sábado, 9 de abril de 2016

HISTÓRIA – Trajetória bem-sucedida, apesar do veto

O que torna algo singular a bem-sucedida trajetória de Ronaldo Passarinho é ter ele conseguido permanecer incólume diante das restrições feitas – sob as acusações de corrupção e tráfico de influência – pelo temível e implacável SNI, o Serviço Nacional de Informação da ditadura militar, que o Blog do Barata, com exclusividade, tornou públicas, com base em documentos disponibilizados pelo Arquivo Nacional de Brasília. Liberadas para consulta pública, as anotações do SNI sobre Ronaldo Passarinho são implacáveis e devastadoras, o que explica o porquê ter sido frustrada sua nomeação como secretário de Governo do recém-empossado governador Fernando Guilhon, cuja indicação teve como avalista justamente Jarbas Passarinho, o seu ilustre tio, que se notabilizou como paradigma de probidade pessoal.

A blindagem da qual se beneficiou Ronaldo Passarinho certamente se deve ao status de sobrinho dileto e fiel escudeiro do coronel Jarbas Passarinho, uma das lideranças reveladas pelo golpe militar de 1º de abril de 1964, corolário de uma polarização que dividiu o Brasil na época, diante da suposta ameaça comunista, estimulada pelo discurso belicoso das esquerdas e da postura tíbia do presidente João Goulart, o Jango. O golpe pavimentou a sinistra ditadura militar, só sepultada 21 anos depois, com a eleição no colégio eleitoral de Tancredo Neves (PMDB), primeiro presidente civil após o regime dos generais, que morreu sem ser empossado. Em lugar de Tancredo assumiu seu vice, José Sarney, cuja ascensão política ironicamente ocorreu durante o regime dos generais, em cujo ocaso se tornou dissidente. A condição de sobrinho dileto e fiel escudeiro do prestigiado tio certamente explica Ronaldo ter sobrevivido politicamente diante das recorrentes acusações de corrupção e tráfico de influência registradas pelo SNI, fonte dos implacáveis interditos proibitórios impostos pela ditadura militar, sob a qual ele fez carreira e a qual sempre defendeu veementemente.

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