sexta-feira, 4 de novembro de 2016

ELEIÇÕES – “As pesquisas revelam tendências e não têm como meta apontar o resultado exato”, diz Canto

Américo Canto: equívocos dentro da margem de erro das pesquisas.

“As pesquisas revelam tendências e não têm como meta apontar o resultado exato, até mesmo porque as mesmas são realizadas com planos amostrais e, por isso, apresentam margem de erro, para mais ou para menos, dentro dos padrões das técnicas estatísticas. Quanto se anunciava empate técnico, admitia-se que qualquer um dos dois candidatos poderia ganhar e isso foi publicado nos jornais e blogs de circulação regional.” A observação é de Américo Canto, 54, ao justificar as discrepâncias entre os resultados das pesquisas de intenção de voto na eleição para prefeito de Belém. Sociólogo com mestrado em ciência política, ele é diretor geral do Instituto Acertar, notabilizado pela habitual margem de acerto de suas pesquisas de intenção de voto. No segundo turno da eleição para a Prefeitura de Belém, o Acertar apontou empate técnico entre os candidatos, com vantagem numérica para Edmilson Rodrigues, do PSOL, mas sinalizando que a decisão estava nas mãos dos indecisos, estimados em 7%. Abertas, as urnas apontaram a vitória do prefeito Zenaldo Coutinho, do PSDB, com 52,33% dos votos válidos, contra 47,67% do ex-prefeito Edmilson Rodrigues. Contabilizados os votos, chama atenção que a minguada diferença pró-Zenaldo tenha sido inferior ao total de votos brancos e nulos, que chega a 7,72%, somados os 2,50% de votos em branco e os 5,22% de votos nulos, enquanto as abstenções alcançaram 21,25%, um índice alarmante, superior ao registrado no primeiro turno.Fazendo leitura mais atenta dos números, as pessoas poderão observar que as três pesquisas divulgadas nos jornais locais, às vésperas do segundo turno das eleições, não apresentaram erro além da margem de tolerância, ou melhor, da margem de erro, apesar das diferenças numéricas entre as mesmas, o que é normal. Nota-se, na pesquisa do Instituto Acertar, diferença de 0,7% acima da margem de erro”, acentua Canto, em entrevista ao Blog do Barata.

Com diferença de grau, mas não de nível, as projeções das pesquisas de intenção de voto não foram confirmadas pelo resultado das urnas, no segundo turno da eleição para a Prefeitura de Belém. Qual a explicação para essa discrepância, já registrada, diga-se, no primeiro turno?

Fazendo leitura mais atenta dos números, as pessoas poderão observar que as três pesquisas divulgadas nos jornais locais, àss vésperas do segundo turno das eleições, não apresentaram erro além da margem de tolerância, ou melhor, da margem de erro, apesar das diferenças numéricas entre as mesmas, o que é normal. Nota-se, na a pesquisa do Instituto Acertar, diferença de 0,7% acima da margem de erro. As pesquisas revelam tendências e não têm como meta apontar o resultado exato, até mesmo porque as mesmas são realizadas com planos amostrais e, por isso, apresentam margem de erro, para mais ou para menos, dentro dos padrões das técnicas estatísticas. Quanto se anunciava empate técnico, admitia-se que qualquer um dos dois candidatos poderia ganhar e isso foi publicado nos jornais e blogs de circulação regional. O quadro abaixo ilustra os números apontados pelas empresas de pesquisa e coteja com os resultados das urnas.

Resultado Empresas
Edmilson
Zenaldo
Margem de erro
Diferença
Acertar
51,5%
48,5%
3,1%
3,8%
Ibope
49,0%
51,0%
4,0%
1,3%
Doxa
45,8%
54,2%
3,0%
1,9%
Resultado Urnas
47,7%
52,3%



Qual a sua explicação sobre as pesquisas do Instituto Acertar, que apontaram empate técnico entre os candidatos, mas com tênue vantagem numérica de Edmilson Rodrigues, embora apontando também, é verdade, um expressivo contingente de indecisos, que às vésperas de domingo, 30, chegavam a 7,5%?

Apontamos 7,5% de indecisos e 10,0% de eleitores que declaravam que iriam votar em branco ou anular o voto, assim como expressamos que os indecisos iriam decidir a eleição. Os resultados das urnas apontaram 7,7% de eleitores que votaram em branco ou anularam o voto. Tanto o Ibope como o Instituto Acertar indicavam empate técnico entre os candidatos, só que o Ibope apontou vantagem para Zenaldo e o Acertar apontou vantagem de Edmilson. Não poderíamos apresentar resultado diferente, pois era isso que nossa pesquisa demonstrava, realizada por cinco dias consecutivos. Uma pequena vantagem para Edmilson. Infelizmente, o resultado não se confirmou. Não vamos procurar justificativas, mas nos chamou a atenção o fato dos indecisos terem, em massa, migrados para o candidato Zenaldo. Isso é um fato inédito para nós, além de que caiu de 10,0% para 7,7%, no dia da eleição o numero de eleitores que votaram em branco ou anularam o voto.

Embora por uma minguada diferença, Belém reelegeu Zenaldo Coutinho, um prefeito cuja gestão é mal avaliada, a exemplo da administração do seu antecessor e aliado, o ex-prefeito Duciomar Costa, também reeleito. O que pode explicar essa recalcitrância de expressiva parcela do eleitorado em optar por candidatos acidamente criticados como gestores?

Como comentei em outro momento em seu blog e reafirmei no programa Mais, da TV RBA, no domingo da eleição. Acredito que o instituto da reeleição estimula o clientelismo, além de que o candidato da situação, que detêm a máquina administrativa, leva vantagem sobre seus adversários. Esse fato corrobora para que candidatos mal avaliados venham a ganhar a eleição, principalmente quando auxiliados pela propaganda, dentre outros fatores.

Neste segundo turno, a soma dos votos brancos (equivalentes a 2,50%) e nulos (correspondentes a 5,22%) alcançou 7,72% - índice que inclusive superou a diferença entre Zenaldo Coutinho e Edmilson Rodrigues -, e as abstenções chegaram a 21,25%. A que se pode debitar esses números? Trata-se de rejeição diante das alternativas postas, ou de descrença nos políticos, ou ainda de repulsa face a sucessão de escândalos de corrupção expostos na esteira da Operação Lava Jato?

Acredito que é a somatória das três coisas. A sociedade está cansada dos sucessivos escândalos de corrupção. No caso de Belém, um fato que nos chamou a atenção. É que os eleitores que se declaravam indecisos ou que anulariam os votos argumentavam que não acreditavam em nenhum dos dois candidatos, alegavam que se tratava de figuras repetidas, que as acusações mútuas dificultavam a tomada de decisão, além da crise política e escândalos sucessivos envolvendo políticos.


2 comentários :

Anônimo disse...

Reconhecemos a idoneidade da empresa Acertar. O que houve na realidade foi muita compra de votos no dia da eleição fato que o TRE não quer ver apesar das denúncia.

Anônimo disse...

TJ e MP existem no Pará só prá uma situação: capacho da tucanalha.