JORDY – A tentação totalitária

A defesa apaixonada do deputado federal Arnaldo Jordy (PPS/PA) (foto, à esq.), diante das ácidas críticas a ele feitas, por coonestar o boicote aos concursados da Sespa, a Secretaria de Estado de Saúde Pública, que permanecem à espera de nomeação, ao mesmo tempo em que sucedem-se as contratações de temporários, exige uma serena reflexão. Até pela tentação totalitária que permeia algumas intervenções, que vociferam, por exemplo, contra o anonimato, perfeitamente plausível, pela própria correlação de forças, francamente desfavorável aos críticos do parlamentar, hoje instalado no poder, juntamente com o partido que com ele se confunde, na esteira da coligação que juntou o PPS ao PSDB.

É natural que os vencedores governem com os seus. O inaceitável é o aparelhamento da máquina administrativa, que fatalmente compromete a eficiência da gestão pública. Tanto mais inaceitável é constatar o mais absoluto menosprezo de uma administração, como é o caso do governo Simão Jatene, em relação a transparência, evidenciado quando privilegia o mais escandaloso empreguismo, em detrimento dos concursados à espera de nomeação. Trata-se de uma daquelas situações diante das quais calar é mentir. O que certamente explica a avalancha de hostilidades que se abate sobre o deputado federal Arnaldo Jordy, na esteira da justa indignação dos concursados da Sespa.

Excessos à parte, as críticas procedem por conta da própria partilha da máquina administrativa estadual, que deixou a Sespa sob o comando compartilhado do PSDB do governador Simão Jatene, o Simão Preguiça, e do PPS, que no Pará - repita-se, porque absolutamente pertinente - se confunde com Arnaldo Jordy. Mesmo a este concedendo o benefício da dúvida, contemplando-lhe por extensão com o princípio da inocência presumida, soa inusitada, para dizer o mínimo, a sua postura silente diante do ignominioso e recorrente desdém com o qual o governo de Simão Preguiça trata os concursados à espera de nomeação. Como é o caso dos assistentes sociais aprovados no mais recente concurso público da Sespa. Como explicar essa omissão, que fatalmente sugere cumplicidade com o malfeito, em se tratando de um parlamentar que fez carreira com um discurso ético e vende a imagem de político ficha limpa?