sábado, 9 de abril de 2016

HISTÓRIA – “Negocista, abusando do nome do tio”

Eram devastadoras as restrições do SNI ao nome de Ronaldo Passarinho Pinto de Souza, referido pelas iniciais, RPPS, nas anotações do Serviço Nacional de Informação, como era de praxe. “Continuam atuais as referências feitas, em 1970, sobre RPPS de que era negocista, dedicado a advocacia administrativa junto ao Basa, abusando, não raramente, do nome do seu tio JGP. RPPS procura tirar proveito político do fato de as nomeações de órgãos federais no Pará estarem sendo feitas por indicação do seu tio, como as de UCC para o Basa e de ES para a Sudam. Fala-se a boca pequena que muitos projetos, para serem aprovados pela Sudam, tem antes que passar pelo escritório de RPPS, onde é cobrada uma comissão de 10 por cento, que diz se destinar à campanha política do PDS”, assinala uma das anotações, datada de 25 de abril de 1982. A anotação menciona Jarbas Gonçalves Passarinho, o JGP, o prestigiado tio de Ronaldo Passarinho, e alude às nomeação de Ubaldo Campos Corrêa, o UCC, para o Basa, o Banco da Amazônia S/A, e de Elias Sefer, o ES, para a Sudam, a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia, ambas feitas sob o aval de Jarbas Passarinho. Ubaldo Campos Corrêa, um ex-deputado com reduto eleitoral em Santarém, foi presidente do Basa de 30 de abril de 1981 a 8 de abril de 1985. Elias Sefer, notabilizado pelo perfil autoritário e iracundo, foi superintendente da Sudam de 15 de março de 1979 a 2 de abril de 1985.

Em registro de 6 de abril de 1971, o SNI aponta a utilização do tráfico de influencia por Ronaldo Passarinho, para turbinar suas atividades empresariais, valendo-se do prestígio do tio ilustre, Jarbas Passarinho. “RPPS participa das empresas Cerâmica Marajó S/A e Tecefatima S/A, às quais o Basa concedeu facilidades financeiras anormais, obtidas através de gestões feitas pelo nominado, aproveitando-se indevidamente do prestigio do seu tio, JGP, para fazer tráfico de influência. FLN, presidente do Basa, durante a apuração dos fatos, tentou proteger RPPS, com quem tratava pessoalmente dos interesses daquelas empresas”, acentua a anotação, que menciona o presidente do Banco da Amazônia na época, Francisco de Lamartine Nogueira, o FLN, cuja gestão foi de 11 de abril de 1967 a 27 de abril de 1971.

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