DETRAN – Campos retalia lideranças grevistas

O diretor geral do Detran, o Departamento de Trânsito do Estado do Pará, Alberto Campos, que é também pastor da Igreja do Evangelho Quadrangular, protagonizou mais uma ignomínia, em sua desastrosa administração, ao patrocinar um ato de clara retaliação contra lideranças da greve que paralisa a autarquia. A pretexto da escamaruça que culminou com a invasão do gabinete do diretor geral, na interinidade no cargo da diretora Administrativa e Financeira, Maria Denise da Silveira, que é também pastora da Igreja do Evangelho Quadrangular, Campos instaurou um processo administrativo disciplinar. Uma iniciativa plausível, até porque houve dano do patrimônio público, ao ser estilhaçada uma porta de vidro, o ato revelou sua inspiração torpe ao incluir o afastamento dos respectivos cargos, por 60 dias, de sete servidores, todos identificados como líderes da greve do Detran e claramente pinçados, como suspeitos de dano ao patrimônio público, para intimidar os demais grevistas.
Pelo ato do diretor geral do Detran, estão afastados de seus cargos, por 60 dias, Arieth dos Santos Costa, assistente administrativo; Elias Pereira Monteiro, assistente administrativo, que é presidente do Sindetran (Sindicato dos Servidores do Detran); Elizabeth Carvalho de Oliveira, pedagoga; Eric Coelho Pereira, assistente administrativo; Fabrício Lobato Moraes, agente de trânsito; Luiz Gustavo Dias Ferreira, assistente administrativo; e Maurício José Facundo Conceição, assistente administrativo. No relato consensual dos grevistas, o empurra-empurra que acabou por estilhaçar a porta de vidro foi provocado pela truculência do corregedor geral, Dino Calvet, que tentou impedir o acesso dos servidores em greve ao gabinete do diretor geral, com recurso à violência física e o auxílio de PMs da USO (Unidade de Segurança Orgânica) e seguranças privados. Do entrevero participaram diversos servidores, incluindo o próprio Calvet, descrito como alguém de perfil atrabiliário, além dos PMS e seguranças, o que evidencia a intenção de retaliar as lideranças grevistas, ao fazer recair sobre elas a responsabilidade da escaramuça, para a qual foi decisiva a participação do corregedor geral do Detran, ao qual claramente faltou a serenidade e isenção que o cargo recomenda, mas que a ele aparentemente faltam. De resto, os servidores que constituem a comissão designada para apurar os fatos – Hercílio Prado de Castro, técnico, presidente; Rosa Maria Rodrigues, auxiliar técnico; e Jaime de Sousa Furtado, auxiliar técnico – são descritos como servis à atual administração do Detran e , por extensão, submissos às eventuais manobras do corregedor geral, Dino Calvet, publicamente hostil aos grevistas e capaz de prestar-se a esbirro dos pastores da Igreja do Evangelho Quadrangular aboletados no Detran.
O ato de Campos provocou, obviamente, indignação entre os grevistas. Mesmo porque medra com vigor, no Detran, a revolta diante do aparelhamento da autarquia pelos pastores da Igreja do Evangelho Quadrangular, célebres por utilizar a fé em Deus para pavimentar a prosperidade terrena de um magote de privilegiados, sempre atrelados aos inquilinos do poder, independentemente de legenda partidária e frequentemente ao largo de princípios éticos. O caso do atual diretor geral tem ainda um agravante, que é a inépcia administrativa e as suspeitas de improbidade que maculam sua gestão. Campos, recorde-se, foi denunciado ao Ministério Público sob a acusação de improbidade administrativa, ao ser flagrado burlando a lei, ao determinar a eliminação de um multa por uma infração gravíssima da diretora Administrativa e Financeira do Detran, Maria Denise da Silveira, para permitir a esta obter a carteira nacional de habilitação. Para relembrar: Alberto Campos e Maria Denise da Silveira são pastores da Igreja do Evangelho Quadrangular.