ALEPA – O ato e o fato

A troca de farpas, em decibéis que fatalmente se elevam em anos eleitorais, como é 2010, é algo previsível. Mas o repulsivo não são apenas e tão-somente os termos do pronunciamento de Mário Couto (foto). Execrável é um jornal do porte do Diário do Pará dedicar sua manchete, como fez na edição desta terça-feira, 13, às diatribes do senador do PSDB, por mera conveniência política dos seus donos. O principal dos quais é o ex-governador Jader Barbalho, hoje deputado federal e o morubixaba do PMDB no Pará, com o status de ser um dos interlocutores privilegiados do presidente Lula.
O jornal de maior vendagem no Pará, segundo o IVC, o Instituto Verificador de Circulação, o Diário do Pará incorpora assim, sem nenhum pudor, o padrão do seu arqui-rival, O Liberal. Este vem a ser o principal jornal do grupo de comunicação dos Maiorana, inimigos figadais de Jader Barbalho e cuja tevê, a TV Liberal, é afiliada no Pará da Rede Globo de Televisão. Sob esse aspecto, o Diário do Pará e O Liberal se igualam, apesar das diferenças. E suas primeiras vítimas, nessa marcha da insensatez, são seus leitores.
Em se tratando de Ana Júlia Carepa, não há como negar sua inépcia como administradora. E nem a perfídia política, que com ela se confunde. Mas daí tomar como parâmetro de auditor moral da política alguém do jaez de Mário Couto soa a escárnio, com o eleitor e/ou leitor. Independentemente de pudores éticos, que impõem um mínimo de decência no embate político, soa absolutamente desnecessário desaguar na baixaria para esfarinhar a imagem de Ana Júlia Carepa. Disso ela própria se encarregou, ao protagonizar um governo absolutamente desastroso e caótico, sem nenhum compromisso com a eficiência da gestão pública. O leitor dos nossos jornais merece mais, muito mais, inclusive pelo que eventualmente desembolsa, do que as torpes diatribes da excrescência que atende pelo nome de Mário Couto, cuja condição de senador é emblemática da falência do decoro que permeia a política no Pará.