terça-feira, 11 de outubro de 2016

ELEIÇÕES – O marqueteiro de si próprio

Edmilson Rodrigues é, por assim dizer, o marqueteiro de si próprio, para o bem, ou para o mal. Talvez por isso os senões recorrentes.
Edmilson elegeu-se prefeito, em 1996, menos pelas eventuais virtudes do seu marketing eleitoral e mais pela exaustão do eleitorado, diante das baixarias da disputa paroquial entre o ex-governador Jader Barbalho e seu sucessor, o governador Hélio Gueiros, então rompidos e que mais tarde se reconciliaram, no vaivém próprio das conveniências à margem de princípios. Na contramão do sentimento da própria militância petista, que inicialmente nele não via o carisma exibido por sua vice, Ana Júlia Carepa, sua candidatura só despertou a onda vermelha na última semana do primeiro turno. Foi quando o Ibope revelou que Edmilson liderava as intenções de voto, à frente de Ramiro Bentes, do PDT, candidato de Gueiros, e de dona Elcione Barbalho, do PMDB, a candidata patrocinada pelo ex-marido, Jader Barbalho. Em 2000, já familiarizado com a máquina administrativa, dela valeu-se para obter a reeleição, certamente favorecido pela falta de substância das principais alternativas que a ele se contrapunham, Zenaldo Coutinho, do PSDB, que sequer chegou ao segundo turno, e Duciomar Costa, o nefasto Dudu, então no PSD, a deplorável reserva de contingência do Palácio dos Despachos, da qual era inquilino o tucano Almir Gabriel, pessoalmente honesto, mas cuja imagem de probidade acabou conspurcada pelo pragmatismo político.

Em 2004, o comando da máquina administrativa e o marketing eleitoral não foram suficientes para Edmilson Rodrigues fazer seu sucessor, a ex-vice e já senadora petista Ana Júlia Carepa, com a qual protagonizou um ruidoso rompimento, ainda no seu primeiro mandato como prefeito. Um rompimento provocado pela proverbial perfídia de Ana Júlia, que em 2002 elegeu-se para o Senado pelo PT, que simplesmente cristianizou Elcione Barbalho, do PMDB. O que resultou na eleição para o Senado de Duciomar Costa, o deplorável Dudu, já no PTB e que seria eleito, em 2004, e reeleito, em 2008, prefeito de Belém, com o apoio do PSDB. Em 2006, candidata a contragosto, Ana Júlia Carepa acabou eleita governadora, tendo como principal avalista e articulador político Jader Barbalho, o morubixaba do PMDB no Pará. A vitória de Ana Júlia serviu para Jader esfarinhar a liderança do ex-governador tucano Almir Gabriel e colocar-se de volta no proscênio do poder, mas não o livrou da recorrente perfídia de Ana Júlia, com a qual rompeu posteriormente, optando por apoiar o tucano Simão Jatene, no segundo turno da sucessão estadual de 2010. A presumível presunção de Jader Barbalho, de pavimentar o apoio do PSDB à futura candidatura ao governo de Helder Barbalho, seu filho e herdeiro político, não se consumou e Jatene obteve em 2014 seu terceiro mandato como governador. Sem luz própria e com Jader distante, em São Paulo, refém de graves problemas de saúde, privado do carisma e sagacidade do pai Helder Barbalho, que vencera o primeiro turno, sucumbiu diante do poder avassalador da máquina administrativa estadual no segundo turno.

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