segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

ADEUS – Descanse em paz, Karime

Por uma dessas cruéis trapaças da sorte, uma parada cardíaca provocou a morte neste último sábado, 22, da jornalista Karime Darwich Barra (foto), uma jovem mãe de família, que sequer aparentava seus 47 anos e, ironicamente, chegava a ser obsessiva no culto à saúde. Ela fez carreira no Diário do Pará e, posteriormente, migrou para o Amazônia Jornal, através dos quais contemplou uma inequívoca e inocultável paixão pelo jornalismo. Karime deixa viúvo o jornalista Guilherme Barra, um profissional de probidade, competência e experiência comprovadas, reconhecido como um dos mais respeitados profissionais do jornalismo paraense, e quatro filhos, cuja faixa etária vai dos 11 aos sete anos.
Sem jamais ter com ela convivido, profissional e/ou pessoalmente, atava-me a Karime a sua condição de mulher e dedicada companheira de Barra, o mestre Barra, uma cara e terna amizade que herdei de dois dos meus irmãos mais velhos. A Barra, cuja amizade muito me honra e da qual orgulho-me, tenho como referência profissional e paradigma de pessoa digna. Digna e visceralmente boa.
Dos relatos que tenho sobre Karime, inclusive do próprio Barra, emerge uma pessoa intensa e, por via de conseqüência, tensa, porque dedicada aos quais amou e perfeccionista no que fazia. É consensual, entre os que com ela privaram mais estreitamente, sobre a extensão da generosidade pessoal de Karime, eloquentemente traduzida pela comovente dedicação aos filhos, todos formalmente adotivos, mas aos quais amou de forma a evidenciar que os laços de coração são capazes de se sobrepor aos vínculos consanguíneos.
Todo esse amor provavelmente serviu para aplacar a previsível dor diante de uma passagem recente, e particularmente traumática, da vida de Karime. O ritmo de trabalho escorchante no Amazônia Jornal acabou por fazê-la desenvolver LER, a lesão de esforço repetitivo, nos antebraços. Submetida a cirurgia, ela foi advertida pelo médico de que seria obrigada a renunciar ao trabalho contínuo em teclado de computador. Ou seja, suas perspectivas, no jornalismo, estariam irreversivelmente limitadas.
Não é difícil perceber, sob esse cenário, que o casamento de Karime com Barra se constituiu em uma dessas felizes combinações que o imponderável da vida proporciona. Barra, com a serenidade e a bonomia que lhe são próprias, servia como contraponto para a emocional Karime. Já Karime, algo impulsiva, servia para manter a benevolência de Barra dentro de limites toleráveis, de modo a não conspirar contra ele próprio. Não é exagero dizer que eles protagonizaram aquele tipo de amor raro, particularmente especial, e por isso mesmo indelével – o amor com início, mas sem fim.
Barra certamente morreu um pouco com Karime. Mas, tal qual faria Karime em situação idêntica, sobreviveu o suficiente para não abdicar do amor pelos filhos do casal. Um amor que é a extensão do amor que uniu o casal e sedimentou a família que formaram.
Isso posto, minhas condolências ao mestre Barra e filhos. E, naturalmente, aos pais e irmãos de Karime.
Quanto a Karime, o meu mais sincero desejo de que descanse em paz.
Sobre Barra e os filhos do casal, resta a convicção pétrea de que o amor que lhes dedicou Karime perdura indelével em cada um deles. E servirá de combustível para, como ela, jamais tomarem como impossível o que aparentemente é apenas e tão-somente improvável. O que condimenta a determinação em ousar. Ousar lutar, ousar vencer. Tal como lhes ensinou na prática, que é o critério da verdade, Karime.

11 comentários :

Anônimo disse...

Augusto Barata,
Consegues sempre me comover. Belo texto de condololências ao nosso amigo Barra.

Beth Rocha disse...

Pois é Barata cá me vejo lendo esse texto lindo que muito me emocionou em homenagem a Karime Barra, só quem acredita no amor acima de tantas coisas podia revelar esse lado tão amoroso. Conforta-se essa certeza "um dia a gente vai se encontrar com todas as pessoas que amamos e esse dia vai ter muita farra no céu". Que a alma de Karime descanse em paz e a você Barata meu muito obrigada por nos revelar essa sensibilidade tão profunda que o faz um ser humano ímpar.
Abraços

Anônimo disse...

Belíssimas palavras. Especialmente porque retratam de forma serena uma moça cheia de energia como foi (e continuará sendo em nossas lembranças) Karime.

Anônimo disse...

