, uma ONG mexicana. Pior, só mesmo quando tratou com menosprezo, pretendendo apresentar como factóide de militantes do PSOL, o protesto de professores concursados da Escola Bosque, cujas aulas foram suspensas, para a realização de filmagens de depoimentos de servidores comissionados e temporários em favor do atual prefeito. Aí, aderiu definitivamente a Zenaldo Coutinho a pecha de cínico a ele associada, por conta de suas recorrentes balelas, na esteira da campanha pela reeleição. Cinismo que permitiu ao prefeito tucano ignorar, olimpicamente, a indagação sobre o porquê de só ter construído, em quatro anos, uma única UPA, Unidade de Pronto Atendimento. Ou sobre o porquê da dívida do município saltar de R$ 300 milhões para R$ 100 milhões.
Grave, muito mais grave, e revelador de uma administração caótica, foi Zenaldo Coutinho não retorquir a denúncia de Edmilson Rodrigues, segundo o qual a situação financeira da Prefeitura de Belém é tão grave, que há o risco de não ser pago o 13º salário dos servidores públicos municipais, além de implicar em reajustes expressivos das tarifas de ônibus e do IPTU, o Imposto Predial e Territorial Urbano. Resvalando para o patético, ao fustigar Edmilson Rodrigues sobre déficit habitacional na gestão do ex-prefeito, Zenaldo Coutinho foi obrigado a ouvir calado a desmoralizante observação do adversário: "Não construiu uma única casa! Mostra projetos do governador, (realizados) com recursos federais!"
Não surpreende que, diante da sucessão de desmentidos a suas recorrentes balelas, Zenaldo Coutinho se revelasse atordoado, a ponto de confundir-se e imaginar que seria o último a ter a palavra, no encerramento do debate promovido pela TV Liberal. Algo previamente definido em sorteio, diga-se.
Grave, muito mais grave, e revelador de uma administração caótica, foi Zenaldo Coutinho não retorquir a denúncia de Edmilson Rodrigues, segundo o qual a situação financeira da Prefeitura de Belém é tão grave, que há o risco de não ser pago o 13º salário dos servidores públicos municipais, além de implicar em reajustes expressivos das tarifas de ônibus e do IPTU, o Imposto Predial e Territorial Urbano. Resvalando para o patético, ao fustigar Edmilson Rodrigues sobre déficit habitacional na gestão do ex-prefeito, Zenaldo Coutinho foi obrigado a ouvir calado a desmoralizante observação do adversário: "Não construiu uma única casa! Mostra projetos do governador, (realizados) com recursos federais!"
Não surpreende que, diante da sucessão de desmentidos a suas recorrentes balelas, Zenaldo Coutinho se revelasse atordoado, a ponto de confundir-se e imaginar que seria o último a ter a palavra, no encerramento do debate promovido pela TV Liberal. Algo previamente definido em sorteio, diga-se.
ELEIÇÕES – Edmilson mantém serenidade e decoro
No debate desta sexta-feira, na TV Liberal,
moderado com discrição e eficiência pela jornalista Zileide Silva, da TV Globo, Edmilson
Rodrigues driblou a recorrente dificuldade em manter a serenidade no calor do
contraditório, revelando o decoro que traduz o respeito ao eleitor, exatamente
o que faltou ao seu adversário. O habitual carisma de Zenaldo acabou sepultado
pelo desdém com o qual invariavelmente tratou os questionamentos com os quais
se defrontou, na visível tentativa de menosprezar o candidato do PSOL, o que
teve o efeito de um bumerangue. Dessa postura emergiu um candidato que exalou a
empáfia de quem aposta na força do poder de dissimulação e vê o grosso do
eleitorado, e mais particularmente o eleitorado carente, como a dócil massa de
manobra, sempre suscetível ao assistencialismo eleitoreiro. Dessa vez, mais do
que nunca, o discurso da paz, do diálogo, foi traído pela agressividade, sinônimo de descontrole, traduzido nas mãos trêmulas, que por vezes não conseguiu disfarçar.
