domingo, 12 de julho de 2009

IMPRENSA – Sentença sob críticas 3

Em seu blog, o Vi o Mundo, o jornalista Luiz Carlos Azenha também registrou a controvertida sentença contra o jornalista Lúcio Flávio Pinto, em postagem abaixo transcrita.

Lúcio Flávio Pinto, jornalista condenado por fazer jornalismo

Atualizado em 10 de julho de 2009 às 08:54 Publicado em 08 de julho de 2009 às 09:46

Jornalista mentir, deturpar, inventar, omitir, para atender a interesses político-econômicos dos patrões, pode. A mídia corporativa faz isso o tempo inteiro. Já revelar a verdade, corre-se o risco de processo. O caso do Leandro Fortes é exemplar. Devido a reportagem publicada em Carta Capital, está sendo processado por Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal (STF).
Agora, a condenação do Lúcio Flávio Pinto. Ildeber Avelar relata de forma brilhante este absurdo. Nossa solidariedade a Lúcio, que está sendo punido apenas por fazer o que todo jornalista deveria fazer: jornalismo.

Ronaldo Maiorana, da corja dos Marinho, espanca e sai livre; Lúcio Flávio Pinto faz jornalismo e é condenado

Idelber Avelar, em O Biscoito fino e a Massa

Prepare-se, caro leitor, para outro mergulho no Brasil profundo. Lúcio Flávio Pinto talvez seja hoje o jornalista mais respeitado e destemido da Região Norte. Ele é o solitário redator do Jornal Pessoal , empreitada independente, que não aceita anúncios, tem tiragem quinzenal de 2 mil exemplares e mesmo assim provoca um fuzuê danado entre os poderosos, dada a coragem com que Lúcio investiga falcatruas e crimes. Lúcio já ganhou quatro prêmios Esso. Recebeu também dois prêmios da Federação Nacional dos Jornalistas em 1988, por suas matérias dedicadas ao assassinato do ex-deputado Paulo Fonteles e à violenta manifestação de protesto dos garimpeiros de Serra Pelada. Em 1997, ele recebeu o Colombe d’Oro per la Pace, um dos mais importantes prêmios jornalísticos da Itália. Em 1987, foi o jornalista que investigou o rombo de 30 milhões de dólares no Banco da Amazônia, por uma quadrilha chefiada pelo presidente interino do banco e procurador jurídico do maior jornal local, O Liberal.
Há 17 anos, os representantes paraenses da corja comandada pela família Marinho perseguem-no de forma implacável. Ronaldo Maiorana, dono (junto com seu irmão, Romulo Maiorana Jr.) do Grupo Liberal, afiliado à Rede Globo de Televisão, emboscou Lúcio por trás, num restaurante, e espancou-o com a ajuda de dois capangas da Polícia Militar, contratados nas suas horas vagas e depois promovidos na corporação. O espancamento, crime de covardia inominável, só rendeu a Maiorana a condenação a doar algumas cestas básicas.
Alguns meses depois da agressão, Lúcio foi convidado pelo jornalista Maurizio Chierici a escrever um artigo para um livro a ser publicado na Itália. O texto , eminentemente jornalístico, relatava as origens do grupo Liberal. Em determinado momento, dentro de um contexto bem mais amplo, ele fez referência às atividades de Maiorana pai no contrabando, prática bem comum, aliás, na Região Norte na época. Como se pode depreender da leitura do artigo, nada ali tinha cunho calunioso, posto que – uma vez processado --, Lúcio anexou aos autos toda a documentação que provava a veracidade do que afirmava. A obra investigativa de Lúcio fala por si própria: veja a qualidade da prosa e da pesquisa que informa o trabalho de Lúcio e julgue você mesmo. O que ele oferece em seus textos, entre muitas outras coisas, é a documentação, história e raízes daquilo que é sabido até mesmo pelos mosquitos do mercado Ver-o-Peso: que n'O Liberal só se publica aquilo que é de interesse da corja dos Marinho.
Mas eis que chega do Pará a estranha notícia de que o juiz Raimundo das Chagas, titular da 4ª vara cível de Belém, condenou Lúcio a pagar a soma de 30 mil reais aos irmãos Maiorana – representantes paraenses, lembrem-se, da organização comandada pelos Marinho. Lúcio também foi condenado a pagar as custas processuais e os honorários advocatícios. A pérola de justificativa do juiz fala do “bom lucro” de um jornal artesanal, de tiragem de 2 mil exemplares por quinzena. Ainda por cima, o juiz proíbe Lúcio de usar “qualquer expressão agressiva, injuriosa, difamatória e caluniosa contra a memória do extinto pai dos requerentes e contra a pessoa destes”, o que constitui, segundo entendo, extrapolação característica de censura prévia contrária à Constituição Federal. O juiz fundamenta sua decisão dizendo que Lúcio havia “se envolvido em grave desentendimento” com eles. É a velha praga do eufemismo: um espancamento pelas costas se transforma em “desentendimento”. A reação de Lúcio à sentença pode ser lida nesse texto.
O Biscoito se solidariza com Lúcio, coloca o site à disposição para o que for necessário -- inclusive para a publicação de qualquer material objeto de censura prévia – e suspira de cansaço ao fazer outro post que mais parece autoplágio, dada a tediosa repetição desses absurdos. Resta a pergunta: até quando os Frias, Marinho, Civita, Mesquita e seus comparsas vão manter esse poder criminoso Brasil afora?

É o seguinte o endereço do blog de Idelber Avelar:

http://www.idelberavelar.com/

4 comentários:

  1. É muito bom saber que a vergonhosa sentença desse Juiz que, não citarei o nome, pois inclusive está tendo muita mídia mesmo que contrária, indigne pessoas Brasil afora. Este País precisa sair da inércia e retomar as lutas pelos direitos básicos dos cidadãos garantidos na Constituição, porém letra morta porque nós brasileiros somos omissos aos nossos deveres. Vamos limpar está grande casa chamada Brasil. Acordemos!!! Vamos levantar os mortos, os omissos, os que recuam do seu direito de se indignar. Citando a Dr. Nilda Teves, no Livro "Cidadania uma questão para educação": "Aquele que não se indigna diante das injustiças sociais não é um cidadão, mesmo que não seja um marginal. É um NADA que a tudo NADIFICA". VAMOS BRASILEIROS! JÁ CONQUISTAMOS DIREITOS NA LEGISLAÇÃO NOS FALTA A AÇÃO, A PRÁXIS!!!

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  2. É lamentável a sentença desse juiz, é muito fácil ficar do lado dos poderosos,quanto custou?

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  3. Olá Barata!

    Mais um coveiro de armário... essa história do Lucio Flávio Pinto acabou por acordar o povo que gosta de exumar o conteúdo dos armários alheios...

    Edson Pantoja

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  4. Este Edson Pantoja certamente é onde se escondem os que estão a favor da famiglia Maiorana. Tem gente que se presta para tudo!

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