tag:blogger.com,1999:blog-9121165975881863036.post2610756378600613946..comments2024-02-15T09:20:02.454-03:00Comments on BLOG DO BARATA: MURAL – Queixas & DenúnciasAugusto Baratahttp://www.blogger.com/profile/10810883304171681464noreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-9121165975881863036.post-10521985702194271662016-10-06T16:23:06.931-03:002016-10-06T16:23:06.931-03:00
Qual o crime de Mônica Iozzi?
Por Nathali Macedo...<br />Qual o crime de Mônica Iozzi?<br /><br />Por Nathali Macedo<br /><br />Para Gilmar Mendes, nunca é demais provar que está contra as mulheres brasileiras.<br /><br />Primeiro, concedeu Habeas Corpus a Roger Abdelmassih, acusado por mais de 37 estupros, além de manipulação genética irregular.<br /><br />A corajosa atriz Monica Iozzi – a mesma que criticou a rede globo, emissora, ressalte-se para a qual trabalha – fez um post em sua conta do Instagram: “se um ministro do Supremo Tribunal Federal faz isso… Nem sei o que esperar…”<br /><br />Foi o que bastou para que Gilmar, condoído em seu ego – ego é, aliás, uma palavra que o judiciário brasileiro conhece bem – processasse a atriz (antes de atriz, cidadã brasileira, é bom lembrar), que foi condenada a pagar 30 mil reais de indenização por “danos à imagem do Ministro.” (O pedido inicial de Gilmar era de 100 mil.)<br /><br />A decisão, concedida por um juiz de primeiro grau, estava fundamentada no fato de Monica ter “extrapolado os limites do direito de expressão.”<br /><br />Por várias razões, esse argumento não cola. Iozzi nada mais fez do que expressar uma indignação comum à maioria das mulheres brasileiras.<br /><br />As vítimas expressaram essa indignação. Grupos feministas, em choque, reclamaram publicamente da decisão. Uma das vítimas do médico, aliás, chegou a declarar que “O maior estupro foi feito por Gilmar Mendes.”<br /><br />Iozzi não citou nomes, não proferiu ofensas pessoais, não alimentou discurso de ódio. Exerceu seu direito, como cidadã, de manifestar indignação diante de uma decisão que diz respeito a todas as mulheres brasileiras, sob o julgo de um judiciário notadamente machista. Onde estão as “ofensas à imagem do Ministro”, já que sequer seu nome fora citado?<br /><br />Então desde quando manifestar indignação é “extrapolar os limites do direito de expressão”? Extrapolar limites, pelo que sei, é xingar uma mulher de “safada e branquela azeda”, como fez Frota a Letícia Sabatella – e ninguém incomodou-se a ponto de processá-lo porque, ao que parece, à direita tudo é permitido.<br /><br />Isso sim pode ser compreendido como “ofensa pessoal.” Mas, se ela foi dirigida a uma mulher – pior: uma mulher de esquerda e que não faz parte da oligarquia judiciária – quem se importa?<br /><br />É patético que em um país em que um deputado defende abertamente o estupro e a homofobia, um “ator” de filmes pornográficos xinga e humilha mulheres (Sabatella foi apenas uma delas) e depois é convidado a sentar-se com o grupo seleto de golpistas brasileiros para deliberações sobre a educação do país, uma brasileira seja condenada por expressar indignação diante de uma decisão que agride a todas as outras brasileiras.<br /><br />O fato de Gilmar processar uma mulher que se manifestou diante de sua decisão irresponsavelmente machista não é só absurdo, é, antes disso, simbólico: representa o ódio, por parte do Judiciário brasileiro, às mulheres que falam – e, sobretudo, que podem ser ouvidas. Representa a ideia – provinciana, diga-se de passagem – de que membros do Judiciário brasileiro não podem ser publicamente criticados por suas posturas inadequadas – porque são e querem continuar a serem tratados como donos do país.<br /><br />Voltamos aos tempos do totalitarismo judiciário? Arrisco dizer que, na verdade, jamais saímos destes tempos.<br /><br />Ao participar ativamente do golpe, Gilmar parece ter esquecido que a Constituição Brasileira, em tese, ainda é democrática. Que ela protege a liberdade de expressão, vedando apenas o anonimato. Onde está escrito, na nossa Constituição, que discordar da decisão de um Ministro do STF gera indenização? Desde quando, Ministro, a Lei brasileira criminaliza a verdade?<br /><br />Desde quando a democracia deixou de existir, ele dirá. Um judiciário que conluia-se com uma direita sórdida para tomar o poder através de um golpe e que cospe na Constituição que deveria proteger, de fato pode qualquer coisa.Anonymousnoreply@blogger.com