quarta-feira, 30 de maio de 2018

MPE – Os malfeitos do Napoleão de Hospício




É vasto o elenco de malfeitos de Marcos Antônio Ferreira das Neves, o Napoleão de Hospício, cujas principais estripulias são resumidas abaixo.

Nomeação do namorado da filha e do sócio

O patrimonialismo que marca a administração de Neves começou com a nomeação como assessor de Gil Henrique Mendonça Farias, que fora reprovado em concurso público do MPE e cuja principal credencial exibida era ser namorado da filha do então procurador-geral, Mariana Silva Neves, alojada em uma sinecura no Tribunal de Contas do Estado, sobre cujas irregularidades o Ministério Público se mantém silente. Em seguida, ele nomeou assessor seu amigo íntimo, além de sócio e advogado, André Ricardo Otoni Vieira, por cuja permanência no MPE lutou com a determinação só comparável a de amante apaixonado. Vieira permanece abrigado no MPE, agora como assessor de Neves, depois que este deixou o cargo de procurador-geral.

Ação por improbidade, um escândalo à parte

A nomeação de André Ricardo Otoni Vieira teve ainda um escândalo à parte, o que provocou uma ação ajuizada pelo MPE, por improbidade administrativa, subscrita pelos promotores de Justiça Helena Maria Muniz Gomes, Domingos Sávio Alves de Campos, Firmino Araújo de Matos e Elaine Castelo Branco, da Defesa do Patrimônio Público e da Moralidade Administrativa.
Ao ser nomeado assessor do procurador-geral de Justiça, cumprindo as formalidades legais, Vieira declarou não participar da gerência ou administração de empresas privadas, de sociedade civil ou de comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário, nos termos do que dispõe o art. 178, VII e IX, da lei estadual 5.810/94/94 (Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos do Estado do Pará). Um ano e sete meses depois, descobriu-se, após denúncia do Blog do Barata, que ele era sócio gerente e administrador das empresas que mantinha em sociedade com Marcos Antônio Ferreira das Neves.
Mas não só isso justificou a ação movida contra Vieira. “Foi descoberto, ainda, que o requerido, advogado, com inscrição na OAB/PA sob o nº. 14.116, exerce a advocacia com regularidade tendo como ilustre cliente o próprio Procurador Geral de Justiça do Pará – Marcos Antônio Ferreira das Neves –, conforme se depreende das diversas petições e atos processuais juntados nas fls. 146 a 180, 192 a 197 e 199, muito embora esta atividade seja vedada aos servidores do Ministério Público, por incompatível com o serviço prestado a este Órgão Ministerial”, sublinha a inicial da ação movida pelo MPE.

Processado pelo próprio Ministério Público

Embora contando com a leniência da máfia togada para driblar as vicissitudes processuais, Marcos Antônio Ferreira das Neves passou pelo constrangimento de ser réu, por improbidade administrativa, em ação movida pelo próprio Ministério Público Estadual, por iniciativa da procuradora de Justiça Criminal Ana Teresa do Socorro da Silva Abucater, notabilizada pela coragem moral e perfil abrasivo. Na ação, ele foi acusado de se valer dos poderes do cargo para beneficiar com a “ilegal e imoral” nomeação, como assessor do procurador-geral de Justiça, André Ricardo Otoni Vieira, que também surgia como seu advogado, em ação de despejo, e que vinha a ser seu sócio na empresa Rota 391 Comércio Varejista de Combustíveis Automotores e Serviços Ltda. Por ser sócio-administrador em duas empresas das quais era sócio Neves - Rota 391 Comércio Varejista de Combustíveis Automotores e Serviços Ltda. e Couto da Rocha Construções e Serviços de Engenharia Ltda.-, André Ricardo Otoni Vieira não poderia ocupar cargo comissionado no MPE. Assim como, por ser assessor do procurador-geral de Justiça, também não poderia advogar, tal qual fez para Neves.

A falcatrua da Águia Net

Tudo isso foi chá pequeno, diante de um dos mais ruidosos escândalos da história recente do Ministério Público Estadual, que foi reajuste do contrato da Águia Net em mais de 100%, quando a lei 8.666 só autoriza o máximo de 25% (o valor licitado foi de R$ 490 mil e acabaram pagando mais de R$ 1 milhão).
Na esteira do corporativismo que habitualmente permeia o MPE, não há registro de apuração sobre a falcatrua, revelada na época pelo Blog do Barata.

