segunda-feira, 23 de outubro de 2017

ANA JÚLIA – Ex-governadora glamouriza opção pelo PC do B, releva erros do PT e faz arremedo de autocrítica

Ana Júlia Carepa: glamourização da opção pelo PC do B, apontada como
uma alternativa, diante do isolamento amargado entre a caciquia petista.

Na entrevista concedida ao jornal Diário do Pará, na qual tenta glamourizar sua opção pelo PC do B, o Partido Comunista do Brasil, após 30 anos de militância no PT, a ex-governadora Ana Júlia Carepa revela-se, mais do que nunca, a Ana Júlia Carepa de sempre, que se fez conhecer abertamente ao tornar-se inquilina do Palácio dos Despachos, entre 2007 e 2010. Refém da demagogia de palanque e compulsivamente superficial, por obtusidade ou oportunismo, ela faz um arremedo de autocrítica, minimiza os erros do PT, evitando abordar as falcatruas dos petralhas nos governos dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff, e tenta glamourizar sua opção pelo PC do B, na tentativa de retomar sua carreira política, após as derrotas eleitorais de 2010, ao tentar a reeleição como governadora, e de 2014, quanto disputou uma vaga na Câmara Federal. Ornamenta essa tentativa de ressurreição política um prometido livro sobre sua passagem pelo governo do Pará, sem que tenha sido revelado até aqui quem será o ghost-writer, um auxílio indispensável diante de sua parca intimidade com a palavra escrita. Esse projeto foi turbinado, naturalmente, pela sondagem eleitoral do Paraná Pesquisas, na qual a ex-governadora surge como a segunda opção dos eleitores, com 15,3% das intenções de voto, logo atrás do peemedebista Helder Barbalho, ministro da Integração Nacional, filho e herdeiro político do senador Jader Barbalho, o morubixaba do PMDB no estado e a mais longeva liderança política da história do Pará.
Na pesquisa - realizada de 28 de junho a 1º de julho deste ano, em 52 municípios, tendo sido ouvidos 1.500 eleitores, distribuídos em seis mesorregiões do estado, Baixo Amazonas, Marajó, Região Metropolitana de Belém, Nordeste Paraense, Sudoeste Paraense e Sudeste Paraense -, Helder Barbalho desponta com 34,4% das intenções de voto (Leia aqui). Chamou atenção, porém, previsivelmente, o bom desempenho de Ana Júlia, tanto mais surpreendente diante do ostracismo no qual ela submergiu, após o fracasso eleitoral de 2014, quando tentou uma vaga na Câmara Federal, projeto que retoma agora, ao migrar do PT para o PC do B. Uma dissidência do PCB, o Partido Comunista Brasileiro (originalmente PC do B, sigla da qual os dissidentes se apoderaram), o PC do B dos dias atuais, a despeito de eventuais alianças heterodoxas que conflitam com seu discurso, é uma legenda histórica, mas na mira da cláusula de barreira, que ameaça a sobrevivência da avalancha de partidos nanicos, em sua maioria siglas de aluguel. “O fato é que o partido corre riscos. Claro que qualquer partido pequeno corre risco, mas o PC do B tem uma história de mais de 90 anos. Eu me senti comprometida a vir para esse projeto ajudar”, trombeteia a ex-governadora, vendendo a imagem de uma personagem altruística, incompatível com seu perfil e seu passado. Ela passa ao largo do esvaziamento da sua liderança na legenda petista, na qual hoje pontifica no Pará o senador Paulo Rocha, a quem desconheceu solenemente em boa parte do seu mandato com governadora, instigada pelos seus luas pretas - o ex-marido, Marcílio Monteiro, pai da sua filha, o ex-cunhado, Maurílio Monteiro, e Cláudio Alberto Castelo Branco Puty, também conhecido como Pacheco, em alusão ao personagem de Eça de Queiroz farto em empáfia e parco em substância. Com o escandaloso auxilio da máquina administrativa estadual, Puty conseguiu eleger-se deputado federal em 2010, sem obter a reeleição, porém, em 2014, quando dependeu apenas de si e do PT.

Foi exatamente essa troika – Marcílio Monteiro, Maurílio Monteiro e Cláudio Aberto Castelo Branco Puty – que envenenou a relação de Ana Júlia Carepa com Jader Barbalho, o estrategista da sua vitória sobre o ex-governador tucano Almir Gabriel, em 2006, que tinha o apoio do seu sucessor, Simão Jatene (PSDB). Foi Jader Barbalho, inclusive, que tornou-a candidata ao governo, em articulação que teve como avalista o então presidente petista Lula. Instalada no governo, insuflada por seus luas pretas Ana Júlia manteve uma relação ambivalente com o morubixaba peemedebista, permeada por hostilidades mútuas, o que terminou por levar Jader Barbalho a patrocinar um apoio velado do PMDB ao tucano Simão Jatene, no segundo turno da sucessão estadual de 2010.

2 comentários :

Anônimo disse...

Parabéns pelo texto. Espetacular, para os que desejam se atualizar sobre os acontecimentos políticos no estado do Pará.

Anônimo disse...

kkkkk versão ciumenta do Barata, cada um conta sua versao hehehhe.