O desfecho do debate, com as considerações finais dos candidatos, resumido pelo G1, é ilustrativo do que tem a dizer cada um dos postulantes a um novo mandato como prefeito de Belém. O prefeito Zenaldo Coutinho concentrou-se em promessas, por falta, obviamente, do que mostrar em matéria de realizações. "Sobre os projetos nós temos muito a fazer na nossa cidade, embora tenhamos avançado", justificou-se, ao renovar suas promessas. O ex-prefeito Edmilson Rodrigues foi cirúrgico e, por isso, mais convincente. "Muito obrigado Rede Globo, a TV Liberal, obrigado candidato, obrigado Zileide e obrigado aos que assistem e me deram a oportunidade de expressar nossas ideias e defender um programa de governo que vai mudar Belém e garantir uma cidade mais justa, mais digna, mais alegre. Uma cidade mais feliz. Se você acha que está tudo bem, essa cidade fantasiosa que aparece na TV, então você já tem candidato. Mas se você se incomoda com o sofrimento de quem vai a uma unidade de saúde e não tem médico e remédio, se incomoda com ver crianças na rua, 12.500 crianças fora da escola, dinheiros garantidos, nenhuma creche construída, endividamento do município e nenhuma obra de macrodrenagem concluída. Se você acha que a violência não existe em Belém, porque as pessoas dizem para mim, todas que eu encontro ou sofreram ou conhecem alguém que sofreu, inclusive de homicídios de familiares, parentes, amigos", fulminou, para então arrematar: "Se a gente, no entanto, sonha com uma cidade, segura, participativa, culturalmente forte, saudável, com postos 24 horas, com hospital materno-infantil, com pronto-socorro no Benguí igual, pouquinho maior, de oque o Guamá, com centros educacionais unificados para o que eu já coloquei emendas como parlamentar, para construir o primeiro no próximo ano. Se você sonha com as crianças dentro da escola, se sonha ver crianças dando segurança a suas mães que vão trabalhar porque seus filhos estão numa creche, seja creche construída por nós, seja mediante convênio com igrejas, como fizemos com igreja quadrangular, com igreja católica e tantas entidades não governamentais quando eu fui prefeito, dando dignidade e segurança as famílias. Tudo isso é possível. Desfralde nossa bandeira, consiga mais um voto, participe dessa onda de mudança!."
O desfecho do debate, com as considerações finais dos candidatos, resumido pelo G1, é ilustrativo do que tem a dizer cada um dos postulantes a um novo mandato como prefeito de Belém. O prefeito Zenaldo Coutinho concentrou-se em promessas, por falta, obviamente, do que mostrar em matéria de realizações. "Sobre os projetos nós temos muito a fazer na nossa cidade, embora tenhamos avançado", justificou-se, ao renovar suas promessas. O ex-prefeito Edmilson Rodrigues foi cirúrgico e, por isso, mais convincente. "Muito obrigado Rede Globo, a TV Liberal, obrigado candidato, obrigado Zileide e obrigado aos que assistem e me deram a oportunidade de expressar nossas ideias e defender um programa de governo que vai mudar Belém e garantir uma cidade mais justa, mais digna, mais alegre. Uma cidade mais feliz. Se você acha que está tudo bem, essa cidade fantasiosa que aparece na TV, então você já tem candidato. Mas se você se incomoda com o sofrimento de quem vai a uma unidade de saúde e não tem médico e remédio, se incomoda com ver crianças na rua, 12.500 crianças fora da escola, dinheiros garantidos, nenhuma creche construída, endividamento do município e nenhuma obra de macrodrenagem concluída. Se você acha que a violência não existe em Belém, porque as pessoas dizem para mim, todas que eu encontro ou sofreram ou conhecem alguém que sofreu, inclusive de homicídios de familiares, parentes, amigos", fulminou, para então arrematar: "Se a gente, no entanto, sonha com uma cidade, segura, participativa, culturalmente forte, saudável, com postos 24 horas, com hospital materno-infantil, com pronto-socorro no Benguí igual, pouquinho maior, de oque o Guamá, com centros educacionais unificados para o que eu já coloquei emendas como parlamentar, para construir o primeiro no próximo ano. Se você sonha com as crianças dentro da escola, se sonha ver crianças dando segurança a suas mães que vão trabalhar porque seus filhos estão numa creche, seja creche construída por nós, seja mediante convênio com igrejas, como fizemos com igreja quadrangular, com igreja católica e tantas entidades não governamentais quando eu fui prefeito, dando dignidade e segurança as famílias. Tudo isso é possível. Desfralde nossa bandeira, consiga mais um voto, participe dessa onda de mudança!."
