segunda-feira, 13 de julho de 2009

IMPRENSA – O ato e o fato

Quando reportou-se ao eventual vínculo de Romulo Maiorana com o contrabando, Lúcio Flávio sublinhou uma especificidade histórica do Pará. “Romulo Maiorana se associara ao contrabando devido a duas circunstâncias. Uma, em virtude da legitimidade (ainda que sem a legalidade) do contrabando. O costume tornara esse o recurso habitual que uma sociedade isolada do restante do país, como a paraense antes das estradas de integração nacional, utilizava para se prover de produtos que eram impossíveis ou onerosos de conseguir em outras partes do Brasil. Outra circunstância foi a de casar com a sobrinha do potentado político do Estado, o general Magalhães Barata. O partido dos baratistas, o PSD, tinha duas importantes fontes de finanças: o jogo do bicho e o contrabando. Isso também é público e notório, além de largamente provado a partir de 1964”, explica o jornalista.
Sobre dona Déa Maiorana, Lúcio Flávio não poderia ser mais respeitoso. “Quanto a Déa Maiorana, viúva de Romulo, apenas registrei, nessa remissão ao passado recente, o desafio que ela assumiu, corajosamente, em relação à moral conservadora de sua época, indiferente às reações dos donos da moral estabelecida. Tenho grande admiração por Déa, desde suas origens, passando pela travessia que empreendeu num momento delicado de sua vida e pela posição que assumiu ao lado do marido. Nossa vida é constituída de erros e acertos, quedas e ascensões, misérias e glórias. O que importa é o seu saldo, quando temos condição de submetê-lo a balanço, olhando a trajetória percorrida a partir de uma posição avançada na vida. O balanço de Lucidéa Maiorana é positivo. Ela merece a admiração e o respeito da sociedade paraense”, acrescenta, enfático, o jornalista.
Em ambos os casos, nada é capaz de justificar as retaliações dos Maiorana contra Lúcio Flávio. A não ser a intolerância própria dos tiranetes de província, que corroboram, com sua prepotência, a máxima de acordo com a qual o favor gera amigos, a verdade ódio.

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