quinta-feira, 28 de maio de 2015

REMO – Entenda os bastidores do imbróglio

A gestão compartilhada, como alternativa para aplacar a crise na qual submergiu o Clube do Remo é, a priori, saudável. Desde que o acordado seja cumprido por Pedro Minowa, que se revelou, até aqui, um presidente algo abúlico e, por isso, frequentemente omisso. Quando assumiu as responsabilidades do cargo, o fez de uma forma precipitada. Desse explosivo coquetel resultaram as graves suspeitas de improbidade que pontuam sua administração, em uma cenário que sugere uma gestão temerária.
Em tese, pela possibilidade do Condel, o Conselho Deliberativo, pinças nomes respeitáveis, de credibilidade e efetivamente comprometidos com os interesses do clube, a opção pela gestão compartilhada descortina perspectivas animadoras para o Remo. Dependendo, naturalmente, da determinação de Minowa em realmente acatar a partilha do poder. Até aqui, segundo recorrentes relatos, ele se revelou uma caixa-preta como interlocutor. Eufemismos à parte, isso significa dizer que os antecedentes não credenciam Minowa como um interlocutor confiável. Esses mesmos relatos sublinham que não faltaram apelos, ponderações, advertências, para ele bem gerir os interesses do Remo, que Minowa ouviu sem aparentemente objetar, mas aos quais não acatou. Por isso, possivelmente, o ceticismo por parte de parcela de alguns cardeais azulinos. Não por acaso, o advogado Antônio Carlos Pinheiro Teixeira, uma liderança histórica do Remo, descartou, a priori, a possibilidade de vir a assumir o Departamento de Futebol azulino.
Mas o ceticismo em torno da alternativa da gestão compartilhada não deriva, apenas e tão-somente, da parca credibilidade de Pedro Minowa. O precedente histórico não é exatamente animador. Em 2004, quando o Remo foi rebaixado para a série C, o médico Ubirajara Salgado, um respeitável grande benemérito do clube, protagonizou uma gestão compartilhada com Ronaldo Passarinho Pinto de Souza, o ex-deputado que fez carreira política turbinado pelo status de sobrinho dileto e fiel escudeiro do ilustre tio, o coronel Jarbas Passarinho, uma liderança revelada pela ditadura militar. A experiência, naquelas circunstâncias, revelou-se tão desastrosa que, para a imprensa, Ronaldo Passarinho Pinto de Souza assumiu a responsabilidade pelo rebaixamento do Remo, em entrevista concedida a O Liberal. Com isso, poupou para a posteridade, de alguma forma, Ubirajara Salgado, um dirigente com relevantes serviços prestados ao clube e que como presidente destacou-se pela conquista do tricampeonato estadual obtido com os títulos de 1989,1990 e 1991.
A história, dizem, só se repete como farsa. Se assim for, resta aos azulinos torcerem para que, no caso da gestão compartilhada, o Remo possa ser a exceção à regra.

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