Resta saber, é verdade, qual a repercussão
do debate em uma disputa marcada pelo equilíbrio entre os dois candidatos, que,
segundo os números mais confiáveis, protagonizam um empate técnico. Números de
acordo com os quais o desfecho da eleição está nas mãos do contingente de
indecisos de baixa renda.
domingo, 23 de outubro de 2016
ELEIÇÕES – Segundo o Instituto Acertar, Edmilson tem 42%, contra 40,5% de Zenaldo. Indecisos chegam a 8,5%
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Edmilson: vantagem numérica sobre Zenaldo, de acordo com o Acertar. |
Segundo o Instituto Acertar, de Belém, notabilizado
pela margem de acerto de suas pesquisas eleitorais, na reta final do segundo
turno da eleição para a Prefeitura de Belém registra-se um empate técnico entre
os candidatos, com vantagem numérica do deputado federal Edmilson Rodrigues, do
PSOL. Pela pesquisa, Edmilson Rodrigues tem 42% das intenções de voto, contra
40,5% do prefeito Zenaldo Coutinho, do PSDB; registrando-se ainda 9% entre
bancos, nulos e dos que não votam em nenhum dos candidatos, e 8,5% de
indecisos. Contabilizados apenas os votos válidos, Edmilson Rodrigues ostenta
51% das intenções de voto, contra 49%, de acordo com a pesquisa, divulgada na
edição deste domingo, 23, do Diário do Pará, o jornal do grupo de comunicação
da família do senador Jader Barbalho, o morubixaba do PMDB no Pará.
Registrada no TRE, o Tribunal Regional
Eleitoral do Pará, a pesquisa foi realizada entre quarta-feira, 19, e sexta, 21,
e nela foram ouvidos 1.080 eleitores. A margem de erro é de 3,1%, para mais ou
para menos. O intervalo de confiança é de 95%. Isso significa que, considerando a
margem de erro, a chance de o resultado retratar a realidade é de 95%. A
matéria do Diário do Pará omite os
números da pesquisa espontânea e faz menção à pesquisa do Ibope de 15 de outubro, que ao contabilizar os votos
válidos apontou vantagem de Edmilson Rodrigues, com 52%, contra 48% de Zenaldo
Coutinho.
O Instituto
Acertar tem como diretor geral Américo Canto, 54, sociólogo com mestrado em
ciência política, que acumula uma experiência de 15 anos trabalhando com pesquisas
eleitorais. Discreto e ético, Canto é reconhecido como um profissional de
competência e credibilidade comprovadas.
ELEIÇÕES – As dúvidas sobre a cassação
Diante da cassação da candidatura do
prefeito Zenaldo Coutinho, do PSDB, da qual recorreu o candidato tucano, emergiram
dúvidas sobre os desdobramentos do imbróglio, o que torna pertinente o box
publicado pelo jornal Diário do Pará,
reproduzido abaixo:
ELEIÇÕES – A (grave) denúncia do Diário do Pará
![]() |
Milton Nobre, o desembargador cujo nome foi aludido, cifradamente. |
Não poderia ser mais grave a denúncia feita
pelo Repórter Diário, a nobre coluna
do Diário do Pará, na edição deste
domingo, 23. A notícia faz uma cifrada e irônica alusão ao nome do desembargador
Milton Nobre, ex-presidente e identificado como a eminência parda do Tribunal
de Justiça do Pará. Como advogado, Milton Nobre comandou uma prestigiada banca de
advocacia no Pará e pontificou na campanha do ex-prefeito de Belém Sahid Xerfan,
o candidato ao governo pelo PTB em 1990, que foi derrotado pelo senador Jader
Barbalho, do PMDB, em uma das mais virulentas eleições da história do Pará.
Ostensivamente apoiado pelo grupo Liberal (hoje Sistema Romulo Maiorana de
Comunicação), e mais particularmente pelo jornal O Liberal, Xerfan era o candidato do então governador Hélio
Gueiros, eleito em 1986 por Jader Barbalho, com o qual depois romperia, para
com ele se reconciliar nas eleições de 1998.
“Há alguma coisa podre no ar da Dinamarca
que não é avião de carreira. O governador é anfitrião de um preocupado encontro
marcado para 11h e antecipado para as 9h desta segunda-feira, com três figuras
importantes da Justiça, sendo um deles da alta nobreza. O advogado do cassado
prefeito e candidato Zenaldo Coutinho, Sábato Rossetti, foi convocado para
participar da sisuda reunião. Como o governador não convidou os quatro para
jogar truco, o que paira seria capaz de derrubar avião de carreira e apodrecer
ainda mais a nossa infeliz Dinamarca”, registra a nota de abertura do Repórter Diário.
O governador Simão Jatene, também do PSDB,
é o mais ilustre eleitor do prefeito tucano Zenaldo Coutinho, que disputa a
reeleição e cuja candidatura encontra-se sub
judice, depois de ter sido cassada pelo juiz Antonio Cláudio Von Lohrmann Cruz,
por uso da máquina pública. Zenaldo recorreu da decisão, que aguarda julgamento
pelo pleno do TRE, em um contencioso que provavelmente chegará ao TSE, o
Tribunal Superior Eleitoral, se o Tribunal Regional Eleitoral do Pará derrubar
a cassação e o prefeito tucano vencer a eleição do próximo domingo, 30.
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