Pior do que a mentira costuma ser a meia verdade, porque obscurece os fatos, a pretexto de esclarecê-los. Este é o vício de origem da versão oferecida por Luiz Carlos Flexa Martins, chefe de gabinete da presidência do Ipamb, ao rebater a denúncia que o apresenta como protagonista do nepotismo, juntamente com o irmão, José Haroldo Flexa Martins, chefe de Recursos Humanos do instituto e que tem como subordinada a própria mulher, Helena da Conceição Costa Flexa Martins. Luiz Carlos atribui a denúncia a “pessoas nocivas e hipócritas”, que supostamente utilizam o blog para “denegrir a minha vida pública e familiar”, argumentando “não ter todo o poder que a nota atribui à minha pessoa”. “Seria importante ressaltar que não sou ordenador de despesas, por isso não tenho o poder de nomear e nem de demitir pessoas”, acrescenta.
Na sua versão, Luiz Carlos Flexa Martins envereda pelo atalho da meia verdade ao passar ao largo do que define a súmula vinculante 13 do STF, segundo a qual ele, o irmão, José Haroldo Flexa Martins, e a cunhada, Helena da Conceição Costa Flexa Martins, mulher de José Haroldo, protagonizam, sim, um claro episódio de nepotismo. Pela súmula vinculante 13 tipifica nepotismo a “nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento” (grifo do blog). Independente dos méritos pessoais e profissionais de cada um dos três - Luiz Carlos Flexa Martins, José Haroldo Flexa Martins e da mulher deste, Helena da Conceição Costa Flexa Martins – tem-se uma clara transgressão ao que dispõe a súmula vinculante 13. Os méritos pessoais e profissionais de cada um dos integrantes da troika, repita-se, não estão e jamais estiveram em questão. O que é questionada é a clara transgressão a uma determinação do Supremo Tribunal Federal, tanto mais porque se o poder público não respeitar a lei, torna-se inviável convencer o cidadão comum a fazê-lo.
Cabe enfatizar que inexiste vilania no questionamento feito. Sabemos todos que é natural que os vencedores governem com os seus, mas a vitória eleitoral não pode ser tomada como um certificado de propriedade política, pelo qual os eventuais inquilinos do poder e seus prepostos possam esquecer, desconhecer e enterrar como indigente um dos mais caros postulados democrático, que é o respeito às leis. Por isso a denúncia e por isso a decisão de repercuti-la no blog.
De resto, não recordo-me de ter conhecido Luiz Carlos Flexa Martins, na Alepa ou fora dela. Conheci, sim, seu pai e sua mãe, a esta apenas socialmente. O mestre Tolentino, o saudoso Baixinho, destacado integrante do elenco de competentes repórteres fotográficos de A Província do Pará, conheci no início da minha carreira, quando fui arquivista do jornal dos Diários e Emissoras Associados, trabalhando sob as ordens da jornalista Regina Alves, na época também bibliotecária da UFPA, a Universidade Federal do Pará, na qual fez carreira como professora do curso de jornalismo. E por ter conhecido o saudoso mestre Tolentino, o Baixinho, só tenho a endossar os méritos a ele atribuídos pelo filho, seja no plano pessoal, seja profissionalmente. Além de um profissional de competência e probidade inquestionáveis, do mestre Tolentino pode-se dizer que foi ainda um paradigma de ser humano da melhor qualidade. Não falta legado, portanto, para que seus filhos reproduzam os méritos do pai, se assim quiserem.
Neste Estado,ninguém respeita as leis. Todos as instituições estão comprometidas com nomeações de parentes entre sí. Quem deveria fiscalizar e punir, não tem moral nenhuma. Só intervenção federal, a exemplo da que ocorreu no Amapá, onde vários conselheiros do tribunal da corrupção estadual foram presos. Aqui não é diferente.
ResponderExcluirConcordo com o anônimo das 19 e 42, pior do que o Amapá é o nosso pobre Pará que ainda tem que engolir além do TCE o TCM que é tão podre como seu primo mais velho. Se o TJE, TCE e TCM praticam descaradamente o nepotismno, os órgão da PMB e o Governo do Estado também vão no mesmo caminho porque quem deveria fiscalizar e julgar não tem moral.
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