domingo, 2 de outubro de 2011

MEMORIALISMO – Ironias da história

Ironicamente, para viabilizar a eleição de Jader Barbalho, em 1982, Alacid Nunes precisou de muita coragem moral para resistir às pressões do Palácio do Planalto. Aos mais íntimos ele já relatou, por exemplo, um suposto encontro secreto, no aeroporto militar de Belém, ao qual teria ido sozinho, dirigindo o próprio carro, por recomendação de Brasília. Na ocasião, segundo seu próprio relato, Alacid reuniu-se com o então ministro da Aeronáutica, brigadeiro Délio Jardim de Matos, o general Otávio Medeiros, chefe do temível SNI, o Serviço Nacional de Informação, e o também general Newton Cruz (foto), o iracundo comandante militar do Planalto, que tentaram convencê-lo a rever sua postura e reconciliar-se com o Palácio do Planalto, naquela altura ocupado pelo general-presidente João Figueiredo. A conversa foi tão tensa, segundo ainda Alacid, que em um determinado momento o general Newton Cruz exasperou-se e desistiu dela, desabafando de viva voz, para Délio Jardim de Matos e Otávio Medeiros: "Deixa este merda. Nós estamos perdendo tempo!" Por não honrar a palavra empenhada, Alacid passou a ser ignorado pelo então presidente João Figueiredo, cuja hostilidade ele enfrentou com dignidade. Inclusive ao não abdicar do respeito ao cargo de governador e receber Figueiredo, na primeira visita a Belém do general-presidente, após o rompimento de Alacid com Jarbas Passarinho e, por extensão, com o próprio Palácio do Planalto.
Já sobre o episódio que supostamente assinalou seu rompimento político com Jader Barbalho, indagado certa vez a respeito, Alacid Nunes ofereceu uma versão algo edulcorada. No relato do coronel, célebre pelo estilo algo grosseiro, que lhe valeu a alcunha de Sargentão, ele teria sido procurado por empresários de transportes coletivos, reclamando de sucessivos achaques, supostamente atribuídos a Laércio Barbalho, remanescente do baixo escalão do baratismo e pai de Jader Barbalho, então governador. Alacid conta que solicitou um encontro a sós com Jader Barbalho, que o teria recebido para um jantar na residência governamental, no palacete que hoje abriga a Secult, a Secretaria de Estado de Cultura, no Parque da Residência, na avenida Magalhães Barata, entre as travessas 3 de Maio e 14 de Abril. Na sua versão, Alacid conta que levou ao conhecimento de Jader a queixa dos empresários de transportes coletivos sobre os supostos achaques de Laércio Barbalho. Diante do relato de Alacid, Jader teria minimizado a gravidade da denúncia, supostamente observando que o PMDB e seus aliados precisariam fazer caixa de campanha, para as próximas eleições. “Foi aí que eu desisti, definitivamente, de qualquer conversa com ele (Jader Barbalho)”, arrematou Alacid Nunes, em uma de suas raras reminiscências sobre os bastidores do poder.
A ironia das ironias é que, hoje, aquele que Alacid Nunes pretendeu fazer seu sucessor político, o seu filho Hildegardo Nunes, vice-governador no segundo mandato de Almir Gabriel como governador, está abrigado no PMDB, sob a tutela de Jader Barbalho. Hildegardo Nunes é o atual secretário estadual de Agricultura, na cota do PMDB no governo do tucano Simão Jatene, o Simão Preguiça. Hildegardo, diga-se, foi adversário de Jatene na sucessão estadual de 2002, quando saiu candidato a governador pelo PTB, obtendo uma votação para lá de pífia. Depois disso foi secretário de Governo de Helder Barbalho, prefeito de Ananindeua e pretenso herdeiro político do pai, Jader Barbalho. Hildegardo Nunes foi ainda vice de José Priante, candidato a prefeito de Belém pelo PMDB, em 2008; e vice de Domingos Juvenil, candidato a governador pelo PMDB, em 2010.

5 comentários:

  1. Caramba Augusto, se de memória tu lembras de tudo isso, imagino o teu arquivo, deve ser poderoooooso.
    Dá-lhe Augusto!

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  2. Não foi o Hildegardo o vice do Priante para prefeitura de Belém em 2008, e sim, Zeca Pirão que na época era do PP. Cordial abraço.

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  3. Os bastidores dos bastidores do poder provinciano do Pará, falando em Pará, nem Simão Jatene e nem Jader se posicionaram ainda publicamente sobre divisão ou permanencia do Pará Unido, so se pronuciaram com entrelinhas, me explica barata?

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  4. 14:13, eles querem repetir o Sarney que saiu do Maranhão para nada fazer pelo Amapá.

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  5. Essa cambada de corruptos querem saber da divisão, mas do território paraense, e sim de outras coisas. Afinal de contas, como diz aquela propaganda cheia de demagogia dos corruptos do TCE: É da sua conta Pará.

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