terça-feira, 8 de junho de 2010

PESQUISA – O vale-tudo eleitoral

Na terra do vale-tudo eleitoral, que é o Pará, nada surpreende. Inimigos ontem, aliados hoje, sabe-se lá o que amanhã, tudo é possível. Assim, soa previsível que, por conta da sua reaproximação com o ex-governador Jader Barbalho, o morubixaba do PMDB no Pará e inimigo figadal dos Maiorana, Vic Pires Franco volte a ser hostilizado pelo seu amigo de adolescência, Romulo Maiorana Júnior, o Rominho, o presidente executivo das ORM, Organizações Romulo Maiorana, com o qual já rompeu no passado, para posteriormente reatar a antiga amizade. Ao reatar a amizade com Rominho, recorde-se, Vic abriu mão da ação popular que questionava o saque ao erário representado pelo esdrúxulo simulacro de convênio pelo qual a TV Liberal embolsou, de 1997 a 2006, R$ 37 milhões da Funtelpa, a Fundação de Telecomunicações do Estado do Pará – cifra que, em valores atualizados, chegaria a R$ 70 milhões, na estimativa do Diário do Pará, o jornal da família Barbalho. Na verdade um contrato, o suposto convênio - assim etiquetado para burlar a necessidade de concorrência pública – simplesmente obrigava a Funtelpa a pagar para a TV Liberal levar sua imagem ao interior através das torres de retransmissão da fundação. Algo equivalente, por exemplo, ao senhorio pagar ao inquilino por alugar seu imóvel, como observou o mesmo Diário do Pará, ao retomar o tema.
A aliança do DEM com o PSDB serviu para pavimentar a reconciliação entre Rominho e Vic, ainda que sob previsíveis reservas de ambas as partes. Mas os laços de amizade entre os dois voltaram a sofrer novo desgaste, na esteira do desastre eleitoral da tucanagem em 2006. Para Rominho - privado do monopólio da fatia do leão da publicidade do governo estadual, com o qual foi contemplado pela tucanagem nos 12 anos de sucessivos governos do PSDB, de 1995 a 2006 -, a reaproximação de Vic com Jader parece soar a uma afronta pessoal, o que explica o presidente regional do DEM voltar a ter seu nome incluído no index daquele que foi ungido o sucessor do patriarca dos Maiorana, embora sem exibir o prestígio político do pai, o jornalista e empresário da comunicação Romulo Maiorana, falecido em 1986, vítima de câncer. Embora cioso de seu poder, mas atento a relação custo-benefício, “seu” Romulo revelou-se, sempre, permeável as composições políticas, o que aparentemente não é o forte de seu mais ilustre herdeiro. O que torna previsível o tratamento glacial que Rominho voltou a dispensar ao casal Pires Franco, em um imbróglio no qual não existe vítima que não seja também cúmplice.

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