quarta-feira, 11 de agosto de 2010

ELF – A mostra, na visão do próprio artista

A exposição, segundo relato do próprio Jorge Eiró:

Imagens de São Jorge em gravuras digitais impressas sobre azulejos 20 x 20 cm.
Trata-se de um desdobramento do tema apresentado na exposição “Iluminuras”, realizada na Galeria Elf em abril deste ano, na qual cada artista criava trabalhos inspirados no santo de sua predileção. Naturalmente, eu que sou da Companhia de Jorge, elaborei alguns trabalhos que apresentavam o Santo Guerreiro no sacro-profano reino da cultura pop. Ora, São Jorge é um santo pop, tanto no sentido de popular quanto um ícone da cultura pop, uma categoria de santo-star que transita com muita desenvoltura em várias esferas da seara contemporânea (conferir a oração abaixo).
Dessa forma, surgem apropriações, derivações, aglutinações, especulações a partir da figura do Santo Guerreiro mixada com obras da história da arte e imagens da indústria cultural disponíveis na selva da internet. As figuras do Santo “baixam” (literalmente, ô trocadilho infame!) da rede e são tratadas por processos digitais, recebendo um by-passe visual pelas mãos de Liro Gama, cabôco terapeuta das imagens, meu assistente Sancho Pança nesta cruzada artística quixotesca. Então, essas imagens se misturam sincreticamente (tal como o caráter do Santo) a outras imagens da vã mitologia pop da indústria cultural e seu fabuloso imaginário do império do consumo. Tudo com indispensável bom humor, claro, para compor a vasta iconografia da Companhia de Jorge. Por exemplo, ecce:
São Jorge em seu cavalo-marinho (“George’s Company Overseas” – um braço multinacional da Companhia de Jorge, situado num paraíso fiscal do Caribe. A Cia. de Jorge é minha fábrica de ficções artísticas, uma empresa de fachada, na verdade, uma firma fantasma que “lava” imagens);
São Jorge Ferrari;
Saint George’s Lonely Hearts Club Band;
São Jorge Quixote-Picasso;
São Jorge “Napoleão subindo os Alpes” de David;
San Giorgio Armani (“eu estou vestido com as armas e as roupas de sua coleção de inferno”);
São Jorge padroeiro de Moscow-Mosqueiro;
São Jorge e suas princesas: o Cavaleiro e sua Godiva do Irajá (vide a Kátia Flávia de Fausto Fawcett que “andava num cavalo branco pelas noites suburbanas, toda nua!, toda nua!...”), e, claro
A musa do Cavaleiro, Scarlett Johansson que ama São Jorge (“SJ loves SJ”) e deixa à mostra suas tatuagens do santo impressas em sua imaculada pele de porcelana.
E porque os azulejos como suporte para as imagens?
Como algo que alude à antiga tradição portuguesa dos azulejos com imagens de santos que eram fixadas nas portas das casas evocando proteção. A partir de uma visita recente que eu fiz ao Castelo de São Jorge e ao Museu do Azulejo em Lisboa essa concepção ganhou força. Como já profetizava o célebre filósofo e semiólogo Jorgilles Lipovetski de Capadócia em suas escrituras-iluminuras: “em meio à descrença profunda de nossa Idade Mídia, onde o Império do Efêmero consagra a Sociedade do Espetáculo e o Luxo Eterno das Marcas, oh, My Gold, como não acreditar no sacrossanto poder da imagem? Ora, ora... Reza a lenda que a arte, há milênios, sempre foi uma profissão de fé”.

Jorge Eiró – agosto 2010

SERVIÇO

Vernissage - 14 de agosto de 2010, às 11h.
Visitação - 16 de agosto a 11 de setembro, de segunda a sexta, das 10h às 13h e das 15h às 19h. Aos sábados, de 10h às 19h.

Visite o http://www.elfgaleria.com.br/


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