terça-feira, 1 de maio de 2012

NEPOTISMO – O erro crasso da meia verdade

        Pior do que a mentira costuma ser a meia verdade, porque obscurece os fatos, a pretexto de esclarecê-los. Este é o vício de origem da versão oferecida por Luiz Carlos Flexa Martins, chefe de gabinete da presidência do Ipamb, ao rebater a denúncia que o apresenta como protagonista do nepotismo, juntamente com o irmão, José Haroldo Flexa Martins, chefe de Recursos Humanos do instituto e que tem como subordinada a própria mulher, Helena da Conceição Costa Flexa Martins. Luiz Carlos atribui a denúncia a “pessoas nocivas e hipócritas”, que supostamente utilizam o blog para “denegrir a minha vida pública e familiar”, argumentando “não ter todo o poder que a nota atribui à minha pessoa”. “Seria importante ressaltar que não sou ordenador de despesas, por isso não tenho o poder de nomear e nem de demitir pessoas”, acrescenta.
        Na sua versão, Luiz Carlos Flexa Martins envereda pelo atalho da meia verdade ao passar ao largo do que define a súmula vinculante 13 do STF, segundo a qual ele, o irmão, José Haroldo Flexa Martins, e a cunhada, Helena da Conceição Costa Flexa Martins, mulher de José Haroldo, protagonizam, sim, um claro episódio de nepotismo. Pela súmula vinculante 13 tipifica nepotismo a “nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento(grifo do blog). Independente dos méritos pessoais e profissionais de cada um dos três - Luiz Carlos Flexa Martins, José Haroldo Flexa Martins e da mulher deste, Helena da Conceição Costa Flexa Martins – tem-se uma clara transgressão ao que dispõe a súmula vinculante 13. Os méritos pessoais e profissionais de cada um dos integrantes da troika, repita-se, não estão e jamais estiveram em questão. O que é questionada é a clara transgressão a uma determinação do Supremo Tribunal Federal, tanto mais porque se o poder público não respeitar a lei, torna-se inviável convencer o cidadão comum a fazê-lo.
        Cabe enfatizar que inexiste vilania no questionamento feito. Sabemos todos que é natural que os vencedores governem com os seus, mas a vitória eleitoral não pode ser tomada como um certificado de propriedade política, pelo qual os eventuais inquilinos do poder e seus prepostos possam esquecer, desconhecer e enterrar como indigente um dos mais caros postulados democrático, que é o respeito às leis. Por isso a denúncia e por isso a decisão de repercuti-la no blog.
        De resto, não recordo-me de ter conhecido Luiz Carlos Flexa Martins, na Alepa ou fora dela. Conheci, sim, seu pai e sua mãe, a esta apenas socialmente. O mestre Tolentino, o saudoso Baixinho, destacado integrante do elenco de competentes repórteres fotográficos de A Província do Pará, conheci no início da minha carreira, quando fui arquivista do jornal dos Diários e Emissoras Associados, trabalhando sob as ordens da jornalista Regina Alves, na época também bibliotecária da UFPA, a Universidade Federal do Pará, na qual fez carreira como professora do curso de jornalismo. E por ter conhecido o saudoso mestre Tolentino, o Baixinho, só tenho a endossar os méritos a ele atribuídos pelo filho, seja no plano pessoal, seja profissionalmente. Além de um profissional de competência e probidade inquestionáveis, do mestre Tolentino pode-se dizer que foi ainda um paradigma de ser humano da melhor qualidade. Não falta legado, portanto, para que seus filhos reproduzam os méritos do pai, se assim quiserem.

2 comentários:

  1. Neste Estado,ninguém respeita as leis. Todos as instituições estão comprometidas com nomeações de parentes entre sí. Quem deveria fiscalizar e punir, não tem moral nenhuma. Só intervenção federal, a exemplo da que ocorreu no Amapá, onde vários conselheiros do tribunal da corrupção estadual foram presos. Aqui não é diferente.

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  2. Concordo com o anônimo das 19 e 42, pior do que o Amapá é o nosso pobre Pará que ainda tem que engolir além do TCE o TCM que é tão podre como seu primo mais velho. Se o TJE, TCE e TCM praticam descaradamente o nepotismno, os órgão da PMB e o Governo do Estado também vão no mesmo caminho porque quem deveria fiscalizar e julgar não tem moral.

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