Descanse em Paz Karime.

Unknown disse...

Minha querida e amada irmã viveu como morreu, intensamente. Sua vida se resume em uma única palavra, AMOR. Como éramos diferentes em muitos aspectos, acabávamos brigando e, às vezes, bastante. Pocas horas depois, estávamos conversando como se nada tivesse acontecido. Nos amávamos muito. Ela abandonou tudo para viver exclusivamente para sua família. Seu marido e seus filhinhos. No entanto, sua família de origem nunca saía de sua atenção. Todos os dias nos falávamos várias vezes. Conversávamos sobre tudo, filhos, trabalho, sentimentos, preocupações, doenças, pais, irmãos. Mas, ela sempre tinha a palavra final para me orientar. Sua simples presença em nossa casa era sempre sinônimo de rebuliço. Sua energia forte estava sempre presente. Se metia em tudo e com todos. Na noite, véspera de sua partida, ela preparou o jantar, fez os pratos de cada um, jantamos todos. Eu, minha irmã, seu marido e seus filhinhos. Estava um clima ameno, feliz e calmo. Me despedi dela, dando um beijo em sua testa e dizendo baixinho só para ela escutar: "te amo". Ela sorriu discretamente e falou para eu ir com Deus. No dia de seu falecimento, às 9 horas e 56 minutos, ela telefonou para me convidar para ir malhar. Eu respondi, preocupada, para ela ir para casa e descansar, por que na véspera, ela tinha se queixado para mim que estava se sentindo muito cansada. As doze horas e 12 minutos, liguei para saber se ela já estava em casa. Ela já estava morrendo, mas ainda conseguiu falar comigo, dizendo com uma voz gutural que estava com muuita dor de cabeça e que tinha vomitado muito. Não sabia que minha amada irmã estava morrendo. 20 minutos depois, ela parou totalmente. meu irmão Sérgio já estava lá para socorrer e não sabia. Não queriam que eu ainda soubesse. Seus filhinhos e seu marido presenciaram sua morte. Estavam junto com ela. Meu papel foi receber seu corpo e prepará-lo. Meus pais estão completamente petrificados. Rezamos todos os dias para que minha irmãzinha fique tranquila e encontre a serenidade e a felicidade que não são deste mundo. Sei que ela está bem e ficará cada vez melhor e continuará nos assistindo como espírito iluminado e feliz, como ela semrpe foi e continuará sendo. Karina Darwich

Anônimo disse...

Que texto lindo, não me contive e chorei, mesmo não conhecendo essa pessoa tão sensível que foi capaz de despertar minha emoção. Paz e luz à alma de sua irmã.

Guilherme Barra disse...

Augusto,
apenas duas palavras, mas que expressam os nossos agradecimentos por este teu Adeus a Karime, um texto que agora se tornou inesquecível para todos nós: muito obrigado.
Barra e filhos.

Cláudio Darwich disse...

Augusto Barata,
muito obrigado por suas palavras.

Cláudio Darwich

magicfrozenbelem disse...

Minha mãe certa vez me disse: -Quando morremos temos um balanço de nossas vidas, porém não estamos presentes para constatarmos.
O balanço de uma vida são : a familia e os amigos, a lembrança que todos terão de nós do que significamos pra eles e de nossa importància em suas vidas. Sem sombra de duvidas Karime foi uma mulher digna, correta, capaz de amar e se doar.
Deixou uma familia maravilhosa e unida.
Neste momento, ao meu amigo Barra desejo muita força pra atravessar este momento e a minha cumplicidade em sua perda.
Paz a Karime e sua familia.
Abraço

Marcia Fernandes disse...

Minha mãe certa vez me disse: -Quando morremos temos um balanço de nossas vidas, porém não estamos presentes para constatarmos.
O balanço de uma vida são : a familia e os amigos, a lembrança que todos terão de nós do que significamos pra eles e de nossa importància em suas vidas. Sem sombra de duvidas Karime foi uma mulher digna, correta, capaz de amar e se doar.
Deixou uma familia maravilhosa e unida.
Neste momento, ao meu amigo Barra desejo muita força pra atravessar este momento e a minha cumplicidade em sua perda.
Paz a Karime e sua familia.
Abraço

jorge disse...

karime e assim ,presente dos ceus,presente de coracao,alma tao presente que mesmo vivendo na china desde 2004,lindo presente a imagem do amor dela com sua familia,presenca que aquece ate la no oriente do outro lado da terra. obrigado tia-irma-amiga por continuar a nos acompanhar com sua forca!beijo de seu sobrinho jorge barra