sexta-feira, 5 de junho de 2015

SEGURANÇA – O editorial do Diário

Segue abaixo a transcrição, na íntegra, do editorial do Diário do Pará, publicado na edição desta sexta-feira, 5, do jornal do grupo de comunicação da família do senador Jader Barbalho, o morubixaba do PMDB no Estado.

O Pará quer paz!

O Pará cansou da valentia de rede social e de palanque. Quer atitudes concretas. Cansou de ver números que teimam em brigar com a realidade. Cansou da dor de quem perde alguém da família ou se transforma em mais uma vítima dessa violência desenfreada e sai de casa e nunca sabe se volta. O Pará quer ação.
Quer saber porque é tão difícil para o governador – que vai a uma rede social para mais uma vez fazer o que vem fazendo há anos: transferir as suas responsabilidades sobre os problemas do Estado para os adversários políticos e para o governo federal – aceitar ajuda, de onde quer que ela venha, para melhorar a segurança dos paraenses. E, ao invés de fazer isso, o governador ataca quem tenta colocar o Pará acima de tudo.  O povo está cansado de ser dividido entre os que são a favor disso ou daquilo, desse ou daquele político, entre os que se beneficiam e os marginalizados. O Pará está cansado de ser dividido entre os que sofrem e os que ignoram esse sofrimento. E quem faz essa divisão, geralmente, é quem pode fazer alguma coisa para mudar o cenário, que nesse caso é o governador.
Depois de tirar os seus óculos com o qual via tudo com cores de tranquilidade e o clamor da sociedade como “mimimi” de classe média – talvez por contar com um enorme aparato de segurança, pago por todos os paraenses, para si e para a família – o governador resolveu romper o silêncio que gritava há algum tempo. Talvez seja porque, depois de ver o povo indo às ruas para se manifestar contra o aumento absurdo da violência, ele tenha percebido que já não adiantava fingir que nada estava acontecendo.
Dessa vez, ele extrapolou em sua tentativa de culpar terceiros pelo caos que se instalou no Pará e incluiu a imprensa no rol dos culpados.
Governador, contra a realidade da violência desenfreada, não há ação política ou midiática que diminua a força da opinião popular. Se fosse assim, bastaria escrever meia dúzia de notícias para que o número de assassinatos e assaltos fosse reduzido. O que o governador quer é tentar calar a imprensa que não depende do seu governo e minimizar a importância das notícias que ela publica, imaginando que com esse silêncio a população ficará mais segura. Calar a imprensa é expediente típico dos regimes antidemocráticos e nada transparentes. Como, aliás, tem sido o governo de Simão Jatene. O DIÁRIO DO PARÁ, a RBATV e a Rádio Clube não vão se intimidar. Temos uma história de serviços prestados ao Pará. Apenas noticiamos a realidade que se vê nas ruas, nos bairros e nas cidades. Somos o jornal mais lido no Estado, fruto da independência do governo. E deve ser pela nossa independência que incomodamos tanto o governador.
No texto divulgado por Jatene, há um trecho que diz que a violência tornou-se uma doença nacional, o que “não diminui nossa responsabilidade, pelo contrário, aumenta... fortalecendo a percepção de que só a cooperação honesta e sem politicagem entre União, Estados e Municípios, apoiada numa forte colaboração da sociedade, pode nos levar a bons resultados.”
O governador deveria explicar o que entende por politicagem e por cooperação honesta. É honesto recusar uma ajuda de que claramente o povo do Pará precisa e colocar a culpa na ação dos que foram humildemente pedir esta ajuda do governo federal? É honesto chamar de politiqueiras as pessoas que o ajudaram a se eleger governador, mas que deixaram as suas convicções políticas de lado para realizar um trabalho que é de Jatene, como o deputado Éder Mauro? Ele estava no grupo que colocou os interesses do Pará acima de todos os outros e foi pedir a ajuda do governo federal, juntamente com outros integrantes da bancada do estado no Congresso Nacional e com o ministro Helder Barbalho.

O Pará quer explicações.

Por que o governador se recusa a aceitar ajuda federal? É por orgulho? Mas qual o orgulho em ser um governador que condena a sua população ao sofrimento? Nossas fronteiras estão abertas. Por elas entram as drogas e as armas que aterrorizam a população, como ele mesmo afirma, mas por que Jatene devolve ao Governo Federal os recursos do Enafron, programa que dá dinheiro e material para combater a violência no Estado? Por que, ao receber outras ajudas do Governo Federal na área de segurança, o Pará tem tanta dificuldade em prestar contas e continuar sendo auxiliado?
Estes fatos não são frutos de uma campanha da imprensa independente. São fatos do governo Simão Jatene. E não reconhecer isso é que é a grande agressão à inteligência das pessoas. A imprensa não puxa gatilho. Bandidos agindo livremente, sim.
O Pará deve estar acima de tudo. As discussões políticas sobre as preferências eleitorais de todos têm hora marcada para acontecer. Mas foi justamente a postura de reduzir toda e qualquer crítica ou ação, a uma questão eleitoral, como o governador diz, que nos trouxe a este estado de coisas. Com a violência fora de controle, com educação inexistente e saúde inoperante, não vamos a lugar algum. E se estes são fenômenos federais por que não trazer o governo federal em nosso auxílio?
O governador deveria tomar uma atitude, e rapidamente. O Pará está entregue à própria sorte. E o governador, definitivamente, não pode culpar a mais ninguém pela dificuldade em melhorar a vida dos paraenses, a não ser a ele mesmo.
O que o povo quer, governador, são atitudes concretas a respeito de um assunto sério. O Pará quer paz.

O tempo está passando e o Pará espera uma ação. Qualquer ação.

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