segunda-feira, 3 de outubro de 2016

ELEIÇÕES – Vitória de Zenaldo prioriza disputa de Simão Jatene com Jader Barbalho, em detrimento de Belém

Zenaldo Coutinho com Simão Jatene: vitória que mira muito menos em...
...menos em Belém e mais, muito mais, na disputa com Helder e Jader.

Pelo jaez e antecedentes de seu padrinho, o governador Simão Jatene, uma falácia pernóstica, e pelo próprio perfil do candidato, um vagabundo profissional e um gestor inepto, a vitória de Zenaldo Coutinho no primeiro turno da eleição para a Prefeitura de Belém representa uma demonstração de força do PSDB, que prioriza a disputa com o PMDB, em detrimento dos interesses de Belém. Mais que isso, evidencia as dificuldades que aguardam o senador Jader Barbalho para tornar bem-sucedido o projeto de fazer de Helder Barbalho, seu filho e herdeiro político, o governador do estado, na esteira do prestígio do pai, a mais longeva liderança da história política do Pará. Uma liderança de carisma colossal, capaz de sobreviver a sucessivas vicissitudes, a principal das quais o estigma de corrupto que a ele aderiu, a partir da súbita evolução patrimonial, capaz de torná-lo um próspero empresário, sem jamais ter tido um único emprego na vida, toda ela dedicada à política. Um figurino reproduzido com diferenças de grau, mas não de nível, nesse aspecto, por Zenaldo Coutinho, o meliante travestido de prefeito, e Helder Barbalho, o arrogante empedernido, que o prestígio do pai tornou ministro em governos politicamente díspares, apesar do currículo da mais absoluta irrelevância. Obviamente, nenhum deles se assemelha, nem de longe, ao fenômeno de resiliência política representado por Jader, que a despeito de tudo se constitui no único parlamentar das bancadas do Pará, tanto na Câmara como no Senado, efetivamente respeitado no Congresso Nacional como um interlocutor a ser necessariamente ouvido – para o bem ou para o mal.

Para além da clara utilização das máquinas administrativas estadual e municipal, da propaganda enganosa veiculada massivamente, do assistencialismo eleitoreiro da tucanalha - a banda podre do PSDB, a uma distância abissal das lideranças que estão na gênese do partido, na qual pontificam personagens da expressão de André Franco Monto, Mário Covas e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso -, a derrota de Edmilson Rodrigues certamente requer uma reflexão. Refazendo-se da perplexidade que o revés nas urnas causou, talvez convenha ao entorno do candidato do PSOL, e a ele próprio, refletir se o inesperado tropeço deste último domingo não aponta para um sinal de fadiga de uma narrativa atropelada pela realidade, de uma postura que mantém as esquerdas entre um muro que já ruiu e o futuro que o eleitorado reclama, até intuitivamente. O desafio, hoje, é certamente garantir o máximo de liberdade com um mínimo possível de desigualdade, sem tomar a eventual vitória eleitoral como um certificado de propriedade do eleitorado. Soa repulsivamente sectário estigmatizar o contraditório, tomar críticas como agravos, confundir adversários com inimigos, pretender dividir a sociedade entre “nós” e “eles”, um viés que assemelha as esquerdas ao fascismo ao qual pretensamente se opõem. Não há vilania da intenção de tirar a limpo matos de uma autoridade pública, até porque isso é um direito inalienável da sociedade. E quem recalcitra em assim entender fatalmente arca com o ônus da intolerância. Não por acaso, para citar apenas uma evidência desse descompasso entre retórica e realidade, a maioria dos candidatos que opuseram-se ao impeachment da ex-presidente petista Dilma Rousseff naufragaram nas urnas nessas eleições municipais, sinal de que o discurso sobre o suposto golpe não encontrou eco no conjunto da sociedade.

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