PCCR da Alepa: o mistério do decreto legislativo 35/2015

Um capítulo à parte nos malfeitos perpetrados por Neves, como procurador-geral de Justiça, foi o embargo de gaveta imposta ao parecer do promotor de Justiça Domingos Sávio Alves de Campos, declarando inconstitucional o PCCR da Alepa, o Plano de Cargos, Carreira e Remuneração do Palácio Cabanagem. A explicação para o silêncio obsequioso do MPE, diante da imoralidade que representa o PCCR da Alepa, veio com as diligentes aprovações, pela Assembleia Legislativa, dos sucessivos trens da alegria promovidos por Neves, criando uma avalancha de cargos comissionados, tradicionais cabides de emprego.
Já em final de gestão, às vésperas da posse do novo procurador-geral, Neves protagonizou uma manobra caricata, ao assinar um parecer avalizando o imoral e ilegal PCCR da Alepa, a pretexto de que as aberrações detectadas supostamente teriam sido corrigidas pelo decreto legislativo nº 35/2015, sobre o qual ninguém sabe e ninguém viu, como a Conceição da canção célebre. Inusitadamente, quem consulta o banco de lei da Alepa, no site da Assembleia Legislativa, depara-se com a informação de que o decreto legislativo nº 35/2015 “aguarda publicação”, embora seja possível acessar os atos subsequentes a ele.

A farra de cargos do Gabinete Militar
                    
Outra estripulia de Neves foi a criação de um Gabinete Militar faraônico, superdimensionado para as necessidades do MPE, uma aberração quem ainda aguarda providências por parte do atual procurador-geral de Justiça, Gilberto Valente Martins.
O Gabinete Militar legado por Neves é repleto de PMs e bombeiros mantidos em funções burocráticas, em notório desvio de função, em detrimento da segurança pública, a despeito da escalada da criminalidade a qual se vê exposta a população indefesa, em Belém, em particular, e no Pará, em geral,.

A covarde omissão na ação contra Jatene

Mas o ex-procurador-geral de Justiça, Marcos Antônio Ferreira das Neves, conseguiu superar-se em matéria de ignomínias no episódio da denúncia, por improbidade administrativa, contra o governador Simão Jatene, a secretária estadual de Administração, Alice Viana Soares Monteiro, e o filho de Jatene, Alberto Lima da Silva Jatene, o Beto Jatene. A ação foi ajuizada pelo procurador de Justiça Nelson Medrado e o promotor de Justiça Militar Armando Brasil, diante da promiscua relação de Beto Jatene com o governo do pai, na esteira da qual parte da frota da Polícia Militar abastece nos postos de combustível do ilustre rebento, que entre 2012 e 2014 faturou, com isso, algo em torno de R$ 5 milhões.
Depois de subscrever os pedidos de informação a Simão Jatene, que simplesmente ignorou as solicitações do MPE, Neves simplesmente não só não subscreveu a ação, como sequer delegou poderes para Medrado e Brasil fazê-lo. Com isso, Neves simplesmente desautorizou a ambos e sordidamente blindou Jatene e seus comparsas. A situação foi tão patética, mas tão patética, que Medrado e Brasil, depois de protagonizarem uma aventura processual, ao ajuizar uma ação contra Jatene sem a competente delegação de poderes, chegaram a solicitar à juíza Kátia Parente Sena para intimar o então procurador-geral a se manifestar, para que pudessem processar o governador Simão Jatene, a secretária estadual de Administração, Alice Viana Soares Monteiro, e o filho de Jatene, Alberto Lima da Silva Jatene, o Beto Jatene.
A omissão de Neves custou a Medrado e Brasil a instalação de um PAD, a partir de representação de Simão Jatene ao CNMP. A delegação de poderes só veio tardiamente, na undécima hora do mandato do ex-procurador-geral, em um ato de vingança contra o governador tucano, por este ter optado por ungir Gilberto Valente Martins como o novo procurador-geral, em detrimento de César Bechara Mader Mattar, o assessor e candidato de Neves. Por insondáveis razões, nem isso minou a fidelidade de Medrado a Neves, mantendo-se incólume a amizade entre ambos, agora também unidos na inocultável hostilidade a Gilberto Valente Martins.

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