tag:blogger.com,1999:blog-9121165975881863036.post6905461356926837757..comments2024-02-15T09:20:02.454-03:00Comments on BLOG DO BARATA: ELEIÇÕES – Drama do eleitorAugusto Baratahttp://www.blogger.com/profile/10810883304171681464noreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-9121165975881863036.post-91117808175766916912016-08-02T18:01:49.443-03:002016-08-02T18:01:49.443-03:00A politização do noticiário e da justiça criou o f...A politização do noticiário e da justiça criou o fenômeno conhecido da duplalinguagem. Há uma realidade de fato, mas que não pode ser descrita nas narrativas públicas, por pudor, modéstia e para não explicitar o fracasso do modelo democrático brasileiro.<br /><br />Como no realismo latino-americano, há um cadáver no meio da sala, mas toda a família conversa normalmente, como se o morto ainda vivesse. De acordo com nossa tradição beletrista, não existem fatos que uma boa retórica não possa retocar. A retórica é o photoshop dos fatos.<br /><br /> A Lava Jato atua como um poder imperial. Montou alianças com a mídia e com partidos, logrou conquistar a opinião pública e ganhou todo o espaço possível para exercitar seus poderes. Isto é fato.<br /><br />Procuradores e o juiz Sérgio Moro fazem questão de testar periodicamente os limites desse poder. Substituíram o modelo anterior, a profusão de recursos dos quais se prevaleciam os grandes escritórios de advocacia, por um poder autocrático, no qual são abolidos princípios fundamentais de direito.<br /><br />Mas obviamente não podem admitir que se tornaram poder imperial.<br /><br />Toca, então, a se valer de recursos de retórica para explicar que o que estão fazendo não é bem aquilo que todos sabem que estão de fato fazendo. Como, por exemplo, manter suspeitos em prisão temporária pelo tempo que for necessário, até que sejam convencidos a aderir às delações premiadas.<br /><br />Tome-se o caso do casal João Santana. Nove meses de prisão temporária. Bastou se curvar às imposições e aderir à delação premiada que a Lava Jato quer – não é qualquer delação – para imediatamente ser solto. <br /><br />Há uma relação óbvia de causa e efeito, não? Segundo a Lava Jato, não.<br /><br />Segundo a matéria do Estadão, “o advogado explicou que as solturas não têm relação com os depoimentos de delação premiada dos dois, mas com o fato de o juiz ter entendido que não há mais razões para manter a prisão preventiva, uma vez que estão colaborando”. E aí dos clientes, se o advogado ousar interpretação menos digna para a soltura.<br /><br />Pelas redes sociais, bravos procuradores se esmeram em divulgar estatísticas mostrando que a maior parte das delações foi feita com os delatores em liberdade. Logo, não haveria coação.<br /><br />Faça 50 prisioneiros. Fuzile os 10 primeiros que se recusaram a colaborar. As colaborações dos restantes serão espontâneas? Pela nova linguagem brasileira, absolutamente espontâneas.<br /><br />Então, fica combinado o seguinte: a Lava Jato ganhou o poder de prender quem quiser do lado de lá; de poupar os do lado de cá. Por méritos próprios pode prender quem quiser, incluir nas delações os nomes de quem ousar criticá-la, processar os recalcitrantes.<br /><br />Mas que se assumam como vitoriosos. Não precisam mais esse cuidado de informar aos poucos que a democracia brasileira subiu no telhado. Todos sabem que já despencou.<br />(GGN)Anonymousnoreply@blogger.com