domingo, 7 de junho de 2015

MENSALÃO – O escândalo, 10 anos depois



“Havia mesada. A Lava Jato agora clareou isso. Por respeito à decisão do ministro [Luis Roberto] Barroso, eu só posso falar do passado. Mas o [Alberto] Youssef fazia pagamento mensal para vários deputados de partidos da base. Era aquilo que havia na época. As malas chegavam com R$ 30 mil, R$ 60 mil, R$ 50 mil. Não se comprovou porque não fotografaram.”
A declaração é de Roberto Jefferson, em entrevista à Folha de S. Paulo, na qual o ex-deputado do PTB oferece sua versão sobre as origens do mensalão, que completou 10 anos neste sábado, 6. O escândalo teve como estopim uma entrevista de Jefferson à própria Folha de S. Paulo, na qual o ex-deputado escancarou a compra de votos, com recursos públicos, para garantir o apoio parlamentar aos projetos de interesse do governo do ex-presidente Lula. Um dos condenados pelo STF, o Supremo Tribunal Federal, em decorrência do mensalão, ele cumpre atualmente prisão domiciliar e segue administrando um câncer de pâncreas.
“Decidi dar a entrevista porque tinha sido vítima de uma matéria que deflagrou o processo da minha cassação. Aparecia um funcionário dos Correios, Maurício Marinho, recebendo R$ 3 mil e dizendo que era para o PTB. Era uma pessoa com quem eu não tinha nenhuma relação”, conta Jefferson. “Virei o grande vilão nacional por R$ 3 mil. A matéria foi feita por encomenda da Casa Civil [então chefiada por José Dirceu]. Nós identificamos imediatamente de onde veio.”

De resto, ele é definitivo sobre o modus operandi petista. “O PT impôs ao país o padrão Fifa da corrupção”, fulmina. E diz não se arrepender da denúncia que o levou à prisão. "Eu sabia o que ia acontecer e estava preparado. Não tenho nenhum arrependimento. Zero. Só não gostaria de fazer de novo, de sofrer isso tudo outra vez", arremata.

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